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─ É complicado!

─ Acho que eu entendo!

─ É complicado, gostar tanto de alguém e sentir o que sinto por outra pessoa. Faz-me duvidar dos meus argumentos e reais sentimentos.

─ Tu não precisas te justificar a ninguém!

─ Preciso pois, preciso justificar à mim.

Ele concorda com a cabeça e continua o trajeto para pegar mais bebida, dessa vez, uma garrafa de vinho tinto do porto.

"Enfim, até gosto desse tipo de ambiente.." - penso enquanto olho ao redor – "os poemas, música, canto... a intimidade, a conexão..." (suspiro), acabo de me lembrar do Deyve... É incrível como quase tudo acaba rondando nele.

— Certeza que aguentas mais uma rodada?

— Absoluta, acredita. – digo a sorrir, enquanto coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ele volta já com taças servidas e um sorriso de canto.

— Então, não vais me contar sobre o teu "Rascunho" barra "Quadro Branco" que eu vi no teu quarto e que tiveste de colocá-lo noutro cómodo? o que há de tão especial?

— Ahm? Tu viste? – enquanto sentava-se ao meu lado, perguntou meio espantado

— Simm? – respondi meio desconfiada — também li! – completei a frase liberando toda apreensão.

Thiago reagiu batendo a palma da mão direita na testa, enquanto segurava a base da taça apoiada na mesa, com a mão esquerda.

Antes de responder, balanceou a taça, encostou-a ao nariz, inalou o cheiro profundamente e em seguida bebeu um gole.

— Ótimo vinho, ótima pergunta, péssima resposta. – assim respondeu e riu. É lá onde escrevo o que me vem à cabeça, dito isto, falo de pessoas, emoções, sentimentos verdadeiros e puros mesmo.

— Eu li lá o meu nome.. – falo baixinho e também dou um gole generoso. — Hmm, é realmente bom. – digo ainda a saborear.

— Tu és um sentimento puro. Nalgum momento, eu, tu e qualquer outra pessoa, já tivemos intenções perversas, já fomos más mas não quer dizer que seja a nossa natureza. Não é a tua natureza, Tokyo. Eu consigo ler-te e digo com propriedade que tu não és isso que o dizem, não és o que tentas mostrar, tu és isso aqui - apontou para mim e para ele, duas vezes seguidas e girou o dedo indicador pelo ar, apontando o ambiente — genuíno, sentimento puro e genuíno.

Confesso que os meus olhos brilharam ao ouvi-lo falar assim de mim, amoleceu-me até certo ponto. Encarando-o no fundo dos olhos, enquanto balanceio a minha taça, percebo e consigo notar que a vida não precisa ser um caos, a adrenalina faz parte, em boas doses mas nem sempre e talvez ser rebelde full-time não me safe para o resto da vida.

— Talvez esteja a mentir mas eu acho que nunca fui exteriorizada assim, eu até consigo me ver nas tuas palavras, vejo verdade...

— Isso porque és de verdade, Tokyo. - Ele encosta a taça para o meio da mesa e vira-se de frente para mim, encarando o fundo dos meus olhos, algo que eu já tou a fazer com ele

— Apetece-me beijar-te agora - Ele diz e finaliza suspirando

Faço o mesmo movimento que ele, encosto a minha taça para o meio da mesa e volto a fixar o olhar nele, encostando de fininho...
Puxou-me para perto, deixando-nos a distância suficiente para respirarmos o mesmíssimo ar, para sentirmos a tensão e a química a flor da pele, então eu digo

— Beija-me! - também suspirando

Por fim, beijou-me, com ternura, desejo e vontade. As notas deste vinho sentiam-se durante o movimento das nossas línguas, a temperatura dos nossos corpos subia a medida que elas dançavam, sentíamo-nos mais quentes, com os corações acelerados, totalmente descompassados, porém, em compensação, o beijo todo sincronizado.

— Eu quis muito isso. - Diz ele ao separar os nossos lábios

— Por que paraste? - digo ofegante.

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⏰ Última atualização: Sep 05, 2024 ⏰

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