B.M Consanguineo

Capítulo 37

Alfie estava de volta ao NUM não muito tempo depois de deixar a sala gelada, de pernas bambas e caminhar lento. Mas não poderia passar muito tempo fora se quisesse se manter longe de problemas. Felizmente ninguém ousou interromper a sua visita sorrateira, no entanto, isso não diminuía o risco de várias pessoas o identificarem pelo rosto. A sua sorte, é que até onde pôde perceber as câmeras daquele lugar estavam desligadas, então só precisou lidar com os olhares indesejáveis e acelerar pra longe dali o mais rápido possível.
A ardência na sua nuca ainda marcava presença, e tinha que admitir que teve dificuldade para focar no trânsito porque a sua cabeça parecia desligada e perdida numa coisa só. Natasha estava morta. E não conseguia entender o motivo do governo se esforçar tanto em esconder isso, já que até mesmo as câmeras de segurança foram desligadas e ele sabia que isso acontecia apenas em casos extremos. Todavia, toda essa situação se tornou extremamente irrelevante perto do pequeno surto que a sua mente teve.
Ele duvidava que fosse real porque era maluco demais para explicar, mas também não burro ao ponto de acreditar que aquela cena perfeitamente detalhista havia sido um delírio. Deveria ir ao médico? Contar tudo o que aconteceu a um amigo? Sua namorada?
Negou com a cabeça e subiu as escadas até o seu quarto, disposto a tirar um cochilo pra que aquela ardência irritante fosse embora. Ele entrou, tirou a camisa e se jogou de forma preguiçosa sobre sua cama de solteiro.
O quarto não era pequeno, mas devido a quantidade de camas também não chegava a ser muito espaçoso. Havia as camas de solteiro dos seus amigos, um móvel individual e um guarda roupa compartilhado com setores divididos, sem contar as decoração modernas com as mesmas cores usadas em todo o palácio. Mas pelo menos naquele horário do dia não havia ninguém para incomodar o seu descanso.

-Alfizinho! -Diogo entrou gritando.

Alfie colocou a cabeça debaixo do travesseiro e grunhiu.

-Olha ele aí! E aí?! Como foi com a sua namorada?

Diogo sentou na cama ao lado, e arrancou o travesseiro da cabeça do amigo.

-Não encontrei ela. Aquele lugar estava uma zona.

-É por isso que você deixou a gente na mão?

-No quê? -Alfie abriu os olhos, confuso.

-O vôlei! -exclamou Diogo, indignado. -A gente quase perdeu pra aquele bando de idiotas! Tudo bem que você não é nem um profissional, mas nós já discutimos que você é o nosso mascote da sorte!

-Muito engraçado.-revirou os olhos.-Vocês ganharam e esse é o importante. Então deveria sair daqui e assistir o resto das aulas.

-Tirei licença. -sorriu de lado. -Deixaram a gente sair porque tinha jogo! Eu disse que você estava com a gente, ok? Então se perguntarem, já sabe o que dizer!

-Entendi Diogo...pode me deixar dormir agora? -tentou arrancar o travisseiro das mãos dele.

-Eu aqui sendo um ótimo amigo, e recebo essa ingratidão. -dramatizou. -A nossa relação é muito tóxica, sabia?

Alfie bufou.

-Quer alguma coisa?

-Aconteceu alguma coisa? -indaga Diogo, percebendo que ele estava mesmo com um péssimo humor. -Encontrou a sua namorada com outro?

-Quê? Não!

-Então porque não me conta?

-Eu...-pausou, indeciso. -Ta...eu vou te contar! Mas promete que não vai contar pra ninguém?

-Nem sua namorada? Cara você traiu ela?!

-Claro que não! Dá pra parar de ficar supondo e me escutar?