Capítulo 17

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-Então, o plano é me torturar? -Natasha ergueu uma sobrancelha.

      Tinham conseguido amarrar a mulher e leva-la até uma casa abandonada no meio da cidade, onde provavelmente pretendiam passar a noite, já que alguns soldados estavam descendo malas dos carros e descarregando num cômodo separado.
     É claro que ela tinha aceitado estar ali de livre e espontânea vontade. Conseguiu encontrar algumas brechas para escapar, mas a vontade de saber mais sobre o que estava acontecendo era bem maior do que o apito metal avisando que estava em perigo. Não  tinha tirado os olhos de Alfie, analisando a postura dele, em busca de qualquer indício de que tudo aquilo fosse parte de um plano maior. No entanto, uma coisa era certa: ele não tinha o mesmo olhar e a tratava como uma completa estranha.

-Parte da tortura é o pacto de silêncio?-bufou.

-Alguém coloca uma fita na boca dela?-Alfie bufou, e revirou os olhos.

-Ei! Nem pense nisso! -um soldado colocou um fita prata na boca dela sem permissão. -Nha nha nha nhi na!

     Sem saída, se recostou no sofá velho que tinham acomodado ela e esperou com tédio que os soldados terminassem de arrumar a casa e descarregar as coisas. Alfie foi o primeiro a parar o que estava fazendo, pegou um banco, colocou na frente dela e sentou.
     Natasha ergueu uma sobrancelha, como quem perguntava se ele iria ficar ali só observando, e fez o homem revirar os olhos pela segunda vez desde que chegaram. Ele arrancou a fita da boca com força, e Nat sentiu a pele arder.

-Vamos começar com as perguntas...-olhou para os soldados, e eles sairam da casa.

    Aquilo tinha sido bem esclarecedor. Se os soldados obedeceram, ele era o chefe. A questão era saber como Alfie tinha chegado naquela posição em tão pouco tempo, porque sim, ela não tinha dúvidas de que aquele homem era o deu marido. Conhecia o cheiro, a pele, as pintas pequenas e até os poucos cabelos grisalhos que apareciam de vez em quando, e também era inocente a ponto de não desconfiar do que estava acontecendo ali. Claramente alguma coisa tinha acontecido com a cabeça dele.

-Agora posso falar? -ironizou.

-Você parece estar bem a vontade.

-Sabe como é, sinto como se te conhece à anos.-deu de ombros.

-Você me olha estranho.

-Você também.

-Comece me dizendo onde os seus irmãos estão.

-"Irmãos"? -franziu a testa.

-Você é uma Morgan, Natasha. Estou falando dos seus irmãos! Aidan, e Alisson, onde estão?

-Que tipo de erva você fumou?

             Ele tirou uma faca de lâmina colorida do bolso e começou a rasgar a calça dela com a ponta do objeto, demonstrando o quanto estava afiada.

-É algum tipo de ameaça?-segurou o riso.

-Você é mais louca do que contaram...-suspirou, afastando a faca e rodopiando ela entre os dedos.

-E o que exatamente te contaram?

-Isso não é uma conversa, é um interrogatório.

-Não parece. Você é péssimo interrogando. -sorriu. -E se realmente te contaram o quão louca eu posso ser, sabe que não vai me dobrar com essa faquinha, não é?

-Quer apostar?

-Poderiamos. Mas prefiro algo divertido, você fala e depois eu falo, o que acha?

-Awn, quer meu número de telefone? Vindo de uma criminosa, isso me deixa lisonjeado.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora