Capítulo 32 :

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CARLA

Quando Carla acordou várias horas mais tarde, estava sozinha na grande cama. Afastando os cabelos dos olhos, sentou-se, puxou o lençol de seda branca até o peito e olhou ao redor do quarto, como se esperando que Arthur aparecesse das sombras. Mas ele não apareceu.

Cuidadosamente, uma vez que seus músculos estava doloridos, ela saiu da cama, seguiu o corredor para seu próprio quarto e foi direto para o banheiro. Enquanto tomava um longo banho, sua mente voltou para a noite anterior, fazendo-a imaginar se as coisas seriam diferentes entre eles agora. Contudo, se pensasse sobre isso, se desejasse isso, quão mais desapontada poderia ficar se não acontecesse?

Arthur não fez promessas. Assim como não tinha feito promessas um ano atrás, durante a incrível semana deles juntos. Portanto, basicamente, ela disse a si mesma, ela havia cometido o mesmo erro antes... indo para a cama com o homem que amava... apesar do fato de ele não ama-la.

Carla: Oh, Carla Carolina — ela descansou a testa contra os azulejos brancos, enquanto jatos de água massageavam suas costas — Se você vai cometer erros... e todos cometem...Que sejam novos erros. — disse a se mesma.

Depois do banho, ela vestiu um shorts branco e uma blusa verde-escura. Então tentou pensar no que faria a seguir. O único problema era que não tinha ideia do que fazer com o que estava acontecendo em seu mundo. Aquilo tudo parecia uma ideia simples. Ir até Arthur e lhe contar sobre os garotos. Voltar para casa e para sua vida de sempre.

Mas agora, tudo parecia...complicado.

Falando sozinha sobre decisões estupidas e consequências, Ela olhou para o relógio no criado-mudo e notou o telefone. Instantaneamente animou-se. Era disso que precisava, percebeu. De contato com o mundo real. Falar com sua mãe. Ouvir os gritinhos animados de seus filhos.

Pegando o telefone, ela foi imediatamente atendida pela telefonista do navio, deu o número que queria e esperou enquanto o celular do outro lado da linha tocava e tocava. Finalmente, sua mãe atendeu ofegante e disse:

Mara: Eu não tenho tempo para vendedores. — Rindo, Carla recostou-se contra a cabeceira.

Carla: Olá para você também.

Mara: Oh, Carlinha é você — Ela deu uma risada — Desculpe querida, mas seus bebês estão me deixando meio louca. — Ela sentou mais ereta, a expressão preocupada.

Carla: Eles estão bem mãe?

Mara: Eles estão bem — Ela a tranquilizou — Sou eu quem vai morrer logo. Ter tido so filho já foi exaustivo. Como você faz isso todos os dias, com dois? Se algum dia eu me esquecer de lhe dizer o quanto você é incrível, lembre-me deste momento filha.

Carla: Obrigada, farei isso mãe. Então os meninos estão bem?

Mara: Felizes como moluscos, estão com a vovó deles — disse, então parou e perguntou preguiçosamente — Todavia como sabemos que moluscos são felizes? Não é como se eles sorrirem, assobiassem ou algo assim.

Carla: Um dos grandes mistérios do universo.

Mara: Amém. — Do fundo, Carla ouvia a televisão e pelo menos um bebê chorando.

Carla: Quem está chorando? — Perguntou ela.

Mara: Daniel —respondeu, a voz abafada por um minuto — Estou segurando Davi e lhe dando uma mamadeira, e o Dan quer sua vez. Não tem muita paciência, este menino.

Carla: Verdade, Dan é uma pouco mais difícil do que o Davi — ela  ficou calada então, enquanto sua mãe lhe contava como ia a rotina com os bebês. Ela sorria ao ouvir, mas seu coração parecia doer, também. Queria estar lá, segurando seus filhos, tranquilizando-os, alimentando-os. E sofria por não estar.

Mara: Em resumo, está tudo bem por aqui — finalizou sua mãe — E você? Como Arthur recebeu a notícia?

Carla: Ele não acredita em mim.

Mara: Bem, ele é um imbecil.

Carla fez uma careta. Sua mãe não era uma grande fã de Arthur. Ela havia sido cortejada com luxo e depois havia sido dispensada por um homem rico alguns anos atrás, e desde então, não tinha muita fé nos homens em geral... e não particularmente nos homens ricos.

Carla: Mas ele fez o exame de DNA, e o resultado será enviado por fax para o nosso laboratório. Terá a prova amanhã ou depois, e não poderá continuar negando.

Mara: Ótimo. Então você volta para casa certo?

Carla: Sim — Ela puxou a bainha do shorts com a ponta dos dedos.

Não ficaria a bordo do navio durante o cruzeiro inteiro. Fez o que tinha ido fazer lá, e permanecer perto de Arthur mais tempo que o necessário só iria complicar ainda mais as coisas.

Mara: Eu amo os meus netinhos — estava dizendo — Mas acho que eles estão tão prontos para sua chegada quanto eu.

Carla: Sinto tanta saudade deles — o coração dela se contraiu novamente ao ouvir o choro zangado de Daniel.

Mara: Hã-hã. Agora fale por que você realmente ligou.

Carla: Eu liguei para saber dos meus filhos.

Mara: Quanta consideração.

Carla: Pra saber de vocês Dona Mara. — disse sorrindo.

Mara: Oh, em parte sim. Agora eu quero ouvir o resto — insistiu  ela.

Carla: Não sei o que você quer dizer.

Mãe sempre sabia das coisas, agora que era mãe, sabia disso!

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