Capítulo 34 :

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A porta da suíte se abriu e uma criada entrou. Ela viu Carla, fez um gesto de desculpa e começou a sair novamente.

Carla: Não, espere, você pode entrar agora — com o telefone na mão disse a sua mãe —A camareira está aqui, tenho que desligar. Um beijo mãe, e beije os meninos por mim, certo?

Quando desligou, ela não sabia se estava se sentindo melhor ou pior. Era ótimo saber que seus filhos estavam bem, mas as palavras de sua mãe continuavam martelando no seu cérebro. Sim, sua mãe tinha preconceito contra homens ricos, mas o que dizia, fazia sentido também. Carla quase foi destruída após a separação com Arthur quase um ano atrás. Desta vez, todavia, tinha a distinta impressão que a dor de perde-lo ia ser muito, muito pior.

ARTHUR

Arthur nunca tinha se considerado um covarde. Ora, tinha escalado até o topo do mundo financeiro. Construído um império com nada além de sua coragem e um sonho. Criando um mundo que era tudo que sempre quisera.

Entretanto... algumas horas atrás, havia saído da cama e deixado Carla dormindo sozinha no seu quarto, porque não quisera falar com ela.

Arthur: Mulheres — murmurou ele, inclinando-se contra a balaustrada da proa de Splendor Deck, seus olhos percorrendo o mar — Sempre querem conversar na manhã seguinte. Sempre precisam analisar ou criticar tudo o que você fez ou disse na noite anterior.

Mas não havia nada para analisar, lembrou a si mesmo. Ele a teve, exatamente como planejou, e agora estava tudo acabado... também como tinha planejado. É claro que seu corpo se enrijecia e seu peito se contraia com esse pensamento, mas não importava. O que importava era que teve Carla sob si, sobre si, ao seu redor, e agora podia esquece-la completamente. Sem mais sonhos o perseguindo. Sem mais pensamentos sobre ela.

Estava acabado.

Franzindo o cenho, Arthur observou turistas tomando sol na beira da piscina. Garçons vestidos de branco se moviam entre a multidão, oferecendo drinques típicos. Então, se estava tudo acabado, porque continuava pensando nela?

Porque, reconheceu silenciosamente, aquela noite com a Carla tinha sido diferente de qualquer coisa que ele já experimentou desde a última vez que eles haviam estado juntos. Arthur não era um monge. E, uma vez que era solteiro, não via problemas em ter quantas mulheres quisesse. Contudo, nenhuma mulher jamais mexeu com ele como Carla mexia.

Ela o fazia sentir coisas nas quais ele não tinha interesse. Instigava-o a desejar mais do que deveria. Esta ideia tanto o intrigava quanto o aborrecia. Não estava procurando mais do que sexo casual com uma mulher disposta. E nada sobre Carla era casual. Ele já sabia disso. Então, a melhor coisa que podia fazer era ficar longe dela.

Seria melhor para ambos. Arthur se afastou da balaustrada com desgosto. Mas não ia se esconder no seu próprio navio. Encontraria Carla, e lhe diria que não tinha interesse numa repetição da noite anterior... e agora, quem estava mentindo?

Ele virou-se para ver ela andando na sua direção, e seu corpo enrijeceu de imediato. No sol do fim da manhã ela estava linda. Os cabelos claros voavam soltos sobre os ombros. A blusa se aderia aos seios... sem sutiã... e a boca de Arthur secou. O shorts branco realçava as pernas delgadas. Os olhos castanhos estavam presos nos seus, e Arthur teve que se forçar para permanecer imóvel. Para não puxa-la pelos braços e provar a boca deliciosa mais uma vez.

Carla: Fiquei me perguntando para onde você tinha desaparecido.

Arthur: Eu precisava cuidar de alguns assuntos — replicou Arthur, e isso era parcialmente verdade. Ele já tinha demitido a banda que se recusava a fazer o combinado, e encontraria o empresário de outra banda em meia hora por vídeo-chamada. Mesmo assim, ele a esteve evitando.

Carla: Ouça Arthur...

Arthur: Carla... — ele falou ao mesmo tempo, querendo interromper qualquer tentativa de romantizar a noite anterior. Já era ruim o suficiente refletir muito sobre aquilo.

Carla: Eu primeiro certo? — murmurou ela rapidamente, antes que ele tivesse chance de continuar.

Ela lhe deu um meio sorriso, e Arthur preparou-se para as perguntas como "o que significo para você?". Era por isso que ele normalmente só procurava mulheres que não queriam mais do que uma noite de divertimento.

Carla: Eu só quero dizer que a noite de ontem foi um erro.

Arthur: O quê? — Não era o que Arthur esperava ouvir.

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