Capítulo 47

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   Estar de volta a cidade depois dos muros tinha sido mais difícil do que Alfie pensara. Principalmente porque naquela segunda feira muitas coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo: as olimpíadas tinham definitivamente começado, se despediu temporariamente da base dos rebeldes, e nesse exato momento estava atrás de Malena para terminar definitivamente o namoro. Sem contar que em breve precisaria esclarecer o seu sumiço diante da sua prima, pois já havia sido abordado por um dos seus soldados assim que passou pelas portas do palácio.
    Os corredores estavam extremamente lotados pela chegada dos estrangeiros, e tudo isso fez da tarefa de achar a namorada muito mais complicada. Ainda não tinha pensado exatamente no que dizer, mas planejava ser o mais sincero possível, já que era a primeira vez que iria explicar um termino sem brigas. Agora entendia o clichê: " não é você, sou eu".
     Enquanto caçava a mulher entre a multidão de pessoas, e passava pelos locais onde ela poderia estar, o caipira não pôde evitar pensar nos últimos dois dias. Foi um final de semana extremamente movimentado, mas com certeza memorável. E nessas lembranças, a certeza de que Natasha ainda escondia informações dele foi confirmada duas vezes: primeiro quando aquele garoto a chamou de avó, e depois quando Oliver disse claramente que Alisson era filha dela. Levando em conta a notícia maluca que ambos não eram daquele tempo, que a propósito ainda estava digerindo, não era difícil somar aqueles tópicos e chegar a uma resposta.
   O problema foi que ele sabia que Natasha não iria dizer a verdade, e até onde sabia não havia outro sobrenome nos registros de Aidan e Alisson na base do governo além de "Morgan". No entanto, é bem comum o nome dos pais faltar nos registros de nascimento.
    O namoro dele com Natasha provavelmente havia durado pouco, então isso significa que os filhos não eram dele? Ou que o governo retirou isso dos registros? Outrora esteve caçando os próprios filhos? A cabeça dele estava confusa, e o seu coração batia mais rápido cada vez que cogitava a idéia de que definitivamente era pai. Ele estava pirando em teorizar tudo isso?

   Bufou.

     Oliver parecia tão estranho, que não era difícil acreditar que se referiu a Alisson como filha da amiga, apenas para fazer algum tipo de brincadeira.
    Deixou aqueles pensamentos de lado quando finalmente avistou a cabeça da sua namorada atrás de uma mesa, no único lugar que tranquilo daquela faculdade. Apesar de haver algumas pessoas, a biblioteca estava quase vazia naquele dia, e por isso Malena conseguiu vê-lo antes que se aproximasse totalmente. Ela sorriu na sua direção, demonstrando seu alívio por encontra-lo e logo em seguida ergueu uma sobrancelha.

-Você sumiu. -acusou, entre preocupada e irritada.

-Desculpe, eu estava ajudando Diogo com algumas mudanças na casa dele. -mentiu, culpado. -Podemos conversar?

-Agora? Estou estudando, e você também deveria.

-É importante. -colocou as mãos no bolso da calça.

-Trabalho?

-Não. -negou.

-Ok. -suspirou, e deixou suas coisas ali para acompanha-lo até as estantes de livros.

      A biblioteca era tão grande, que os corredores de livros desertos chegava a ser assustador.

-Vai me explicar porque sumiu? -ergueu uma sobrancelha. - Diogo ficou perdidinho quando perguntei sobre você.

-O assunto é outro. -pausou, sem saber por onde começar.

-Ok. Estou ouvindo. -cruzou os braços.

-Eu...-bufou. -Malena, nós estamos namorado a algum tempo já...temos os mesmos objetivos, a mesma responsabilidade com o trabalho, mas...

-Espera, está terminando comigo? -franziu a testa, confusa com todo aquele falatório.

-Eu te admiro como mulher. -continuou. -Mas acho que meus sentimentos não estão tão alinhados quando o seu...eu me sinto confortável com você, porque vejo uma amiga...

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora