Capítulo 56

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O DIA DA OFICINA

12 de junho, 1999 — Los Angeles , Califórnia

Paul

Paul começava a se preocupar com a demora de Marie, enquanto Gilbert trabalhava concentrado no carro. Às vezes, ele achava que a mulher possuía o dom de se perder. Após uma hora ali esperando, sentiu-se estranhamente sufocado dentro daquela oficina. Devia ser preocupação.

Pediu a Gilbert que a fizesse esperá-lo caso retornasse antes dele, e saiu à procura dela.

Estavam em uma zona estranha de Los Angeles, ruas escuras e becos vazios. Por Deus, não deveria tê-la deixado sair sozinha. É claro que estaria vagando sem saber onde se encontrava.

Acelerou os passos e se sentiu andando em círculos, as ruas pareciam ser as mesmas. Não era possível. Virou em uma esquina que lhe pareceu diferente e ouviu passos. Andou um pouco mais e viu a silhueta de uma mulher. Finalmente, Marie. Quase correu para alcançá-la. Gritou seu nome, mas ela não escutou, andava cada vez mais rápido.

Ele corria agora, ela também.

— Marie!!! — gritou novamente.

Desta vez ela ouviu. Virou-se e começou a andar na direção de Paul. Ele respirou, aliviado, e se apoiou nos joelhos, esbaforido.

Ergueu o tronco quando ela se aproximou, mas aquela não era sua esposa. Que estranho. Ele poderia ter jurado...

— Desculpe, acho que a confundi com minha esposa.

A mulher encarou-o séria, parecia irritada. Usava vestes estranhas. Uma espécie de robe que lembrava o manto dos feiticeiros dos filmes. A seda azul marinho refletia a pouca luz naquela rua. Paul, de repente, não pôde evitar de notar as curvas da mulher. O corpo dela o atraía como um ímã. A mulher bufou e desamarrou o robe. Deixou a seda escorregar por sua pele antes de se amontoar no chão. Paul achou aquele corpo o mais belo que já viu. Ela estava de corpete preto e meias da mesma cor. Pernas bem torneadas, quadris largos e um estreitamento brusco na cintura. Acima, vislumbrou os belos seios, cheios, redondos. Ela soltou os cabelos que mantinha presos em um coque. Eles desceram a sua volta como veludo negro, até os pés. Seus lábios carnudos e vermelhos sorriram para Paul, sussurraram seu nome.

Tentou se mover em sua direção. Não conseguiu. Sentia-se fisgado, paralisado. Uma soma de temores se acumulou em seu estômago, quando sua razão lhe obrigou a recobrar a consciência.

Marie deveria estar à sua procura, precisava encontrá-la.

Uma soma de lembranças enterradas no passado voltavam para cumprir sua ameaça. Paul, enfim, compreendeu. Marie estava certa sobre a data. Sua filha completou vinte e um anos na noite anterior. Foi sempre ele quem mais duvidou. Usava a descrença e essa viagem como última esperança. Mas, pelo visto, não conseguiria cumprir seu propósito. Seu tempo para libertar Liza havia se esgotado.

A mulher sedutora andou ao redor dele. Acariciou-o como um predador faria à sua presa antes do ataque.

— Olhe para mim, Paul — sussurrou com uma voz encantadora, hipnótica. E obedecer foi tudo o que ele pôde fazer.

Os olhos dela eram brancos como pérola. Refletiam os olhos de Paul. Ele sentiu que se afogava. E naquelas órbitas peroladas, viu pela última vez os rostos de Liza e de Raquel.

— Minhas filhas! — balbuciou aflito. Marie foi seu último pensamento.

— Em breve se unirão novamente — a mulher afirmou.

E essa foi a última coisa que Paul ouviu deste mundo.

Mais um ato traiçoeiro do destino.

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Olááá, o que acharam?

Quem quer mais aí, levanta a mão? \o/

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O Penhasco - Livro 1 - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora