Capítulo 58

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  O dia havia amanhecido mais cedo do que Alfie imaginou, entre idas e vindas de um sono extremamente leve durante aquela noite, ele agradeceu por finalmente poder sair daquela cama e fazer o que estivera pensando durante as últimas horas.
   Poucas pessoas circulavam pelo corredor quando chegou até a base secreta, que tornava-se cada dia mais conhecida aos seus olhos. Ele andou durante quase meia hora antes de encontrar quem estava procurando, e caminhou com passadas apressadas em direção ao sujeito com uma bandeija nas mãos. O refeitório estava quase inteiramente vazio, e foi avistado antes mesmo de cumprimentar o outro:

-O que faz aqui? -Oliver franziu a testa.-Aconteceu alguma coisa com a Natasha?

-Preciso falar com você.

-Eu estou indo levar o café da manhã pra um amigo...-explicou.

       O outro Kansas estava no seu quarto a pouco mais de quinze minutos esperando o café da manhã, e exatamente por isso deixar que esse Alfie o acompanhasse era um perigo.

-Podemos fazer isso mais tarde?

-Não. -negou. -Me desculpe, mas não posso mais esperar.

Pela cara dele, o homem logo conseguiu adivinhar o que poderia ser, e travou momentaneamente com a bandeija nas mãos quando não conseguiu encontrar um motivo para dispensa-lo.

-Eu...

   No entanto, seu desespero evaporou assim que viu sua sobrinha entrar pela porta com o filho no colo:

-Ravi! -chamou. -Pode levar isso até o meu amigo doente?

     A mulher estava com uma criança no colo, e claramente não conseguiria levar aquela bandeija, mas não precisou de muito esforço para entender o que estava acontecendo. Concordou com a cabeça, e entregou o bebê ao tio.

-Cuide dele enquanto levo o café. -suspirou, cansada. -Tem uma vasilha de frutas na cozinha debaixo do armário de panelas, consegue fazer ele comer?

-Eu sou o encantador de crianças! -brincou, movendo a criança no colo para acorda-la. -Ei garoto! Acorda! É  hora de comer!-o pequeno fez uma careta de choro. -Quê? Isso pra mim é cara de fome!

      Oliver deu dois saltinhos com ele nos braços e começou a correr em direção a cozinha, enquanto emitia sons de um carro funcionando pela boca. A agitação toda fez Thomas acordar e soltar uma risadinha gostosa, o que também animou as poucas cozinheiras que já transitavam por ali. Todas já conheciam a criança, e a rotina que mãe costumava levar com o bebê, por isso não foi difícil alcançar o café da manhã com ele no colo e encontrar o caipira do lado de fora novamente.

-Você está parecendo um morto vivo. -cometou, sentando na mesa que Alfie encarava com o olhar perdido.

-Preciso conversar com você. -repetiu, saindo do transe.

-Isso você já disse. Desenbucha logo. -abriu o pote de frutas e começou a alimentar o sobrinho.

-Noite passada tive uma visão...bom, uma memória. -gaguejou, confuso. -Natasha e eu estavamos num lago...era um barco? -moveu a cabeça, como se concordasse consigo mesmo. -Era um barco. Nós estavamos conversando sobre coisas bem...intimas. Parecia um casamento. -Suspirou audívelmente antes de perguntar. -Era um casamento?

-Está me perguntando isso? -questionou Oliver, depois de notar os segundos de silêncio.

-Eu preciso saber.

     O homem soltou o ar entre os lábios e continuou alimentando a criança.

-E então...? -incentivou Alfie, aflito.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora