Capítulo 21

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Encostada no único pilar desgastado que segurava a estrutura precária da construção tinha encontrado, Natasha encarava o corpo inconsciente do marido largado no chão sujo. Não tinha encontrado cordas para prede-lo, por isso Alfie estava totalmente livre e solto para fugir, mas duvidava muito que ele conseguisse fazer isso com ela ali. Principalmente porque a testa machucada dele renderia uma boa dor de cabeça assim que acordasse.
Tinha feito um curativo improvisado e limpado a ferida com água, mas o corte ainda sangrava um pouco, molhando o tecido que arrancou da própria camisa para enfaixar. Ela sinceramente não sabia o que faria quando ele acordasse, nem tinha planejado tudo o que aconteceu uma hora atrás, só agiu no instinto e na fúria do momento. Poderia mante-lo ali? Preso? Ou isso faria ele odiar ela mais ainda? Uma coisa era certa, desconfiava que talvez não fosse tão fácil assim fazer ele lembrar de quem costumava ser. Retirou do bolso a foto que Oliver encontrou no forte, e analisou a cena.

-Isso é o que? Sequestro? -a voz falha do caipira chamou sua atenção.

Ele precionava a própria cabeça, levantando o tronco do chão sujo com dificuldade e sentando de uma forma mais confortável.

-Você acordou...-suspirou.

-Planeja tentar me manipular de novo?

-E por que faria isso? Porque supostamente tenho uma obsessão por você? -ironizou.

-De gente maluca, se espera tudo.-ataca.

-Eu? Maluca? Você disse que já passou um tempo comigo antes...eu parecia maluca pra você?

-Quer mesmo tocar nesse assunto, não é? -tocou o rosto, percebendo a faixa. -Voltar a esse assunto não vai me fazer cair de amor aos seus pés. As lembranças que tenho não são boas.

-E quais são?

-Você me fez ficar contra os meus amigos! Quase matei minha irmã! Por sua causa! -esbraveja. -Deveria agradecer porque não te matei ainda!

-E por que não fez? -cruzou os braços.

-Porque recebi ordens. Infelizmente precisam de você viva.

-E como está a sua irmã? -ameaçou, na tentativa de arrancar mais alguma coisa dele.

Alfie apertou os punhos.

-Te levar viva, não significa que seja inteira.-ameaça.

-Uh...-riu. -Duvido que consiga fazer alguma coisa nessas condições...-apontou.

-É, você causou isso. Tinha mais soldados naquele carro, você matou todos só pra ter uma conversa comigo?!

-Para de drama.-revirou os olhos.-Aquela batina não matou ninguém... não foi forte o suficiente pra isso...e você está aqui, porque nós dois precisamos ter uma conversa esclarecedora. -se aproximou dele, e agachou na sua frente.-Vou ser direta: nós não somos os monstro da questão.

Ele riu.

-Está rindo por que? O que vocês fazem afinal? Andam por essa cidade deserta matando pessoas? Eu vi o que fizeram...atiraram nas pessoas, mataram! E levaram aquelas que pareciam "úteis"?

-Nós recolhemos aqueles que não tem ficha criminosa. O resto? São criminosos! Terroristas!

-E o que exatamente eles fizeram? Como pessoas que mal tem comida aqui fora conseguem aterrorizar soldados armados? Já parou pra pensar nisso?

-Você já mataram muitas pessoas! Atacaram outras! Não fale como se fossem os coitados da situação!

-Então acho que nesse pontos somos iguais, não é? Vocês também matam.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora