Capítulo 44 :

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CARLA

Apesar de estar quase enlouquecendo de ansiedade, Carla passou o resto do dia em sua garagem, trabalhando numa cesta de presente que deveria ser entregue em dois dias. Se Arthur queria brincar de papai, então ela o deixaria ver como era lidar com dois meninos gêmeos.

Parecia estranho estar em casa, e ainda assim separada dos meninos, mas precisava deixar Arthur perceber que não estava preparado para ser pai. Tinha que fazê-lo entender que tirar os filhos dela seria uma péssima ideia para todos.

Somente o pensamento sobre aquela ameaça enviou calafrios por toda sua coluna. Arthur era rico. Tinha condições de pagar os melhores advogados do país. Podia contratar babás e guarda-costas, e comprar qualquer coisa que o juiz pudesse pensar que os meninos precisariam.

Carla: E em que posição isso me deixa?

Uma mãe solteira com uma conta bancaria patética e um escritório na garagem de casa. Carla não tinha a menor chance, se Arthur decidisse lutar pela custodia dos filhos. Mas por que ele faria isso? Tal pensamento continuava girando em sua cabeça, e ela não conseguia abandona-lo. Tudo aquilo era para puni-la? Não passava de uma demonstração de força? Mas por que ele se empenharia tanto para mostrar seu poder?

Balançando a cabeça, Ela embrulhou a cesta completa em papel celofane de películas retrateis, ligou seu secador de cabelo portátil, e direcionou o ar quente sobre o plástico. A cesta de presentes começou a tomar forma, e ela sorriu, apesar do estado frenético de sua mente. Quando terminou, deixou a cesta sobre sua mesa de trabalho, onde, pela manhã, amarraria um grande laço vermelho no topo, antes de embalar para ser entregue. Por agora, estava cansada, com fome e muito curiosa para ver como Arthur estava se saindo com os garotos.

Ela entrou na cozinha pela porta de conexão e parou por um momento apavorada, enquanto seu olhar percorreu o cômodo pequeno, geralmente limpo e arrumado. As paredes vermelhas e os gabinetes brancos foram basicamente tudo que reconheceu. Havia leite em pó espalhado ao longo da mesa redonda, mamadeiras descartadas que não tinham sido lavadas, e uma torre de babadores sujos que Arthur aparentemente havia usado para limpar a sujeira.

Maneando a cabeça, ela andou em silencio até a sala de estar, quase temendo o que poderia encontrar lá. Não havia um único som na casa. Sem televisão. Sem bebês chorando. Nada.

Franzindo o cenho, Carla continuou andando pela sala, notando mais mamadeiras vazias, um saco aberto de fraldas sobre a mesinha de centro, ao lado de uma caixa de lenços umedecidos para bebês. Ela rodeou o sofá e parou subitamente. Arthur estava deitado, dormindo sobre o tapete de sua avó, e de cada lado dele, havia um bebê adormecido.

Carla: Oh meu Deus —  Ela permaneceu parada ali, hipnotizada pela visão de Arthur e seus filhos, tirando uma soneca juntos.

Uma única lâmpada lançava um brilho dourado sobre os três, mesmo enquanto os últimos raios de sol se infiltravam pela janela da frente. A respiração regular de Arthur e os suspiros suaves dos gêmeos eram os únicos sons na sala, e ela gravou aquela imagem em sua mente, de modo que no futuro pudesse recordar aquela imagem e reviver este momento.

Havia alguma coisa tão doce, tão terna naquela cena. Arthur e os filhos. Juntos finalmente.Seu coração se comprimiu dolorosamente no peito quando o amor pelos três inundou. Oh, estava tão encrencada. Amar Arthur não era uma atitude sábia. Ela sabia que não havia futuro para eles. Tudo que ele queria era participar da vida dos filhos... isso não incluía aproximar-se da mãe deles.

Então, o que devia fazer? Como podia amar Arthur quando sabia que nenhum bem poderia resultar desse sentimento? E como seria capaz de manter os filhos longe dele quando tinha consciência de que os meninos precisariam do pai tanto quanto Arthur precisaria deles?

Carla: Por que tem que ser você quem toca meu coração? — ela sussurrou, olhando para baixo e vendo o homem que tinha invadido sua vida e mudado seu mundo. E, enquanto o observava, os olhos de Arthur se abriram lentamente e prenderam os seus.

Arthur: Eu toco seu coração? — perguntou ele baixinho.

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