Capítulo 11

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-O jeito mais fácil de não gastar tanto oxigênio é fazer menos esforço...-raciocinou. -Então...

-Vamos pela parede, depois as cordas. -conclui Nat, sabendo exatamente onde ela queria chegar. -É um processo mais longo...mas com menos esforço... então as chances são maiores.

-Só não fale tanto.

As duas concordaram com a cabeça, decidindo ali o plano que seria traçado, e se aproximaram da parede para começar a escalar. A regra era simples não é? Não caia e ficar viva.
A escalada foi iniciada, com a ajuda das mãos, das pernas e da incrível flexibilidade que as duas tinham elas começaram a avançar com segurança, controlando o máximo possível o ritmo da respiração para não acabar com todo o oxigênio mais rápido. Não sabiam exatamente em que velocidade ele estava sendo extraído da sala, e por isso a única coisa que podiam fazer era se controlar e subir aquela parede numa velocidade que não exigisse demais dos seus corpos.
Becker estava começando as sentir os músculos pesados, e tratou de manter a mente no lugar para não fazer a besteira de pisar na peça errada e escorregar. Uma pessoa totalmente racional com cada vez menos oxigênio no cérebro poderia ser uma desvantagem, mas surpreendentemente ela estava gostando da sensação que preenchia a sua cabeça, como lacunas brancas entre os seus pensamentos e o que deveria fazer. Era uma sessão relaxante, e que a estava deixando cada vez mais atrás do que Natasha.
Morgan parou e olhou para baixo, encarando os olhos concentrados e ao mesmo tempo levemente drogados pela falta de oxigênio. A mulher suspirou e voltou ao que fazia, porque apesar de sentir o corpo bem mais pesado do que antes, Natasha obviamente tinha uma vantagem bem maior do que sua bisavó nessa prova, porque não era a primeira vez que estava em uma situação extrema, onde precisava usar o seu dom da mentira e enganar o seu próprio corpo. Quanto mais desesperada a sua mente ficasse, mais a falta de oxigênio ficaria cada vez mais insuportável, afinal é o cérebro quem diz ao corpo que algo está errado. E nesse caso, ela tinha controle total da sua mente.
Natasha apoiava a perna em uma das peças, tomava impulso e segurava na seguinte com o braço. Ela alcançou o alto antes que Julie, e saltou sob umas das varias cordas que estavam pendendo do teto até o chão, enrolando o braço e uma perna para não escorregar até o chão. As duas trocaram olhares quando a francesa finalmente atingiu o alto, novamente usando daquele novo fenômeno esquisito que tinham descobrido entre elas e se comunicaram com o olhar, como se dissessem o que deveriam fazer. Becker também saltou em uma das cordas, na mais próxima que tinha conseguido encontrar, e dali em diante as duas foram saltando de corda em corda em direção a estrutura no centro do salão. Elas se agarravam com a pouca força que tinham, e que aos poucos iam se esvaindo, sentindo a pele das mãos arderem pela superfície áspera, e por precisarem suportar quase todo o peso sozinhas.
Naquela altura do tempo, a visão já tinha começado a embaçar, as mãos quase não tinham tanta força como antes, e se não fosse pela técnica de enrolar as pernas e também usá-las como apoio, ambas já tinha escorregado à muito tempo. Assim como antes Nat estava na frente, e sentia os músculos dos braços tremerem de fraqueza. Era sério isso? Que tipo de prova suicida era aquela?
Ela saltou para a próxima corda, a última antes de alcançar a plataforma no centro e tentou inspirar o máximo possível. Seu cérebro podia até estar sendo enganado, mas o corpo estava pedindo à gritos por socorro. Porém, sem perder tempo com queixas do seu próprio físico, ela voltou a saltar e se agarrou as barras que cercavam a estrutura com o antebraço, porque já sabia que as mãos não dariam mais conta do recado. O corpo dela ficou pendurado no ar, sustentado pelo antebraço entrelaçado na barra, e como não tinha força o suficiente para se puxar e entrar totalmente, ela ergueu umas das pernas e enroscou no mesmo lugar, antes de finalmente usar ambos os apoios para se jogar para dentro.
Por outro lado, Elisabeth já tinha alçando a última corda, mas sua visão estava embaçada demais para enxergar exatamente onde deveria pular.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora