B.M Consanguineo

Capítulo 35

    Alfie bocejou enquanto descia as escadas da palácio  principal, onde a maioria dos jovens acima ou abaixo da sua idade costumavam viver durante a graduação. Aquele lugar era conhecido como um dos maiores centros de estudos do país e ele, assim como muitos outros jovens passava os dias estudando. Obviamente por conta do seu trabalho nem sempre conseguia assistir a todas as aulas, mas os períodos que passava dentro desses muros deveriam ser bem utilizados para colocar as matérias em dia, afinal se desejava mesmo subir de cargo no exército, precisava tem o seu diploma.
    Nem todos que estudavam ali trabalhavam ao mesmo tempo, mas a sua  turma já estava acostumada aos seus sumiços e podia sempre conseguir os resumos com Malena. Passou a mão pelo rosto, tentando espantar os vestígios da noite mal dormida, e caminhou em direção a mesma mesa de sempre no refeitório. Era bom estar de volta, e depois da quantidade enorme de exames, remédios e procedimentos que fizera na ala médica, sua mente parecia ter finalmente voltado ao normal. Sua vida estava de volta ao normal, e precisava encontrar sua namorada o quanto antes para esclarecer o mal entendido que houve naqueles túneis. Chamar Malena de Natasha foi uma gafe tremenda.

-Olha ele aí! - ouviu os gritos de comemoração dos seus amigos quando o viram chegar.

-Eu sei que vocês me amam, mas primeiro preciso dizer bom dia pra mulher da minha vida! -gracejou, depositando um selinho demorado nos lábios de Malena.

     A mulher sorriu aliviada, sem esconder a expressão boba no rosto de quem estava feliz por ter o namorado de volta ao normal.

-Nós dois ainda temos que conversar. -ameaçou, se lembrando do que ele fez.

-Uhh! -um coro de voz interrompeu.

-Dá pra vocês parar com isso? -Alfie revirou os olhos. -Diogo, também quer um beijinho?

-Não, a sua barba machuca a minha pele. -devolveu, no mesmo tom.

-Fala sério. -Noah revirou os olhos.

-Como está a sua saúde, Alfie? -indaga Ádrea.

-Estou melhor. Os médicos disseram que meu cérebro ainda está um pouco inchado, mas é pouca coisa, e se continuar tomando os medicamentos certinho vou ficar cem por cento logo! -finalmente sentou no espaço ao lado da namorada, roubando algumas bolachas no pote dela.

-E quanto ao trabalho? -questiona Malena, preocupada.

-Dois dias de férias.-deu de ombros.

-Só?! -resmunga Sofia.

-Pelo menos vai dar tempo de colocar a matéria em dia. -deu de ombros. -Amor, você fez algum resumo?

-Sim. Mas esqueci de fazer isso na última aula. -enrrugou o nariz.

-Pode pegar o meu! -diz Noah.

-Todo mundo já sabe como vai estar esse resumo.-critica Diogo.

-Eu ofereci pra você? -devolve.

-Eu aceito seus resumos, Noah.-diz Alfie.

-Viu!-exclamou.

-Claro, o estado dele já é de desespero. -debocha Diogo.

        Ádrea apoiou o cotovelo na mesa de madeira preta e revirou os olhos, acostumada a presenciar aquela dinâmica todas as manhãs. Pelo menos naquele dia o refeitório estava um pouco mais vazio do que o habitual, graças a festa que houve no dia anterior e que provavelmente derrubou muitos. As únicas almas vivas além deles era um casal de estudantes no final do lugar, e as faxineiras limpando as mesas antes do dia começar.
      Aquele palácio era "casa" para muitas pessoas influentes do país, e consequentemente não havia como encontrar uma única sujeira no chão. As coisas eram perfeitamente arrumadas e limpas, combinando e contribuindo para ressaltar a decoração sofisticada baseada nas cores padrões: azul, branco e preto. Alguns chamavam de "Palácio", outros de "casa central", mas o nome exato para  aquele lugar era Centro de Formação NUM (Nova União Mundial).
    
-Eu vou indo! -Sofia se despediu.