(FLASHBACK)
GABRIELA
Passei metade da viagem dormindo, nossos últimos dias na Itália foram corridos e intensos. Sheilla e eu parecíamos mais estáveis, mas ainda sim eu não queria atropelar os momentos. Ela ainda é casada e estamos voltando pro lugar onde a família dela está. Eu tentava não desconfiar dela e, principalmente não me afogar em sentimentos confusos e ruins acerca de tudo que a nossa relação envolvia: Duas crianças, dois continentes, um divórcio. Apesar da aparente estabilidade, meu medo de perdê-la começava a incomodar no fundo da minha cabeça, mas eu evitava esse pensamento e agia do modo que se espera de uma relação que está nascendo: com leveza e paciência.
Quando ela saiu daquele carro, parecia que metade de mim também havia ido com ela. Entrei em casa e segui o dia. Não mandei mensagem, eu não sabia como me portar com ela, eu não sabia o que seria de nós agora, eu não fazia ideia do que deveria permanecer da nossa estadia na Itália e nem até que ponto, ao voltarmos para a realidade, ela mudaria de ideia, mais uma vez. Eu passei o dia sozinha,o Nadal estava com a minha mãe e só o buscaria no dia seguinte, combinando de rever os amigos e família e checando o telefone a cada segundo para ter ver se ela não havia mandado nada, mesmo tendo certeza que ela não mandaria.
Eu precisava da minha casa, mas não consegui evitar de ir vê-la quando ela pediu. Ela pediu. Ela estava na casa dela, com as filhas dela, de volta à rotina e, mesmo assim, me pediu para estar lá. Como eu poderia negar isso? Meu coração estava ansioso e levemente desconfortável com a ideia de simplesmente jantar na casa dela com as pitucas. Está certo que a convivência com as meninas era normal em eventos e no centro de treinamento, eu as vi crescer a cada semana ao longo desses dois anos, mas agora era diferente. Não que eu fosse "madrasta" ou qualquer outro papel na vida delas, mas em mim era diferente.
Ela me convenceu a dormir lá e do que ela não me convenceria, afinal? Eu a observava cozinhar e parecia um sonho daquele que você percebe que está sonhando e faz força para que não acabe. Ela estava ali cozinhando pra gente, papeando, tranquila, no mundo real. Nosso jantar foi perfeito, nosso tempo juntas, o sexo, a conversa, tudo. Por alguns instantes esqueci que estava na cama do ex marido dela. Minha ida para a Turquia começou a me doer assim que afastei o pensamento sobre o Bruno, problemas nunca vem sozinhos... Lembre-se disso, Gabriela.
Ela parecia despreocupada com isso, mas como eu ficaria meses longe dela? A abracei o mais forte que pude antes de dormirmos. Eu não queria que ela saísse dali. Caralho, Gabriela, como você se enfiou nessa? Eu pensava enquanto a olhava quase adormecer em meus braços. Eu não tinha ideia de como o que era pra ser um sonho, tinha virado realidade, mas eu fechava os olhos e desejava, cada minuto mais, que ele não acabasse.
- Mamãe! – Ouvi uma vozinha dizer entrando no quarto e meu coração parou por instantes. Tirei meu braço da cintura da Sheilla, desfazendo nossa conchinha rapidamente. Por que ela não trancou a porta?
- Oi, tia Gabi – Outra vozinha disse me tirando do meu transe, mas não reduzindo em nada meu pânico do momento.
- Bom dia, amores – Sheilla as respondeu parecendo tranquila.
- Bom dia, crianças. Meu deus, vocês vão me passar qualquer dia – respondi tentando não transparecer nenhum alerta em minha voz, eu li em algum lugar que crianças até os três anos, assim como cães, entendem mais sua expressão e tom do que suas palavras.
- Vamos brincar de peixinho? – Lara me dizia empolgada, vindo para cima da minha perna livre já que Anna havia se apossado da outra. Eu não fazia ideia do que era isso, mas queria ver a reação delas aos presentes, então propus que os abríssemos.
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Sheibi - Facas
RomanceEssa é uma história fictícia sobre o shipp Sheibi. Tudo aqui descrito é fruto da minha fértil imaginação. Se elas sonharem com a existência dessa fic, ela some tão repentinamente como apareceu. Não me apegarei a datas exatas para ficar ainda mais...