55. Vieres ||

58 8 7
                                    

momento di crisi pt2

Tokyo POV:

─ Estamos a desabar? digo quase a não acreditar que ele tenha dito aquilo. Desço a escada devagar... Tou a cheirar algo talvez nunca sentido. O perfume de ontem a noite, o vinho e a fumaça, tudo junto. Espero que não se incomode com isso! Penso e peço rabugenta

─ Não respondes?

─ Respondo pois, porque não? Sabes bem que é verdade. Diz debochado

─ Deyve... é o que queres? só pergunto

─ Vais perguntar isso quantas vezes? Já ando farto de ouvir isso

─ Deves andar farto de ver-me também, não?

Acendo um cigarro e sento-me virada para ele

─ Farta de ver-te sim, com o teu novo amigo. Farta de ver-te por aí com ele, em todos os cantos com ele, tudo agora é com ele. Acho que já desabamos a muito tempo

─ Isso é sério? espanto-me

─ É muito sério. Fui criança por momentos Tokyo, mas tu sabes o real motivo disso... já te disse o que me incomoda e ainda assim, não mexeste um dedo.

Só suspiro e ele continua

─ Achas que me importa aquele trabalho? Achas que quero ter nota alguma naquela porcaria? Quero é estar contigo! Podemos fazer o trabalho, numa boa. Mas eu quero estar bem contigo, e estar bem digo estar bem bem... Finaliza e estende a mão a pedir o cigarro

─ O Thiago é só meu amigo... desabafo

─ Ele te olha de forma diferente... diz e continua a fumar

─ Acho que não

─ Achas que não porque não vês o que eu vejo. Diz rabugento e devolve-me o cigarro

Eu calo e fumo...

─ Estiveste a chorar?

─ Eu? não... apago resto do cigarro

─ Bebeste?

─ Sim... digo baixinho

─ Bebeste, fumaste e estás com uma roupa de saída... sinto o teu perfume activo daqui. Saíste ontem? Pergunta desconfiado

─ Talvez sim, talvez não. Mas garanto que não, estive aqui, perto de sair mas não saí...

─ Estás a mentir. Levanta-se e dirige-se à porta...

─ E como sabes? digo firme

─ Apenas sei. Cuida-te Tokyo!

Acaba por dizer e sai. Penso mil coisas, devo ir atrás? Deixá-lo escapar mais uma vez? E se dissesse que saí? Ficaria chateado, pior porque saí com o Thiago... mas eu devo dizer a verdade... pelo menos dessa vez, quero agir da forma certa!

Quando decido sair, já não vejo o Deyve na rua mas continuo firme com a minha decisão e vou ao encontro dele. Ando devagar, sem pressa. Vou encontrá-lo em casa, sei que ele vai estar lá.

momentos depois...

─ Oi, digo um pouco fria

─ Olá Tokyo... Raquel faz uma careta

─ O Deyve? pergunto

Ela só aponta para o quarto dele, quando passo pela porta ela diz

─ Gostei do perfume!

─ Hm, pois. Sorrio falsamente

Não bato, simplesmente entro... E lá está ele... de costas à porta, virado pra parede. Totalmente entediado

─ Eu menti. Digo

Ele não responde

─ Eu saí sim, com o Thiago. Eu chorei sim! Digo quase sem voz...

─ Eu já sabia. Ele responde com a voz abafada

─ Mas o que querias que fizesse? Que ficasse a tua espera trancada em casa?

─ Talvez... diz irónico

Observo o quarto... e está arrumado, muito bem arrumado... o cheiro dele está por todos os cantos, desligo os meus pensamento quando algo me chama atenção. O chapéu amarelo que eu vi ontem... com a estrela centralizada. Era ele! Eu sabia que era ele!

─ Tu também mentiste descaradamente. Na minha cara... digo irritada

─ Eu menti? Ele vira, larga o telemóvel e olha para mim

─ Eras tu Deyve! Eras tu e disseste que não

Silêncio da parte dele...

─ Porque não disseste que eras tu? digo quase ofegante...

Não Tokyo, não vais chorar.

─ O chapéu? óculos? cantar em bares? digo ligeiramente desiludida

Depois de minutos de silêncio, ele resolve falar

─ É o meu refúgio. Diz quase sem voz

Continuo a ouvir

─ Eu reconheci-te ao entrar, mas não pude cancelar a performance... Sou conhecido lá, eles gostam muito de mim!

─ Eu reconheci-te ao ouvir... não precisei muito

Calado, apenas olhou para mim...

─ Tive uma crise Deyve. Digo e vou para perto dele... ─ Eu soube que eras tu, desde o momento que começaste a cantar até o momento que subiste no táxi, Diogo. Digo e faço ênfase no nome

─ Eu conheço a tua forma de cantar, sei o quão rouca a tua voz pode ser. Sinto o cheiro do teu perfume só ao pensar nele.

Ele sorri

─ Deyve, perdão... perdoa-me. Sou terrível, sei! Mas eu juro que te amo muito. Digo e olho no olho dele

Ele só olha pra mim e eu continuo

─ Não precisas perdoar se não quiseres... Viro os meus olhos para o chapéu ─ Não és obrigado Diogo... começo a rir

─ Do que te ris?

─ Diogo? Volto os meus olhos para ele. ─ Não havia outro nome? rio-me um pouco mais

─ Não pensei... diz e começa a rir junto comigo...

─ Perdoa-me amor. Digo quase em sussurro ─ Volta para mim! É chato ouvir que posso te perder por tão pouco...

Não respondeu, surpreendeu-me com um beijo. Beijo profundo, acho que o mais sincero que eu já tenha provado, foi intenso como já havia dito. Cheio de sintonia, harmónico e lúdico.

Separo os nossos lábios e vejo uma lágrima escorrer do seu olho

─ O que foi? preocupada pergunto...

Ele ri, tímido... ─ Nada, só estou feliz com isso(apontou para ambos) ─ O que nós temos é muito bonito Tokyo.

Rebeldemente, Tokyo!Onde histórias criam vida. Descubra agora