DONS
Liza
Contei a Nate sobre a previsão da cartomante. Pensei que ele fosse gritar comigo, me censurar, mas simplesmente me abraçou, ligeiramente assustado. Como se minha revelação apenas confirmasse um fato já conhecido por ele.
Aninhei-me no peito dele, e as lágrimas desciam pelo meu rosto contra a minha vontade. Encharcavam a sua blusa, mas seu perfume e o calor de sua pele contra a minha, me mantinham inteira.
Eu relaxava à medida que deixava o morno me invadir, já cansada de tanto chorar.
Ele falou entusiasmado:
— Tenho uma ideia. Acho que mesmo que não a faça se sentir melhor, vai te distrair.
— O quê? — Perguntei já interessada. Qualquer coisa que o animasse daquele jeito, poderia fazer o mesmo por mim.
— Vou te mostrar algumas coisas que sou capaz de fazer. Você quer ver?
— Claro que eu quero!
A simples ideia mencionada me distraiu. Confesso que morria de curiosidade, mas temia magoá-lo pedindo que me mostrasse. Ele mesmo, ainda sabia pouco sobre seus dons.
Ele riu, parecendo satisfeito com a minha reação. Pegou as minhas mãos, entrelaçando-as nas suas.
— Feche os olhos e respire fundo, Liz.
Obedeci e senti o Penhasco girar à minha volta. Ao abri-los, estávamos na praia mais linda que já vi.
Nate me observava com expectativa. Suas esmeraldas reluziam com o magnífico por do sol. Nuances rosadas se espalhavam entre as pequenas ondas no mar. Onde o sol ainda batia, vislumbrei o azul turquesa da água cristalina. Já a visão no horizonte, essa eu gravaria na memória. Havia dois montes, altos e formados por pedras, que pareciam se abraçar como dois amantes fariam em uma despedida. Com os braços esticados um em direção ao outro, lutando para diminuir a distância entre si.
Eu me virei para olhar Nate. A reação que tive aos montes de pedra era a mesma que ele tinha a mim. Parei de respirar. Seus olhos, estavam cinza. Ele aproximou seu rosto do meu. Inclinei-me para beijá-lo, mas ele sussurrou em meu ouvido com ar divertido:
— Está pronta?
Eu tinha me esquecido completamente do motivo que nos trouxe ali. Assenti.
— Então, sente-se por favor. — Ele fez uma mesura, indicando a árvore atrás de mim.
Algo que eu jamais esperaria aconteceu: O galho mais alto da árvore se curvou perfeitamente até onde eu estava e me serviu de banco.
Perdi as palavras. Sentei-me sem muita confiança. Nate segurou minhas mãos e riu de minha reação assustada. Depois ele as soltou e andou em direção ao mar. Embora eu visse, ainda não conseguia acreditar no que estava bem diante de meus olhos.
Nate manipulou a água do oceano. Centenas de pequenas ondas surgiam de forma irregular no horizonte. Antes de me dar conta, eu me vi de pé ao seu lado, andei até ele atraída por seu magnetismo.
As ondas se uniram e se elevaram uns dez metros acima da superfície. Achei por um instante, que fossem cair voltando até o mar, mas permaneceram estáticas, flutuando acima da água. Abri a boca, estupefata. Pareceram-me vários segundos, até uma onda menor surgir na margem e a água subir como um braço até a altura do meu rosto. A água tocou minha bochecha em uma carícia e voltou ao mar, onde a onda gigante agora descia lentamente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Penhasco - Livro 1 - Completo
FantasySinopse: "Teria sido uma noite como qualquer outra, se ele não tivesse aparecido. E se eu não estivesse completamente sozinha. Com um estranho em um Penhasco e sem lembrar de como fui parar ali. Me assustei quando ele se materializou à minha frente...