Capítulo 4

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-Está escuro demais pra gente continuar andando. -Diz Becker.

-Não podemos parar no meio da estrada.

-Deveriamos ter ficado dentro do carro até amanhecer. -fala Rick.

-Que bom que teve essa idéia só agora. -ironiza Natasha.

-Pelo que vi no mapa, deveria haver uma loja antes de chegar na cidade. Quando alguém ver ela, significa que vamos estar perto. -avisa Julie.

-A questão é, perto de onde? -questiona Rick. -Da cidade? Ou mais perto desse destino que nós nem mesmo sabemos o que é?

-Que dramático...

-Está começando a esfriar...-sussurra Nat, soltando o cabelo para se proteger do vento.

-Olha! -Becker gritou.

-Olha o que? -Nat franziu a testa.

-Tem um carro ali!

Natasha semicerrou os olhos na direção que a outra apontava, tentando melhorar a sua visão naquela escuridão, e conseguiu ver o que Julie tinha visto.

-Sim, vimos vários deles na cidade.

-Mas não no meio do nada...e se houver gasolina?

-Se está parado aqui no meio da estrada, alguém deve ter deixado porque não servia mais. -raciocina.

-Tem razão...-bufou.

-Não serviria pra gente passar a noite? -Propõe Rick.

As duas pararam de andar, pensando na alternativa.

-É uma boa idéia. -concorda Lizzie.

-Por mim tudo bem...-Natasha deu de ombros.

-Mas uma de vocês duas vai precisar ficar de olho caso apareça alguém. Já que a minha ajuda não seria muito boa...

-Eu fico. -Se prontifica a Morgan.

-Eu posso ficar...-diz Lizzie. -Não tenho sono.

-Descansa, quando eu ficar cansada te aviso. -resolve Nat.

Nessa altura, os três já estavam se aproximando do carro que a francesa tinha visto. Natasha ficou no banco da frente, Elisabeth sentou no banco do lado e Richard se deitou na parte traseira.

-Esse carro é antigo...-analisou Nat. -Deve haver uma alavanca embaixo, ou do lado para inclinar o banco.

-Quando estiver com sono, me avisa.-murmura Lizzie.

Natasha viu a bisavó fechar os olhos e virar a cabeça para o outro lado na tentativa de dormir, e encostou o seu rosto no vidro fechado do veículo. Ela sabia que provavelmente Elisabeth estava fingindo, e que também não conseguiria dormir naquela noite, seja pelas preocupações, ou pela falta de confiança em deixa-la velar pelo sono deles. Mas não fez questão de dizer nada, porque o que mais queria naquele momento era o silêncio.
Tinha se oferecido para ficar de guarda, não porque acreditasse que a outra a mataria durante o sono, mas porque tinha medo de fechar os olhos e dormir. A última vez que ela fechou os olhos, pode ver Alfie morrendo, ela morrendo, a pele ardendo, as feridas e o calor a envolvendo. Não queria fechar os olhos novamente e se arriscar à sonhar com toda aquela cena, que parecia não querer sair mais da sua mente. Era um filme que se repetia na sua cabeça, se lembrava da última vez que viu o seu marido, a forma que o viu, e o seu coração apertava. Não queria dormir, não queria sonhar, e não queria ter pesadelos.
A noite foi silenciosa e demorada, mas nenhum deles reclamou desse fato, porque todos precisavam de algumas horas de descanso. Quando o sol iluminou as primeiras horas da manhã, naquele clima melancólico de noite quase dia, foi que Elisabeth se permitiu abrir os olhos e encarar a mulher ao seu lado. Ela não dormiu, e a outra claramente também não tinha conseguido, mas ver o olhar de Natasha encarando o nascer do sol pelo vidro do carro a fez encontrar uma certa tristeza, que a mulher tinha conseguido disfarçar muito bem durante o dia.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora