Capítulo 74

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O cheiro de mofo misturado com o sangue das paredes era quase insuportável naquele lugar, a sela estava escura e apenas uma luz fraca no meio do corredor iluminava parcialmente o chão depois das grades. As condições ali eram precárias, e diferente de todas as prisões que havia estado anteriormente, ninguém emitia qualquer som. Por causa disso, foi inevitável lembrar dos anos que passou naquele navio cargueiro sendo tortura. Aquilo era um açougue, e os prisioneiros os animais aguardando o abate.
Era uma péssima idéia trazer o seu filho aqui, e deveria ter dado ouvido aos seus instintos desde o começo, porque agora temia que Agus pudesse usa-lo contra ela. Sim, o general já havia descoberto tudo, e muito mais rápido do que Natalia tinha calculado. A questão é que agora eles estavam num local separado da ala comum, mas pelo menos continuava na mesma sela. As coisas continuariam assim até que Agus decidisse definitivamente dar as caras por ali.
Pelo menos não foi difícil perceber que já estava quase normal, ao encarar o rosto de filho de soslaio e o coração se apertar por simplesmente identificar o medo atrás daquele olhar. Essa deveria ser uma boa notícia, mas a verdade é que havia um certo alívio e conforto na incapacidade de sentir.

-Essa prisão é muito bem planejada. -iniciou Boff, claramente preocupado.

-Mas vamos conseguir. -garantir Nat, para o alívio do filho.

Obviamente ela já tinha constatado as fraquezas, mas tinha experiência suficiente pra saber que não escapariam dali muito cedo. Talvez demorasse mais tempo do que havia garantido a bisavó.

-Nós estamos no norte da prisão.-anunciou Aidan. -Tinha uma janela no caminho, e senti o sol bater de forma perpendicular no meu braço.

-Cara...-Boff franziu a testa. -Isso foi inteligente. Aprendeu onde?

-Minha avó.

-Então estamos bem longe da porta que entramos. -concluiu Nat. -Mas aquela não era uma saída viável mesmo.-deu de ombros. -Mais alguma coisa?

-Não tenho certeza por causa da escuridão, mas acredito que Jack não esteja nesse andar.

Ela estava prestes a explicar como lidariam com as coisas dali pra frente, quando a porta da sela de abriu e três soldados entraram, enquanto os outro cinco ficaram do lado de fora em alerta.
Aqueles soldados não precisaram nem explicar o que eles deveriam fazer, porque os dois presos no canto da prisão apenas imitaram os gestos da mulher perto das grades. Liderados pela mesma quantidade de soldados que havia na retaguarda, os três seguiram pelo extenso corredor até uma ala diferente onde não havia prisioneiros, e o cheiro de mofo sumia inteiramente. No entanto, ficou claro que eles estavam sendo levados para outro lugar quando o cheiro de sangue também sumiu, e na visão de Natasha isso poderia ser muito bom ou muito ruim.
A porta abriu, e tudo o que seus olhos captaram foram as correntes de ferro que pendiam do teto em três pontos específicos da sala, e a plateia sentada atrás da mesa no outro canto, de costas para uma parede de vidro onde o obviamente alguém se escondia. Suas mãos foram amarradas as correntes no teto, com visão privilegiada e frontal daqueles sujeitos, Boff ocupou o local a esquerda, e Aidan foi acorrentado no lado contrário.
No entanto, as correntes ou a possibilidade de tortura, nada disso foi tão surpreendente quanto reconhecer todos os rostos daquela sala. Seis cadeiras, e cinco pessoas. Isto é, o general Mcstor parado a sua esquerda era esperado, e talvez quatro dos indivíduos do outro lado também fossem óbvios demais, mas o quinto fez a sua cabeça travar.

-Snoolk, Ducler, Mayne, e o "filho perdido" do meu marido...-debochou.-Obvio demais. Mas você Abby....

Abby Miller, a mulher que outrora trabalhou para o FBI e teve um breve caso com Jack, sem contar o sacrifício de passar anos presa pelo falso assassinato do presidente contra Natasha. É difícil acreditar que a mesma pessoal estava na sua frente naquele momento, mas o olhar dela era tão escuro quanto o dos outros quatro.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora