Capítulo 65

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No dia seguinte a noite que tivera com Augusto Mcstor, o plano de Natasha era continuar evitando seus amigos o máximo possível, principalmente aqueles que tinham a habilidade de descobrir exatamente quando ela estava mentindo, porque seu dom estava claramente estremecido. Ela saiu antes do dia clarear, com o pretexto de quem iria correr e fazer exercícios debaixo da brisa suave naquele horário, e seguiu em direção ao endereço registrado no celular.
Uma mansão grande, e sem nenhuma segurança exterior surgiu diante dos seus olhos assim que seus pés diminuíram as passadas. Deu de ombros e se aproximou da porta, nem um pouco surpresa com a qualidade daquele local, pois ficou mais do que claro da última vez que Spencer Scott era rico. Sua mão estava prestes a bater na madeira, mas ela abriu automaticamente e o interior amplo foi revelado. Entrou com certa cautela, e escutou a porta fechando sozinha.

-Seja bem vinda Natasha! -uma voz harmoniosa soou no ambiente. -Por favor, siga as flechas no chão.

O piso, que somente então demonstrou sua semelhança com uma tela digital, passou a guiar os passos da mulher em direção a outro salão, desenhando setas brilhantes no chão como se fosse um caminho de migalhas de pão. Havia muitas portas fechadas, e diferentes corredores por onde seguir, mas aquele em especial conduziu Natasha até um salão extremamente grande e cheio de tralhas que ela não reconhecia. Deslizando os dedos por um holograma espacial, encontrou o homem que ajudou na sua fuga, com roupas muito menos formais do que antes.
  A voz harmoniosa soou novamente, anunciando sua chegada.

-Natasha! -Spencer ergueu o rosto. -Não pensei que você iniciasse o dia tão cedo!

-E quanto a você? -ergueu uma sobrancelha.

-Ah, o meu caso é diferente. Eu fui acordado. -revirou os olhos. -Minha mãe é incapaz de respeitar o meu horário biológico.

-Mora com a sua mãe?

-Ela mora comigo. -corrigiu. -Mas se você perguntar, ela vai dizer que passei anos na casa dela e nunca paguei aluguel.

-Isso inclui os nove meses que você passou na minha barriga. -uma voz rouca soou atrás de Natasha.

Bastou alguns segundos até que uma idosa de cabelos brancos entrasse no ambiente com uma bengala na mão direita, apoiando o peso do corpo. Os fios acinzentados da cabeça, o olhar sério e os lábios levemente enrugados foram imediatamente analisados pela outra.

-Essa é a minha mãe, Ana. -apontou Scott.-Sua grande fã!

A mulher olhou na direção do filho com o rosto envergonhado, e sorriu timidamente na direção de Natasha. Apesar de não conseguir sentir nem um pingo de simpatia ou empatia pela cena fofa, Natasha ainda era educada o suficiente para retribuir o gesto com um sorriso.

-É um prazer conhece-la. -cumprimentou Ana. -Você aceita uma xícara de café? Fiz um bolo de laranja que acabou de sair do forno!

-Ah...-intercalou olhares entre o filho e a mãe. -Sim, aceito. Ainda não tomei café da manhã.

-Perfeito! -a senhora se apressou em sair dali. -Trago num minuto!

-Cadê a meia desse pé?- resmungou Scott, e foi completamente ignorado.-Oh mãe!!

-O pé é meu Spencer, me deixa em paz. -resmungou a senhora, avançando em direção a saída.

-Por que as mães ficam cada vez mais teimosas com a idade? -suspirou, inconformado. -E então? Como foi o seu jantar?

-Entendiante, mas necessário.

-Seria entediante se você pudesse sentir alguma coisa. -relembrou.

-É...-maneou a cabeça, concordando.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora