AROMAS E DÚVIDAS
Liza
O vento se mesclou a um aroma que não podia vir da janela de meu quarto, pois a fechei antes de deitar. Era o perfume dele. Sedutor, masculino e envolvente.
A fragrância se misturou ao cheiro de grama, minhas mãos tocaram algo pontudo, minhas costas se apoiavam em algo firme como madeira. Abri os olhos, confusa no primeiro instante, depois sorri com a vista. Eu estava no Penhasco, sentada sob a sombra da árvore. Eu tive outra vez aquela impressão de estar finalmente acordada quando vi Nathaniel se aproximar. Ele usava jeans preto com uma camisa branca de algodão, deixando nítidos seus músculos. Deliciei-me com a vista. Antes que tivesse tempo de falar ou me mover, ele sentou-se ao meu lado e me surpreendeu ao me abraçar. Suas feições eram de uma sincera alegria e conforto por me ter em seus braços. Ele demonstrava sentir a mesma saudade que eu. Encarei-o. Com o rosto colado em seu peito morno e musculoso, retribuí o sorriso. Já sentia-me como sempre. Meu estômago dava cambalhotas, mal conseguia respirar e quase conseguia ouvir meus batimentos.
É agora! Preciso perguntar a ele! Mas o que eu queria saber mesmo? Não consigo me lembrar.
Lutei para localizar as perguntas que havia organizado mentalmente. Ele roçou suavemente seus lábios pelo meu pescoço, e fez o contorno até meu ombro. Eu me arrepiava a cada movimento, incapaz de me mover. Minha mente nublou. Foi impossível me concentrar no que eu desejava saber.
— Você está cheia de dúvidas hoje. — Nathaniel afastou meu cabelo. Senti os dedos dele passeando levemente por minha nuca. Um arrepio percorreu a minha espinha. — Por que estava tão irritada esta tarde? — perguntou ele, segurando meu rosto entre as mãos. — Você fica linda quando me olha desse jeito, sabia?
Seu tom era de quem se divertia. Como ele poderia saber de tudo isso?! Eu devia realmente estar com uma expressão engraçada. Porque não consegui me mover ou sequer falar, ao ser tocada com aquela suavidade intensa. Todos os meus sentidos se tornaram mais aguçados, e meus instintos, dominavam meu raciocínio. Cada poro de minha pele, reagia a cada toque.
— Como você sabe disso? — Finalmente encontrei minha voz.
— Eu pensei que você também tivesse me visto hoje à tarde. — Nathaniel me fitou hipnoticamente, desceu o indicador por meu rosto e contornou a minha bochecha. Senti-me corar. — Estou deixando você tímida? — acrescentou, ao ver meu rosto vermelho.
Ele aparentava ter a mesma dificuldade que eu em manter o foco como se nada mais importasse.
— Então aquilo não foi a minha imaginação? Não estava sonhando acordada? — Mesmo ciente da minha pergunta soar idiota, aproveitei enquanto conseguia falar. Os olhos dele me entorpeciam. As esmeraldas reluziam tão intensas que cheguei a acreditar que poderiam enxergar por dentro de mim.
— Não, nós nos vimos. Suas emoções dominavam sua mente. Para ser sincero, fiquei um pouco surpreso quando percebi o que você conseguiu fazer. Mas acho que deveria ser até meio óbvio para mim, que você pudesse fazer isso. — Deu de ombros, como se falasse do clima.
Eu não entendi nada.
Eu poderia fazer o quê? O que deveria ser óbvio para ele?
Isso é real? Eu não estou sonhando?
— Nathaniel... — era tão bom poder dizer seu nome em voz alta, tornava as coisas mais reais. — Você pode ser um pouco mais claro? Eu ainda me sinto como se estivesse sonhando. As duas partes da minha vida se confundem. Minha vida em casa parece ser um sonho, e aqui, a minha realidade. Mas às vezes, acontece ao contrário, e os lados se invertem.
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O Penhasco - Livro 1 - Completo
FantasySinopse: "Teria sido uma noite como qualquer outra, se ele não tivesse aparecido. E se eu não estivesse completamente sozinha. Com um estranho em um Penhasco e sem lembrar de como fui parar ali. Me assustei quando ele se materializou à minha frente...