Ao contrário da mãe, os irmãos Morgan's não tinham tanta experiência com disfarces em plena luz do dia, por isso mesmo com os retoques ensinados os dois precisaram andar pelos corredores da faculdade sem chamar muita atenção. Esperavam encontrar alguma área restrita logo no segundo andar, mas já tinham caminhado quinze minutos pelos corredores infinitos do palácio e nada de encontrar o que estavam procurando. Bom, nem eles mesmos sabiam exatamente o que deveriam achar.
Por outro lado, Becker sabia o que fazer e onde encontrar o seu objetivo, e por ter saído uma hora antes da base estava diante de um empasse: voltar aos deveres que deixo lá embaixo, ou tentar contato com seu parceiro assim que ele terminasse o jogo. Richard estava mais bem do que ela poderia esperar, sem camisa e jogando vôlei de areia numa das quadras do local, e contra a equipe Inglesa. O problema é que desde que chegou ali ele nem mesmo olhou na sua direção, e isso a fez desconfiar que ele estava mesmo sem memória.
Depois de quase uma hora esperando, a partida chegou ao fim quando o apito soou nos ouvidos da plateia, que comemorou a vitória do time da casa. Richard estava secando o rosto numa toalha, e sorrindo para algumas garotas que conversavam com ele quando passou por ela sem ao menos um cumprimento. Soltou um suspiro frustado. Todo esse tempo esperando, e ele nem ao menos a reconheceu.
Voltou a sentar na arquibancada, claramente cansada demais pra tentar qualquer contato. Ela deveria seguir em frente? Ele era o seu parceiro, e uma hora iria lembrar. No entanto, mesmo que não dissesse abertamente, sentia falta das conversas que tinha com ele.
Estava num lugar onde ninguém sabia a sua história, e começando a sentir a mesma solidão que provou assim que chegou sozinha aos Estados Unidos quando era mais nova. As pessoas aqui não pareciam ruins, mas não deixavam de ser estranhos em todos os aspectos da palavra. Queria estar no conforto do seu tempo, sentia saudades de Justine, da sua irmã, e até do ser humano complicado que era o seu pai.
O local já estava quase vazio quando sentiu alguém se aproximando, e franziu a testa na direção do rapaz baixinho que se aproximou timidamente:-Você é Elisabeth?
Ela franziu a testa, entre confusa e surpresa.
-Pela expressão eu acho que sim. -confirmou o rapaz. -Olha, isso é pra você... -ele tirou um papel do bolso e estendeu na sua direção.
-Quem enviou?
-Não sei. -deu de ombros. -Uma garota acabou de me entregar, e disse que pediram pra ela fazer isso. Me deu cinco dólares pra entregar a Elisabeth, a mulher de olhos azuis.
-Ok. Obrigada. -recebeu o papel, afinal não havia mal algum numa folha.
-Deve ser um admirador. -apontou, e continuou parado com as mãos no bolso.
-Aham. -continuou encarando o rapaz.
-Quê? -questionou, confuso pelo olhar dela.
-Você já pode ir embora.
-Ah! Claro! Desculpe! Eu...até mais, Elisabeth. -acenou com a cabeça, e saiu dali com passadas rápidas.
Lizzie esperou até que o garoto estivesse longe o suficiente, e abriu a folha amassada com curiosidade explicita em cada traço do seu rosto.
" A dança de espadas pelo prêmio roubado.
O som de metais, o aroma no ar e o coração acelerado, tudo isso é efeito do cheiro da jasmin suave.
Quão bela era aquela flor, de lindo odor, que levou-me a sentir, o mais lindo primeiro amor."Uma risada baixa escapou do seus lábios, justamente porque existia apenas uma pessoa que poderia escrever aquelas frases. Qualquer um pensaria que era um simples poema, mas o significado ia muito além do que estavam nas linhas: Richard se lembrava dela. Estava feliz, aliviada e com o coração estranhamente acelerado, tanto pela notícia, quanto pela revelação de que ele descreveu exatamente o dia que os dois se conheceram. Até o momento não tinha certeza, por mais que tivesse captado vários sinais e o próprio Rick insinuar isso as vezes, mas Justine estaria pulando de felicidade se descobrisse finalmente que Richard é "o homem das espadas".
Ela guardou o papel no bolso da calça, levantou e acompanhou a última leva de alunos pra fora dali. Se ele usou toda essa logística pra conversar com ela, significa que está sendo vigiado e exatamente por isso não é bom se aproximar. O encontro dos dois demoraria mais um tempo, e ele viria até ela quando fosse o momento.
Alguns metros dali, Alisson cutucou o ombro do irmão quando finalmente avistou uma porta diferente das outras e cochichou baixinho as instruções:
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B.M Consanguineo
RandomNatasha Morgan nunca acreditou que isso fosse realmente acontecer na sua vida, de todas as loucuras que já viveu, aquela parecia ser a mais insana. Talvez estivesse morta, ou delirando na cama de um hospital? quem sabe? ela não sabia e nem tinha a m...