Capítulo 28

307 59 119
                                    

Depois de muitas tentativas falhas de acordar Alfie, e percebendo que isso não aconteceria tão cedo, Natasha vasculhou o corpo dele em busca de uma lanterna ou celular que pudesse iluminar o ambiente. Tudo estava escuro demais para tirar conclusões do real estado do marido, e suspirou aliviada quando encontrou uma pequena lanterna no bolso da calça. Com a iluminação um pouco melhor, primeiramente se concentrou em iluminar o homem desmaiado, constatando que havia muitas escoriações no seu rosto e nas costas, mas que o principal problema estava na cabeça, que ainda continuava sangrando.
   Procurou alguma coisa limpa por perto, mas tudo estava tão imundo e cheio de escombros que desistiu dessa idéia no primeiro minuto, e retirou a própria camisa. O lado contrário dela parecia um pouco mais limpo, então rasgou o tecido e fez uma faixa improvisada que amarrou em cima do ferimento na cabeça dele, na esperança de que aquilo fosse o suficiente para estancar o sangramento e evitar que alguma sujeita atingisse o ferimento. Suas mãos estavam tremendo, e sinceramente não tinha a mínima idéia se era devido ao medo, apreensão ou a adrenalina do momento.
     Apesar do estado crítico, Alfie ainda estava respirando e isso era um alívio pra ela. Usou o pequeno pedaço que sobrou da camisa para tampar o próprio nariz, já que a poeira ainda incomodava,   e por mais que tivesse vontade de chorar, engoliu os próprios sentimentos e levantou do chão, pois graças a uma pedra enorme eles tinham ficado numa zona segura e não totalmente amassados pelos destroços. Precisava encontrar uma forma de sair dali, antes que uma nova onda de abalos enterrasse definitivamente os dois. Mas não poderia fazer isso arrastando Alfie.

-Eu volto...-suspirou, encarando o corpo dele com lágrimas nos olhos.

       Virou as costas e saiu se esgueirando pelo único caminho que pode identificar naquele lugar, torcendo pra que não fosse parar numa "rua sem saída". Ela caminhava com cautela, temendo pisar em alguma coisa, e de alguma forma causar mais um tremor, mas avançava com um pouco mais de calma do que antes.
      Aquele caminho parecia que iria dar em algum lugar, e percebeu que o chão no qual pisava parecia estranhamente bem feito, indicando que havia sido feito por mãos humanas abaixo dos túneis que estavam. Mas o que poderia ser aquilo?
   Notou também, que conforme se distanciava de Alfie o ar parecia mais puro, como se alguma corrente de ar estivesse fluindo por ali, e ficado livre de toda a contaminação aérea que aquele desmoronamento trouxe. Começou a se animar com a possibilidade de encontrar uma saída e apressou os passos. No entanto, aquela euforia toda foi cortada quando seu corpo colidiu abruptamente contra outra coisa, ou melhor, alguém: Malena ficou quase tão atordoada quanto ela com o impacto, e retrocedeu alguns passos. Natasha notou que a mulher aparentava que havia chorado, e tinha vários arranhões no rosto.
    Morgan revirou os olhos, porque de todas as pessoas do mundo tinha que encontrar justamente com ela? Não que estivesse desejando sua morte, mas pelo menos que ela tivesse se perdido por aí e nunca mais encontrasse seu marido. Suspirou, identificando o quanto a outra estava assustada e em choque.

-Você está bem? -perguntou, se compadecendo do estado da outra.

-Sim...eu...

-Ótimo, então me ajude a tirar Alfie daqui. Vêm! -puxou a mulher pelo caminho que tinha vindo.
  
       Malena ainda estava impactada pelo trauma que havia acabado de passar, mas seguiu a mulher.

-Alfie! -exclamou, assim que percebeu o estado que ele estava. -Está vivo?

-Aham...-concordou. -Junte os braços dele esticados atrás da cabeça, nós vamos carrega-lo e os braços desse jeito vai ajudar a não mexer tanto a cabeça.

Com cuidado e em silêncio, as duas começaram a carregar o homem pra fora dali, na direção que tinham vindo antes e a caminho do local onde Malena alegou que tinham caído, que claramente era uma plataforma de embarque. Sim, Natasha concluiu que definitivamente tinha caído em outra rede de túneis. O lugar estava abandonado e imundo, mas pelo menos estava livre dos destroços e poeira de antes, e aparentemente as luzes vermelhas de emergência tinha funcionado por causa do terremoto, e iluminaram minimamente o ambiente.
     Nat agachou ao lado do corpo dele e procurou ajeitar a cabeça dele da melhor forma possível. Viu que Malena fez o mesmo com as pernas, e mordeu o lábio tentando conter o choro e desespero que tudo aquilo estava lhe causando.

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora