2.7🦋 - Jasmim

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Acordo sentindo a minha cabeça latejar um pouco, a luz da janela toma conta da minha visão fazendo eu fechar os olhos novamente. Ontem, acabei passando a noite chorando depois que cheguei em casa, até o sono me pegar e eu apagar sem perceber.

Vê-la daquele jeito me dói tanto, ver seu estado, não poder conversar com ela sobre o que eu estou sentindo, não poder ouvir os seus conselhos, é uma dor inexplicável. Sempre fomos muito próximas, sabemos sobre tudo uma da outra, somos como irmãs, até nós considerávamos gêmeas por ter tantas coisas parecidas uma com a outra.

Me sento na cama e pego o meu celular para ver o horário, eram onze horas da manhã, até entendo ter acordado agora, quase não durmo ontem. Me levanto indo até o banheiro fazer minhas necessidades, escovo os meus dentes e lavo o meu rosto tentando afastar a expressão de acabada, só que essa parte era meio impossível de disfarçar.

Escuto umas batidas na porta do quarto e saio do banheiro indo em direção a cama novamente.

- Pode entrar - me sentando na cama com pernas de índio, colocando a colcha em minhas pernas, Califórnia era bem fria quando queria.

- Oi - Rafa passa pela porta com um olhar de consolo e um leve sorriso no rosto.

- Oi - lhe devolvo um sorriso fechado de lado. Ele senta na cama perto de mim e entrelaça nossas mãos.

- Como está se sentindo? - pergunta passando o polegar levemente na parte de trás da minha mão, encaro por um tempo o local suspirando.

- Eu não sei - impresso os meus lábios fechando os olhos com força - só dói muito tudo isso, dói em pensar que ela está em uma cama de hospital e eu não posso fazer nada, dói pois eu sei que está doendo nela e eu não posso fazer nada pra parar a dor, dói ver meus amigos brigando por uma situação que no momento não deveria ter tanta relevância - falo tudo sem consegui segurar o choro e ele me abraça.

- Tudo vai ficar bem - fala no meu ouvido - ela vai ficar bem, logo vai está aqui de novo nós expulsando do quarto falando: "Muito novos pra ficarem em um quarto sozinhos, vão pra sala ou deixem a porta aberta" - imita a voz dela me fazendo rir um pouco em meio ao o choro - se lembre que você não está sozinha ok? Não vou sair do seu lado, nem que você me expulse daqui a ponta pés - rimos - não vou te abandonar.

- Obrigada - minha voz sai em forma de sussurro.

- Não precisa agradecer - beija minha bochecha e se deita na cama, me fazendo se deitar também com a cabeça em seu peito - quero te ver sorrir, então me diz uma história engraçada de vocês duas, aquela que você rir só de lembrar.

- Nossa - rio um pouco - quando éramos bem mais novas, gostávamos muito de ler, ainda gostamos hoje em dia, mas não tanto como antes - começo a mexer em um colar seu que é faz par com o meu, desde que completamos um anos de namoro, o meu era uma chave e o dele um cadeado.

- Bom isso é bem claro, já que querem uma casa com uma sala apenas para livros - rir um pouco.

- Vai ser lindo, isso se ela não se casar antes. Se bem que eu não duvido que ela ainda construa essa sala só pra nós duas  - rimos - a gente criava nossas próprias histórias, com coisas que gostaríamos que acontecesse em nossas vidas, até o que não queríamos que acontecesse, tinha lá - suspiro - também somos apaixonadas pela Marvel, então nas histórias éramos heroínas ou fazíamos parte do elenco da Marvel.

- Uau, devo admitir, isso devia ser divertido, é como brincar quando criança imaginando ser um herói, só que escrevendo.

- Verdade - sorrio - ela tinha a sua história e eu a minha. Quando uma não tinha ideia pra sua, íamos pedir idéias uma a outra. Teve um dia que a história dela era pra ter uma cena de briga, bate boca, então começamos a encenar a cena, no fim sempre acabava em crises de risos e minha tia perguntando se estávamos bem - rimos - parecia que estávamos bêbadas, sem beber.

- Meu Deus - fala rindo.

- Juro - me viro pra ele colocando os cotovelos na cama o encarando - se a gente conhecesse os atores que a gente colocava nessas histórias, com toda certeza iríamos começar a rir sem parar, ia ser constrangedor - rimos mais um pouco e eu paro por um tempo abaixando o meu olhar, respirando fundo.

- Ei - toca a minha bochecha e eu o olho - vão poder rir muito disso ainda, juntas, não duvide disso pequena.

- Eu sei, é só que - passo as mãos entre os meus cabelos - tenho medo que ela não acorde, que a perdemos sem nem perceber.

- Bom, eu fiquei sabendo que ela é bem forte e bem cabeça dura quando quer - sorrio - tenho certeza que vai dá um pé na bunda do coma e vai voltar pra nós, afinal ela é minha irmã mais velha perdida esqueceu? Duvido que vai me deixar crescer sem ela - indaga.

- Ela te fez prometer que ela entraria com você na sua formatura da faculdade - ele sorrir - ela é bem insistente.

- Até demais - rimos.

Recebo uma mensagem no celular e me estico pegando o mesmo da cômoda. Vejo quem a enviou e desligo. Encaro o celular, tentando decidir se devo ou não responde, se ele merece o meu voto de confiança depois do que aconteceu.

- O que foi? - Rafa pergunta e se inclina vendo a mensagem que chegou em meu celular.

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Segundo pai chato 🤍

*Oi, sei que não quer me ver agora, mas eu preciso explicar o que realmente aconteceu pra você, não quero te ter longe logo agora*

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- O que acha? - pergunto encarando o meu namorado.

- É complicado tudo isso - suspira passando a mão no cabelo - mas eu lembro de uma frase da S/a, que se encaixa bem nessa situação.

- "Não vai se resolver com alguém se não conversarem, da uma de orgulhosa, não leva a nada" - falamos juntos.

- Ela não tá errada - ele completa e eu encaro o celular mais uma vez respirando fundo - olha - pega o celular da minha mão o colocando encima da cômoda novamente - você não está bem agora não é? - assinto - então o responde depois, sei que vão se resolver de alguma forma - assinto e lhe do um selinho.

- Obrigada por está aqui.

- Já disse, não precisa agradecer - coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

- Você é perfeito pra mim.

- E você é perfeita pra mim - ele sorrir e me beija.

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