Capítulo 38

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Alfie não estava acreditando que tinha mesmo aceitado fazer aquela loucura. Batucando os dedos sobre a madeira da mesa empoeirada num ritmo desordenado, ele começou a se arrepender da decisão impulsiva que havia tomado, e questionar se ainda daria tempo de voltar atrás. Tinha deixado seus soldados sozinhos naquele galpão e fugido com Natasha até uma casa abandonada, onde foi deixado com a promessa da mulher de que retornaria. Também foi necessário se livrar de tudo que o governo poderia usar para rastrea-lo, mas sabia que poderia facilmente retornar e alegar sequestro de algum grupo criminoso. Só não entendia o que ainda fazia ali, sendo que claramente tinha uma saída para se livrar daquela confusão que se meteu.
Natasha já estava fora a mais de uma hora, e ele sabia que nessa altura do campeonato sua equipe estaria rondando a cidade a sua procura. Estava prestes a levantar daquela cadeira quando a figura conhecida voltou a adentrar a casa como tinha prometido, carregando uma bolsa escura nas costas.

-Está indo embora? -Nat ergueu uma sobrancelha, percebendo a impaciência nos gestos corporais dele.

-Pensei que tinha me deixado aqui.

-Fui buscar suprimentos.-deu de ombros, colocando a mochila sobre a mesa.

-Pensei que me levaria até onde você vive.

Por um momento, Natasha viu o reflexo do soldado robótico que o governo tinha criado passar pelos olhos dele, e ela sabia que uma parte dele tinha gostado daquela notícia por motivos óbvios. Levar Alfie até o local onde moravam seria arriscado demais, e por mais cuidado que tivesse, enquanto não conquistasse a confiança dele não estava disposta a apostar a vida dos seus filhos.

-Claro. -ironizou Natasha, sorrindo de lado.

-Já disse que tirei todos os rastreadores.-suspirou, cansado. -Estou confiando em você, mas parece que isso não acontece dos dois lados.

-Não vou arriscar a vida de outras pessoas. A mesma confiança que você está me dando, é a que estou retribuindo. Estou aqui, sem a garantia que você realmente tirou os rastreadores e correndo o risco de ser emboscada pelos seus amigos.

Nat sabia que a parte fria e calculista dele continuava ali, e que deveria ficar de olho no seu marido se não quisesse denunciar a localização de milhares de pessoas, e foi exatamente por isso que entrou e saiu da base se esgueirando pelas saídas secretas, pra que não fosse seguida e arriscasse mais uma vida. Ela ainda não confiava nele, mas precisava ganhar a confiança dele.

-Pensei que me daria respostas.

-É por isso que te afastei da sua equipe. Sem ninguém para interromper... você tem o tempo que precisa pra perguntar, e eu não tenho nada programado nas próximas horas. Pergunte e eu respondo.

-Preciso de provas também.

-Depois que responder as suas perguntas, posso provar que elas estão corretas.

-Você disse que nós dois não somos daqui...-iniciou prontamente.

Já tinha conseguido se acalmar, e nesse momento assumiu a postura que costumava usar em interrogatórios, o que fez com que Natasha erguesse uma sobrancelha, levemente impressionado pela facilidade que ele teve de se concentrar.

-Se essa história de viagem no tempo realmente existe, o que exatamente estamos fazendo aqui?

-Pensei que fosse perguntar de qual ano a gente veio. -riu. -Nós estamos aqui para ajudar. Porque esse lugar...-apontou ao redor. -Está um cãos! Como você mesmo já deve ter percebido.

-Uma espécie de heróis? -franziu a testa.

-Que humilde da sua parte. -ironizou. -Mas não somos heróis. Só somos...muito bons no que fazemos...

B.M ConsanguineoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora