Capítulo 49

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   Quando optou por usar uma peruca, ninguém imaginou que ela também serviria como distração para a criança no seu colo, mas naquele momento agradeceu imensamente por Lueny estar entretida demais com os fios para reclamar da sua presença.

-Seu belo é esquisito. -comentou Lueny, enquanto as duas subiam pelo elevador.

      Depois de quatro filhos, Natasha não precisou pensar muito pra concluir que "belo" era na verdade o seu cabelo.

-Por que? -incentivou ela falar.

-É belo de boneca. -respondeu, soltando as madeixas e encarando a mulher que a segurava.

      Apesar de nova, a garota parecia realmente observadora, pois os fios eram tão naturais que Natasha se impressionou com a qualidade. Não sabia exatamente quantos anos Lueny tinha, mas seus filhos nesse tamanho ainda se sujavam pra comer e falavam várias palavras erradas. Por isso, estranhou que ela fosse tão diferente e comunicativa.
     As duas chegaram até uma saleta de espera no quinto andar, e Natasha sentou ao lado de outra mulher para aguardar a sua vez. Nessa altura do campeonato, Lueny já tinha se desinteressado pelo cabelo e tentava descer do seu colo. Seus olhos estavam no grupo de crianças no canto da sala, mas sua avó não queria desgrudar  porque se algo acontecesse ambas deveriam sair correndo.

-Já estou na porta da ala. -avisou Alfie. -Entrando...

-Onde está a sua mãe? -Natasha tentou puxar assunto, pra impedir que a menina continuasse se espremendo para sair do colo dela.

-Tralhando. -respondeu.

         O silêncio pairou entre as duas, pois a mulher realmente não tinha essa habilidade de conseguir puxar assunto com crianças tão pequenas. Bufou. Alfie sempre foi o especialista nisso.
     
-E o seu pai? -questionou Nat.

-Tralhando. -repetiu Lu.

-Ei querida! -a mulher do lado chamou por outra criança, que trouxe umas pecinhas na mão quando foi chamada. -Brinque perto da tia, ok? Olha...tem uma amiguinha aqui...-apontou Lueny, e Nat imediatamente soltou a menina.

      O problema foi resolvido com maestria pela desconhecida sorridente, e ambas crianças sentaram aos pés das duas para brincar com as pecinhas.

-Obrigada. -agradeceu Natasha.

     Era óbvio que a mulher tinha visto o seu desconforto, e resolveu ajudar.

-Sua primeira vez como babá?

      Ela não queria conversar, porque estava atenta demais ao comunicador na orelha para qualquer eventualidade, mas depois daquela ajuda se viu obrigada a ser simpática.

-Sim, o primeiro dia. -respondeu.

-Ah! Esses são os mais difíceis! Eu também sou babá! -sorriu. -Mas pelo menos ela parecia gostar de você.

-Ela estava fugindo de mim.

-Mas não estava chorando. -contestou. -E acredite, fazer uma criança que chora se acalmar é um terror.

-É, eu sei...-suspirou, admirando a neta brincar.

-Não é a sua primeira vez como babá, certo? -a mulher ergueu a cabeça. -Ou você tem filhos? Não. Parece muito nova pra isso...-negou com a cabeça.

-Na verdade já tive filhos, mas não são mais bebês. -respondeu, estranhamente confortável com aquela desconhecida.

-Filhos? No plural?! -ergueu uma sobrancelha.

-Gemeos. -mentiu.

-Hum...entendi! Isso explica um pouco a sua experiência com crianças chorando.

-E você? A quanto tempo é babá dessa criança?

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora