Capítulo 53-O Conto

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    Dois dias tinham passado desde o governo ficou sabendo oficialmente que os rebeldes tinham acesso ao interior da cidade, e a partir desse momento, qualquer um que tivesse experiência poderia notar uma movimentação estranha na cidade. Havia mais soldados do que o normal patrulhando a cidade, porque aparentemente estavam desconfiados demais para confiar apenas nas câmeras de segurança. Becker ainda não tinha descoberto como exatamente eles sabiam onde Natasha estava naquele dia, mas Jamie havia dito que provavelmente o dono da mansão alertou os soldados, mesmo que a bisneta tivesse certeza de ter tomado todo cuidado possível. Por causa das tecnologias cada vez mais modernas, nesse tempo, era difícil passar desapercebido.
     Esses foram os dois dias mais torturantes para a francesa, a impossibilidade de sair, somada aos problemas dentro daquela base era pior do que uma prisão.

-Você deveria comer alguma coisa. -a voz de Natasha assustou a outra, que diminuiu a frequência dos socos contra o saco de pancada.

-Estou sem fome. -respondeu.

-E pensativa demais. -Acrescentou.-Preocupada com Richard?

-Jamie já analisou as informações que você e Alfie trouxeram? -trocou de assunto.

-Não encontramos quem está por trás do procedimento que as pessoas lá dentro passam, mas conseguimos uma lista das pessoas que tem o estado de saúde observado constantemente pelo governo.

-Alguém importante? -incentivou, chutando o saco.

-Além de algumas figuras importantes, meus sobrinhos, amigos, e minha filha estão nessa lista. -suspirou. -Diogo, Ádrea, Sofia...todos eles...

-São civis. -constatou Becker. -Mas se estão na mira do governo, isso prova que as pessoas nessa base estão certas quando decidiram odiar a sua filha mais nova.

-Essa lista indica que Natalia também perdeu a memória, mas também indica que...

-Jessica é a responsável.-concluiu Becker, finalizando a sequência de socos que contava mentalmente. -Já perguntou ao seu marido se ele conhece alguma Jéssica? Quer dizer, o seu marido desmemoriado... não o outro.

-Não. -negou. -Mas vou tirar o máximo de informações possíveis assim que vê-lo novamente. Agora que ele está do nosso lado as coisas ficam mais fáceis.

-Então faça isso. -secou o rosto suado numa toalha. -Porque tenho a sensação de que o nosso tempo está acabando.

    Nat franziu a testa, confusa.

-Sinto como se estivesse sendo cercada.-explicou Lizzie.

-Baseado em...?

-Geralmente você é a primeira a acreditar nessa história de instintos. Preciso ter uma base sólida? -questionou.-Você anda tão distraída com  a sua família que está esquecendo o motivo principal da nossa estadia aqui.

      Natasha não discordou, porque sabia que a bisavó estava certa. Ela estava distraída demais nos últimos dias, e a sua  parte mãe tinha enterrado a agente que carregava dentro de si, mas não era essa parte que conseguiria salvar aquelas pessoas. Prova disso foi que em meio a esse tumulto, não tinha sentido nada do que Elisabeth apontava.

-Nós precisamos interrogar o sujeito que trouxe Alisson e Alfie até aqui. -retomou a Morgan.

-Ele está preso. -deu de ombros.-Pelo menos não está na rua. Já vai ser difícil convencer o pessoal da base a aceitar o seu marido esgotando o estoque de medicação, se acrescentar mais um homem à lista vamos ter problemas.

-Precisamos interrogar, e tirar informações.-reafirmou. -Acrescentei aquele tal de Nolan na agenda. Desde que ele chegou com Gaia nós não tivemos tempo de interroga-lo também.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora