Tempo

80 10 0
                                    

YOONGI

Peguei a terrível mania de ficar mexendo em meu colar quando estava entediado, principalmente na aula, quando estava distraído tentando prestar atenção na aula, sem muito sucesso, e quando me dava conta, estava apertando o pingente, levanto ele até meus lábios, só para raspar em minha boca e ameaçar de morder.

A aula não estava tão entediante assim, mas meus pensamentos iam para Taehyung, aquele olhar dele sob mim, seus toques quentes, isso me tira suspiros mesmo quando não posso, neste caso, no meio da aula.

Desde que começamos a namorar, o que faz pouco mais de uma semana, não consigo parar de pensar que fiz a melhor escolha da minha vida, mesmo que seja assustador. Minha mãe havia dito sobre isso: a nova experiência. Disse que poderia ser difícil de absorver tudo isso e realmente é, talvez seja só minha ansiedade ou a minha mente me auto-sabotando, me enchendo de picuinhas sem sentido, fazendo eu imaginar coisas que jamais aconteceriam.

Olhei para trás, e vi Taehyung, concentrado, parecia estar escrevendo algo muito importante, ficava lindo de todos os jeitos, principalmente sério, de fato, tive muito sorte de encontrar alguém como ele, e ainda preciso aprender a me soltar e aproveitar a vida, sem medo de ser abandonado a qualquer momento, acreditar no que Taehyung fala e deixar o destino guiar meus dias.

Vejo Taehyung ergueu o olhar e se encontrar com o meu, nem percebo quando sorrio. Esse é o efeito dele sob mim, me faz esquecer do mundo e até a aula, deve ser aquele sorriso charmoso e o olhar de canto, um truque infalível que ele provavelmente sabia que funcionava sempre .

- Para de babar, Yoon. - Jimin falava baixo, me olhando.

- Falou como se você não ficasse babando no Jungkook, ou é o contrário? - Brinquei com ele.

- Parece que estamos jogando o mesmo jogo aqui, Yoonzinho.

- Jimin, vai ver se eu tô na esquina!

- Me diz Yoon, como é estar apaixonado?

Uma pergunta tão simples, com uma explicação tão complexa, acho que eu não saberia nem por onde começar, de tantas definições do que é estar apaixonado ou gastando de alguém, acabo sempre caindo na questão de: o que é o amor?

As menores perguntas, que exigem uma longa resposta, cheia de sentimentos e impressões intrínsecas, singulares e particularidades. Jimin estava apenas brincando, mas aquilo me fazia pensar sobre a minha vida toda, principalmente sobre Taehyung e depois que ele apareceu.

Amar não era uma coisa que estava no meu planejamento pessoal de vida, não que eu tivesse um planejamento, mas eu não pensava em namorar, ou casar, ou ter filhos... Esse tipo de coisa as pessoas geralmente fazem, eu tinha pensando em estudar, faculdade, estudar... Mas namorar... Isso realmente estava fora de cogitação.

O medo de acabar sozinho era maior do que o de me envolver, pelo menos eu pensava assim, até Taehyung chegar na minha vida. A mistura de sentimentos que ele me provocava, era perigosa e deliciosa, me deixava confuso e ansioso em medidas muito similares, como duas paralelas que nunca se encontravam, mas a vida é uma caixinha de surpresas, e no meu caso, elas colidiam frequentemente.

Era como entrar em um quarto escuro com uma lanterna fraca, precisava confiar e desconfiar de sua intuição o tempo todo, talvez assim fosse o amor, uma aventura às cegas, que valia mais a pena a experiência e o que se levava dela, do que seu próprio planejamento.

- É terrível! - Respondi rindo.

- Não diga isso, e o frio na barriga? E os sorrisos bobos?

Jimin estava certo, mas essa era a graça de se estar apaixonado: viver a parte assustadora primeira e depois sentir o medo. Talvez só seja assustador para mim, porque Jimin parece adorar a sensações que o amor trazia com ele.

- Acho que é só mais um efeito colateral... - Disse ainda pensando.

- Sempre prudente, Yoon, deixe de ser bobo, só aproveita e fica babando mais um pouco no seu amorzão.

Jimin parecia se divertir com aquele assunto e também dominar muito bem o tom daquela conversa, como se o amor para ele fosse apenas aquilo, um sentimento com efeitos colaterais. Talvez essa seja a forma dele ver o amor, e quando olho para Taehyung, ele está sorrindo, ainda olhando para o caderno. O amor causa isso: a bobeira sem sentido.

- Não estou sendo tão pudente assim. - Falei como se tivesse convicção daquilo.

- E quando vai contar onde conseguiu esse colar bonito? - Jimin apontava para meu pescoço.

- É um presente.

- Um presente do Taehyung?

- Sim, ele me deu. Bonito, não é? - Falei orgulhoso.

Não era do meu feitio ser tão esnobe com algo que era para ser particular, mas aquele colar, em especial, todas às vezes que alguém o notava, as palavras saltavam da minha boca automaticamente, como se eu precisasse contar e repetir aquela história do pedido de namoro sempre. E era muito bom relembrar.

Mas dessa vez não contei, apertei o pingente e deixei o suspiro sair lentamente, controlei a vontade imensa de olhar novamente para Taehyung, mas uma lembrança tomou meus pensamentos, ele era um vampiro, eu tinha me apaixonado por um vampiro com uma longa vida pela frente.

Será que o amor duraria todo esse tempo? Eu sei que eu não duraria, sou um humano comum, que vive aproximadamente oitenta anos, enquanto Taehyung vive... Sei la, trezentos? Quatrocentos? Não tinha pensado nisso antes, talvez tivesse e só ignorei com a onda de serotonina que invadia minha mente.

Eu precisava conversar com Taehyung sobre isso. Tempo. Um inimigo natural da humanidade, principalmente dos apaixonados, que insistem em dizer que as horas voam quando se está com a pessoa amada.

Peguei o celular e mandei uma mensagem para Taehyung, precisava falar com ele sobre a coisa mais natural e inevitável da vida: o tempo. Observei o professor, para ter certeza que ele não estaria olhando quando eu virasse para Taehyung e assim que nossos olhos se encontraram, ele sorriu, um sorriso tão confuso e divertido que por um instante cogitei de ir até ele e o beijar. Mas ainda não, eu tinha tempo.

Moonlight - TaeGiOnde histórias criam vida. Descubra agora