Capítulo 55

7.8K 614 92
                                    

UMA NOITE JUNTOS

Liza

Nate e eu deixamos o Penhasco e deitamos em silêncio no meu quarto. Nate, mantinha suas sobrancelhas franzidas, admirando o teto. Havia acabado de me contar sobre as confidências de irmã Daiana, quanto ao Guardião e a visão de seus pais, o motivo do desmaio. Imaginei o medo se instalando em mim, inevitável e invisível, como o ar à minha volta, mas isso não aconteceu. Eu só conseguia ouvir as palavras do diário, vinham pela voz de minha mãe, incendiavam meus pensamentos. As chamas crescentes desciam por trás de meus olhos até minha garganta e ali, travavam minha fala. Não poderia contar a ele, não agora. Já havia coisas demais a entender e o tempo era escasso.

Eu brincava com seus cabelos em meus dedos, tentando acalmá-lo ou distraí-lo, torcendo para que o efeito também chegasse até mim.

— Nate, sabe o que eu adoraria que fizéssemos?

— Hum? — Ele se virou de lado na cama.

— Que passássemos uma noite juntos. Somente você e eu, e esquecêssemos o resto do mundo. Pelo menos por uma noite.

Eu sentia que o perdia a cada amanhecer. Ele ficava cada vez mais distante e eu não podia suportar a ideia de não tê-lo. Eu podia notar que havia algo que ele me escondia. Algo responsável por fazê-lo se sentir culpado. Seu olhar me dizia isso, nossa separação se aproximava. Por um instante, temi que fosse me dizer não. Ele sorriu para mim e passou o dedo por meus lábios.

— Era exatamente nisso que eu pensava, Liz. Tem mais uma coisa, eu quero te fazer um convite.

Não contive meu entusiasmo e me sentei na cama. Ele riu de minha reação.

— Gostaria de te convidar a passar uma noite em minha casa. — Nate sentou também e acariciou minha mão.

Meu batimento disparou. Talvez fosse somente minha imaginação... Ou havia uma insinuação naquele convite? Eu gostaria que sim, eu o desejava tanto que temia atropelar o momento e agir completamente desajeitada, como na maioria das vezes.

Será que eu estou pronta?

O sangue pulsou forte em minhas veias, meu rosto esquentou. Eu acabava de corar envergonhada por meus próprios pensamentos. Ele poderia sequer ter pensado nisso, no entanto, eu, a humana, tentaria corromper o anjo. Ri dessa ideia.

Nate tossiu e exibiu o sorriso torto que eu amava.

— Liza? Então? — Ele me encarou com ar de quem se divertia. Pois obviamente sentiu tudo que eu acabava de sentir, não precisava me perguntar.

— Você sabe que sim.

— Vou preparar tudo para hoje.

— Hoje à noite? — De repente, me assustei. Minhas mãos ameaçaram suar pelo nervosismo. Eu planejava me entregar para ele há meses, a perspectiva de saber que seria em poucas horas gelou meu estômago.

— Prefere que seja outro dia? — Nate soltou minha mão para acariciar minha nuca. Um calafrio morno desceu por minhas costas.

— Não, hoje à noite.

— Então vou pedir mais uma coisa. Digo logo que se não o fizer, não será essa noite. — Ele fechou o rosto imediatamente pela ideia que lhe ocorreu.

— Acho que faço uma ideia.

— Pode, por favor, me esperar quietinha no Penhasco? Buscarei você quando tiver terminado.

Eu olhei-o enfezada por saber que acabaria cedendo como era de costume, e passaria o dia inteiro ansiosa no Penhasco.

— Prometo que não irei demorar. — Nate me levantou e me colocou sentada em seu colo, meu corpo ficou mole. — Por favor — insistiu em meu ouvido, e subiu os lábios para beijar lentamente meu rosto. Depois desceu e espalhou beijos até o meu queixo.

O Penhasco - Livro 1 - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora