Sheibi - Facas

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Lembrem de votar e comentar o que acharam (:

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SHEILLA

Ainda faltam uns dias para as olimpíadas começarem e nesses poucos dias nos falamos muito pouco. O treinamento intenso, fuso horário, tudo precisava ser ajustado para que os atletas se acomodassem da melhor maneira possível. Eu e Thaísa aproveitávamos um pouco o RJ e a praia para mudar um pouco a rotina de treinos, curtir nossa amizade e interagir um pouco com os fãs na tentativa de amenizar a ansiedade que sentíamos por estarmos longe das quadras. A saudade da Gabriela tornava os dias ainda mais arrastados e, embora nos comunicássemos por mensagens, eu não conseguia evitar a falta que sentia daquele sorriso. As milhares de fotos não eram nem de longe o suficiente.

O fuso horário estava uma absoluta loucura e encontrar um ritmo de comunicação estava complicado, pra piorar, a internet em Tóquio é uma completa porcaria. Thaísa e eu almoçávamos em um restaurante próximo ao hotel quando meu telefone vibrou com alguém conhecido reagindo ao meu story do treino de mais cedo. Era a Mari.

"Em solo carioca?" – Apenas virei a tela sinalizando para que Thaísa lesse. Ela respondeu com uma gargalhada debochada.

- Ela me mandou mensagem mais cedo, sugerindo que almoçássemos qualquer dia desses. – Thaísa disse enquanto cortava seu frango e me olhava de rabo de olho.

- Acho que vai ser mega divertido pra VOCÊS – Respondi sinalizando que minha presença em encontros com a Mari não era uma opção.

- Ah, se eu for, você vai. E eu vou pois estou com saudades dela e sei que você também – Thaísa usou seu tom de quem conhecia com autoridade todo esse rolo.

- Eu sinto, mas eu já tenho problema suficiente.

- Sheilla, 10 anos. Supera. – Thaísa respondeu como quem estava me achando boba.

- Vamos ver. – Minha tentativa de acabar o assunto de modo mais rápido não surtiu efeito já que ela continuou:

- E responde a menina, mal educada. Vou pedir sorvete, quer? – Ela insistiu.

"Em terras cariocas a trabalho. Tudo bem contigo?" – Respondi tentando manter uma linha aceitável entre a educação e o pânico que qualquer aproximação com a Mari me trazia.

"Nova comentarista, tô sabendo. Tudo bem e com a senhora?" – A conversa continuou quase que de modo espontâneo ao longo da tarde. Trocamos whatsapp e falamos dos cachorros, nada profundo ou pessoal demais.

Quando voltamos ao hotel, falei com minhas filhas e as coloquei para dormir por facetime. Thaísa e eu resolvemos fazer um space pelo celular dela enquanto o meu carregava, esperando por qualquer oportunidade de comunicação com a Gabriela. Incrivelmente os assuntos giravam apenas em torno do nome da Gabriela, o que aumentava minha saudade. Quando todo mundo notou? Thaísa sempre mais pragmática ia limitando alguns que obviamente passavam dos limites, eu como idiota que estou não conseguia evitar de me derreter em elogios à atleta e pessoa que a Gabi era. O que eu iria dizer? Ela é mesmo fantástica. Terminamos o space depois que me estressei um pouco com comentários inasivos sobre meu ex relacionamento com a Marianne, por deus, eu não precisava lidar com mais esse estresse.

Thaísa tinha acabado de sair do meu quarto para dormir alegando que treinaríamos cedo na praia e ela estava exausta do dia, resolvi tomar banho e quando saí coloquei meu short e camiseta de pijama, deitei na cama e minha cabeça mais uma vez me levava para um momento com a Gabriela. Como é possível sentir tanta saudade assim de alguém que mal se teve?

(Flashback)

Entre Saquarema e os jogos da VNL eu e Gabriela nos aproximamos de forma natural e intensa. Dividíamos o quarto, as histórias, o tempo, os passeios. Ela parecia absolutamente atenta a tudo que eu dizia ou fazia, sempre disposta, sempre risonha, sempre divertida. Lorenne, Gabi e eu nos tornamos inseparáveis, mas existia algo que eu ainda não conseguia definir na minha relação com a Gabriela, algo que me mantinha conectada a ela. Minha atenção se voltava pra ela sem que eu ao menos percebesse.