OFF

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SHEILLA

Gabriela e eu voltamos finalmente a algo parecido com o nosso ritmo antes das olimpíadas. Sempre que possível, ela estava na minha casa, embora o tempo estivesse curto, ela basicamente passava os dias com familiares, amigos, resolvendo coisas e a noite comigo e as meninas. Era confortável e ao mesmo tempo assustador.

Eu mal tinha dado entrada no meu divórcio e já estava quase morando com outra pessoa, mesmo sendo temporário já que os aterrorizantes meses da temporada de clubes se aproximavam e passaríamos muito tempo separadas, ainda era rápido demais. E, apesar disso, eu não conseguia puxar o freio. Eu só queria estar perto dela e das minhas filhas ao mesmo tempo, eu queria que aproveitássemos cada mini segundo.

Faziam dois dias que não nos víamos, ela tinha ido levar o Nadal para a casa da mãe dela e eu aproveitei meus últimos dias com as meninas antes de embarcarmos para o RJ e de lá para o nordeste. Eu esperava o Bruno, com quem só falava por intermédio de advogados há semanas, vir buscar as meninas e já me preparava para o pior.

- Oi Bruno - Falei abrindo a porta depois de respirar algumas vezes - Elas estão prontas.

- Oi. - Ele disse de um jeito indiferente. - Acho que você vai gostar disso aqui.

Ele me entregou o envelope com os papéis e minha cabeça logo viajou pelos piores cenários possíveis. Era o acordo temporário de guarda que ele havia aceitado.

- Você aceitou? - Falei ainda sem acreditar.

- Meu advogado e eu conversamos com uma terapeuta infantil, é o melhor para elas. Apenas se certifique que elas não vejam nada impróprio!

Quando ele saiu com as meninas, meu coração parecia que explodiria de alegria, ele finalmente concordou que, nas semanas que elas estivessem comigo, eu seria a responsável por decidir como gerir as relações sociais delas. Ou seja, ele desistiu da ideia louca de pedir que elas não convivessem com a Gabriela e, para mim, isso era melhor do que o divórcio em si. Por mais que isso não alterasse a prática, também era um garantia de não precisar temer para passear com elas por aí ou para poder expôr, como eu quisesse, tudo que eu sentia e queria viver.

Quando a Gabriela chegou com malas e afins para a viagem, eu apenas a abracei forte o suficiente para que ela estranhasse, mas deixei para contar em outro momento que não esse. Embarcamos para o RJ e fomos para o hotel que eu havia reservado por duas noites e direto para a casa onde seria a festa. A casa, localizada na Barra da Tijuca, era imensa e linda, com piscina e espaço de sobra pra todo mundo se encontrar e se perder multiplas vezes.

- Ahhh o meu casal mais lindo desse mundo - Lorenne disse e nos abraçou assim que chegamos.

- Oi meninas - Falei cumprimentando a todas que já bebiam e papeavam em algumas mesas.

- É namoro? - Fabizinha disse assim que nos viu e Gabriela estava sentada em meu colo enquanto eu jogava baralho com as meninas. Ela veio nos abraçar e pude sentir a Gabriela mudar de postura.

- Que nada, Gabriela só me enrola - Falei brincando e a Gabi deu um tapinha em meu braço.

- A Sheilla tá com o sete de trunfo - Ela disse implicante.

- GABRIELA! - Eu a repreendi e todas ríamos e nos esbaldávamos em um dos momentos mais tranquilos que já havíamos tido nos últimos tempos.

Por alguns instantes pensei que era um bom e irônico jeito de me despedir da seleção, todas juntas e alegres, rindo, unindo gerações de mulheres que tanto me acolheram e construíram. Me emocionei por uma fração de segundos e pude ver Thaísa piscar para mim do outro lado da mesa, me fazendo sorrir da nossa cumplicidade.

Sheibi - FacasOnde histórias criam vida. Descubra agora