B.M Consanguineo

Capítulo 78

   O mundo parecia diferente daquele ângulo. A torre do melhor hospital da cidade dava uma bela vista do local que eles tinham literalmente conquistado a algumas horas, e apesar dos informes positivos, Becker sabia que as coisas ainda estavam longe de ser resolvidas. A poucos metros dela, e na direção contrário da janela de vidro que captava sua atenção, estava a sua bisneta ferida. Natasha tinha perdido muito sangue, ficaria com uma bela cicatriz no pescoço,  mas só permaneceu viva graças ao avanço tecnológico daquele tempo e as habilidades de Elisabeth em utilizar pontos de pressão. Se alguma coisa assim tivesse acontecido no ano que ela vivia, provavelmente seria seu fim.
   Tudo aconteceu muito rápido, foi desespero de emoções que e a afetaram mais do que esperava, principalmente porque não queria dar esse tipo de notícia trágica aos filhos dela. O dia tinha sido cansativo e assustador pra muitas pessoas, e não planejava piorar tudo e comprometer toda a missão com esse tipo de anúncio. Já estava de noite, e era óbvio que depois tantas horas a informação já tinha se espalhado, então era questão de tempo até o primeiro Morgan bater a porta.
    A luz do quarto estava apagada, mas a escuridão era ofuscada pela iluminação da cidade e entrava pela janela, e foi exatamente essa vista que Natasha teve quando abriu os olhos. A primeira coisa que ela constantou foi o corpo mole e fraqueza enorme que cobria cada músculo. Demorou um tempo até que sua visão conseguisse distinguir onde estava e quem estava de costas admirando a paisagem. Mas quando isso aconteceu um gemido sofrido saiu dos seus lábios, tentando emitir algum som com a boca seca.
 
-Nem tente levantar dessa cama.-resmungou Becker, percebendo a movimentação atrás de si.

     Ela se aproximou do móvel ao lado da cama, e estendeu um copo de água no canudo para a mulher.

-Lembra de alguma coisa?-questionou, vendo a outra movimentar a cabeça enquanto bebia.

-Você quase morreu. Mas tenho certeza que isso não é tão incomum assim. -suspirou. -Os avanços médicos aqui são realmente uma loucura...eles reconstruiram os tecidos durante horas, mas está tudo novo aí dentro. Você vai ficar com uma linha fina de presente, mas agradeça que a cicatriz não é pior. -afastou o copo. -Existem tratamentos estéticos pra isso, porque aqui eles se encarregam apenas em te manter viva, mas nós duas sabemos que não vamos ficar tanto tempo assim. Conquistamos a cidade, e isso significa que o tempo aqui está acabando.

-Meus filhos? -questionou Nat, finalmente conseguindo falar.

-Vivos. -respondeu. -Jessica também foi presa, e não disse nada sobre quem está no comando. Sinceramente duvido muito que ela abra a boca, não depois de ver um dos soldados deles tentando mata-la.

-Nós precisamos encontra-los...ou pelo menos ter mais informações... não posso voltar ao meu tempo sem informações suficientes.

-Precisa descansar.-frisou. -O médico disse que tudo aí dentro é novo demais. É como a pele sensível de um bebê, e você também perdeu muito sangue.

-Sobre isso...

-Eu já cuidei disso. Mandei queimar todos os vestígios que o seu sangue possa ter deixado pelo caminho. -suspirou. -Allan nem pode imaginar a confusão que ele criou. -revirou os olhos.

-Eu vou tomar cuidado, e não deixar ninguém acertar o meu pescoço de novo. Mas precisamos voltar ao trabalho.

-Fraca desse jeito? Você ta tomando água num canudinho.

-Consigo me recuperar rápido. Isso faz parte do soro.

-Não me lembro de ter esse super poder!-franziu a testa.

-É outro tipo de soro. E não é nenhuma habilidade de cura super humana... só é um pouco acima da média.

-Qual é o problema desse povo?! -franziu a testa, indignada.