Capítulo 71 - FIM

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MiOSÓTIS

Nathaniel

Eu me vi em outro cemitério, não era o Jardim dos Anjos.

Estava vivendo o meu pior pesadelo. Encontrei o meu purgatório.

Falhei desgraçadamente.

Disse a mim mesmo que não viria, mas precisava vê-la uma última vez.

O dia estava lindo, morno com uma brisa fresca. Como os dias que passamos no Penhasco.

Eu senti a natureza viva à minha volta. Respirei o perfume fresco das flores.

Virei à direita em um mausoléu e os avistei. Um grupo de pessoas usando ternos e vestidos pretos, todos carregando buquês de rosas.

E lá estava ela. No meio deles. Em seu repouso eterno. Minha Liza. Minha Ágape.

Minha salvação, transformada em ruína.

Deus, meus dons servem apenas para me causar sofrimento.

Estou condenado a esse tormento.

Ainda a sinto viva. Ouço seu batimento. Fecho os olhos e posso sentir a maciez de sua pele. Não posso viver essa morte. Não suportarei essa vida sem Liza.

Joguei o ramo de Miosótis que eu segurava no gramado. Seria inútil. Seria eu quem jamais a esqueceria, condenado à saudade eterna.

Lembrei-me de sua voz, de seu rosto sorrindo para mim:

"Para esquecer você, Nathaniel, eu teria que esquecer de mim mesma."

Caí de joelhos antes de chegar até ela e me entreguei à minha ruína:

— Me perdoe, Liza, pois não lhe contei tudo que sei. Me perdoe por ter chegado tarde. Te amarei mais mil vezes, mil vezes mais a cada vez.

***

Duas semanas depois...

Liza

Franzi o cenho para o quarto claro. A luz fria incomodava meus olhos.

Que lugar é esse?

Não era um quarto, percebi olhando para baixo. Eu estava deitada em uma cama de hospital.

Estiquei o braço esquerdo e vi uma agulha espetada em minha mão, de onde saía um tubo de plástico, até o que deduzi ser uma bolsa de soro atrás de mim.

Olhei debaixo do lençol e vi que não vestia nada além de um avental verde.

Comecei a suar frio.

Será que passei por alguma cirurgia? O que está acontecendo?

Uma angústia se apossou de mim. Meu peito se comprimiu.

Havia alguém, ou alguma coisa que eu precisava fazer desesperadamente, mas não me lembrava o que era.

Passei a mão pelo meu pescoço e massageei-o em uma tentativa de me acalmar. Senti uma corrente fria. Puxei-a de dentro do avental. Havia um pingente no centro, feito com duas asas de anjo, uma dourada e uma prateada.

Senti-me mais calma naquele instante. Parecia-me familiar.

De qualquer maneira, eu usava-o antes de perder a memória.

Eu queria me lembrar, mas nada vinha!

O som abafado de um tiro. Vultos no escuro. Sangue. Cheiro de algo queimando. Meu nariz ardeu com o cheiro de sal, de terra e de orquídea.

O aparelho que marcava os meus batimentos disparou. Uma enfermeira entrou correndo no quarto.

— Você acordou, querida. Tente manter-se calma — ela pediu afagando a minha mão. — Vai ficar tudo bem.

— Mas eu não me lembro de nada! Nada! — Eu berrei, me deixando levar pelo pânico.

Uma mão quente e macia pousou sobre a minha testa, o que me acalmou instantaneamente.

— Rapaz, você deveria estar de olho nela! — a enfermeira repreendeu alguém como se este fosse uma criança.

— Desculpe. Acho que dormi demais.

Eu sequer havia notado uma poltrona atrás de mim, na cabeceira à direita de minha cama. Ele me olhou e sorriu. O aparelho delatou que meu coração acelerou novamente. Sorri de volta.

— Ethan! — Segurei a mão dele. — Eu não me lembro de nada! O que aconteceu comigo?

— Calma, Liz. — Ele me envolveu em seus braços. — Você vai ficar bem.

— Não me lembro nem do meu nome, só me lembro de você — solucei. Lágrimas desceram pela minha face, molhando a blusa dele.

— Shhhhh... Teremos todo o tempo do mundo para responder suas perguntas. E seu nome é Elizabeth Ninot, mas você prefere Liza.

— Onde estamos?

— No hospital Roosevelt, em Nova Iorque.

***

Ethan

Ethan sabia que a voz havia falhado. Algo deu errado em seu plano. A voz ainda não havia assimilado onde exatamente cometeu o erro durante o ritual, mas não iria desistir, não agora que conseguiu o principal: a garota.

Ela era a peça chave, porque, ou para quê, ele não entendia direito.

Mas suspeitava. Descobriu um segredo no Jardim dos Anjos, algo que seu pai tentou contar à Liza, mas não pôde, já que a voz se apressou em acabar com o homem. Um segredo que já estava enterrado. Então, só restava a Ethan uma saída: Encontraria uma forma de visitar o túmulo dos pais dela e deixaria uma mensagem àquela garota. Mas a voz não poderia desconfiar, não poderia saber.

Sua consciência era muito debilitada. Em alguns momentos, Ethan já não sabia mais distinguir se era ele ou a voz falando, pensando.

Na verdade, ele quase desistiu. Seu corpo acompanhava o débil raciocínio. Isso até ouvir a quase confissão do seu pai.

Essa é minha única chance de libertação, mas nem sei por onde começar.

Libertar-se do sangue, do escuro, do enjoo, da repulsa por seus atos, era o que lhe trazia esperança. Mesmo se a morte fosse necessária. E talvez ele encontrasse redenção pelo mal que causou a Isadora.

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Gennnnnte, chegamos ao fim! ='(  Agora só falta o capítulo extra e o epílogo a seguir.

O PENHASCO É O PRIMEIRO LIVRO DE UMA TRILOGIA E A CONTINUAÇÃO JÁ ESTÁ AQUI NO WATTPAD. ADICIONEM NA BIBLIOTECA DE VOCÊS: O TEMPLO. EM BREVE INICIAM AS POSTAGENS

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