Capítulo 55-Âncora.

254 41 186
                                    

Contra todas as espectativas de Natasha, estar na faculdade tinha sido bem mais tranquilo do que imaginava, isto é, havia mais soldados do que poderia contar, mas as câmeras foram hackeadas por Jamie e não era difícil passar desapercebida. Havia acabado de escurecer quando se esgueirou pra fora dos túneis, e depois de muito rodar pelos corredores estava quase desistindo da busca quando sentiu um par de olhos em si. Vasculhou o ambiente em busca do foco, até encontrar duas figuras paradas perto do que parecia ser um deposito pequeno de produtos de limpeza. Assim que tiveram sua atenção, ambos sumiram dentro da saleta num pedido silencioso de que ela fizesse o mesmo, e ao fiscalizar os dois lados do corredor, Nat entrou na sala e fechou a porta atrás de si.

-Você é mais baixa do que pensei.-analisou Sofia, antes mesmo da mulher virar na sua direção.

Ela estava tensa, e tentar esconder isso fazia a sua língua perder os freios. Natasha ergueu a sobrancelha na sua direção, e analisou a mulher com um sorriso discreto no canto dos lábios, escondendo a emoção de ver o quanto ela tinha crescido. Aquela não era a mesma menina que insistia em ser treinada, brigava com seu filho mais velho e passava horas em frente uma tela de computador.

-Um armário? -perguntou Nat, tentando aliviar o ambiente.

-É mais seguro. -Alfie deu de ombros.

-A ex namorada dele está de olho, e não ficaria nada feliz de saber que foi trocada por uma criminosa. -esclareceu Sofia.

-Vocês conversaram? -resolveu ir direto ao ponto.

-Quer saber se ele me contou a história maluca das mentes controladas?

-Mentes apagadas. -corrigiu Alfie. -Sim, conversamos. Mas como pode ver...

-Do que exatamente você duvida?

-Tudo? -ergueu uma sobrancelha.

-Você pelo menos deu provas a ela?-Nat revirou os olhos.

-Ela já sabe que vocês são primas!

-Você era prima da minha mãe.-iniciou a mulher. -Mas vive fora dos muros sendo perceguida pelo governo.

-O que sabe sobre os rebeldes, Sofia?-Nat se encostou na parede.

-Vocês nos atacam.

-Por que?

-Porque querem entrar.

-Existem crianças, jovens e idosos vivendo lá fora. Agora me diga, que crime cometeram pra ficar de fora?

-Crianças podem ser incorporadas a sociedade. -se defendeu. -Todo aquele que é inocente tem a chance de viver aqui. Malena me contou sobre o processo de avaliação, então não tente me convencer dizendo que vocês são inocentes. Alfie já tentou a mesma coisa, e disse que você poderia dizer mais do que ele. -suspirou. -Estou aqui por consideração a amizade que tenho por ele, e espero não estar perdendo meu tempo com algum tipo de delírio coletivo.

-Como a sua mãe morreu?

-E o que isso tem haver com a história maluca do Alfie?!

-Apenas responda. -orientou Alfie.

-Dando a luz ao meu irmão. -respondeu, entendiada.

-E o seu pai?

-Morreu num ataque de rebeldes.

Natasha sorriu, por finalmente encontrar um ponto:

-Seu pai não está morto.

A mulher revirou os olhos, sem acreditar que descidiu mesmo perder tempo com aquilo.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora