Quando optou por usar uma peruca, ninguém imaginou que ela também serviria como distração para a criança no seu colo, mas naquele momento agradeceu imensamente por Lueny estar entretida demais com os fios para reclamar da sua presença.
-Seu belo é esquisito. -comentou Lueny, enquanto as duas subiam pelo elevador.
Depois de quatro filhos, Natasha não precisou pensar muito pra concluir que "belo" era na verdade o seu cabelo.
-Por que? -incentivou ela falar.
-É belo de boneca. -respondeu, soltando as madeixas e encarando a mulher que a segurava.
Apesar de nova, a garota parecia realmente observadora, pois os fios eram tão naturais que Natasha se impressionou com a qualidade. Não sabia exatamente quantos anos Lueny tinha, mas seus filhos nesse tamanho ainda se sujavam pra comer e falavam várias palavras erradas. Por isso, estranhou que ela fosse tão diferente e comunicativa.
As duas chegaram até uma saleta de espera no quinto andar, e Natasha sentou ao lado de outra mulher para aguardar a sua vez. Nessa altura do campeonato, Lueny já tinha se desinteressado pelo cabelo e tentava descer do seu colo. Seus olhos estavam no grupo de crianças no canto da sala, mas sua avó não queria desgrudar porque se algo acontecesse ambas deveriam sair correndo.-Já estou na porta da ala. -avisou Alfie. -Entrando...
-Onde está a sua mãe? -Natasha tentou puxar assunto, pra impedir que a menina continuasse se espremendo para sair do colo dela.
-Tralhando. -respondeu.
O silêncio pairou entre as duas, pois a mulher realmente não tinha essa habilidade de conseguir puxar assunto com crianças tão pequenas. Bufou. Alfie sempre foi o especialista nisso.
-E o seu pai? -questionou Nat.-Tralhando. -repetiu Lu.
-Ei querida! -a mulher do lado chamou por outra criança, que trouxe umas pecinhas na mão quando foi chamada. -Brinque perto da tia, ok? Olha...tem uma amiguinha aqui...-apontou Lueny, e Nat imediatamente soltou a menina.
O problema foi resolvido com maestria pela desconhecida sorridente, e ambas crianças sentaram aos pés das duas para brincar com as pecinhas.
-Obrigada. -agradeceu Natasha.
Era óbvio que a mulher tinha visto o seu desconforto, e resolveu ajudar.
-Sua primeira vez como babá?
Ela não queria conversar, porque estava atenta demais ao comunicador na orelha para qualquer eventualidade, mas depois daquela ajuda se viu obrigada a ser simpática.
-Sim, o primeiro dia. -respondeu.
-Ah! Esses são os mais difíceis! Eu também sou babá! -sorriu. -Mas pelo menos ela parecia gostar de você.
-Ela estava fugindo de mim.
-Mas não estava chorando. -contestou. -E acredite, fazer uma criança que chora se acalmar é um terror.
-É, eu sei...-suspirou, admirando a neta brincar.
-Não é a sua primeira vez como babá, certo? -a mulher ergueu a cabeça. -Ou você tem filhos? Não. Parece muito nova pra isso...-negou com a cabeça.
-Na verdade já tive filhos, mas não são mais bebês. -respondeu, estranhamente confortável com aquela desconhecida.
-Filhos? No plural?! -ergueu uma sobrancelha.
-Gemeos. -mentiu.
-Hum...entendi! Isso explica um pouco a sua experiência com crianças chorando.
-E você? A quanto tempo é babá dessa criança?
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B.M Consanguineo
RandomNatasha Morgan nunca acreditou que isso fosse realmente acontecer na sua vida, de todas as loucuras que já viveu, aquela parecia ser a mais insana. Talvez estivesse morta, ou delirando na cama de um hospital? quem sabe? ela não sabia e nem tinha a m...