Capítulo 14 :

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Teresa: Carla. Prazer em vê-la — disse a mulher mais velha, andando na sua direção com passos determinados. O sorriso parecia sincero, e os olhos verdes inteligentes eram calorosos quando ela estendeu a mão num cumprimento amigável. Carla ficou feliz em estender a sua mão.

Carla: Prazer em vê-la, também, Teresa

Elas tinham se conhecido durante aquela semana magica com Arthur mais de um ano atrás. Normalmente, como diretora de um dos cruzeiros, Carla nunca teria entrado em contato com a mão direita do grande chefe. Mas como a mulher que teria um caso com Arthur, Carla conheceu Teresa quase imediatamente.

Teresa tinha sido bastante amigável, até que a verdade sobre Carla ser uma das funcionárias de Arthur apareceu. Então, a fria e eficiente Teresa havia desenhado uma linha na areia, metaforicamente falando. Escolheu defender Arthur e se certificar de que Carla nunca mais tivesse a chance de se aproximar dele. Na época, aquilo deixou ela furiosa, mas agora podia entender esse tipo de lealdade. E até aprecia-la de certa forma.

Carla: Como vai? — Ela sorriu ao perguntar, determinada a manter o tom de voz amigável.

Teresa: Ocupada —a mulher mais velha deu de ombros. —Você conhece o chefe. Ele nos mantem ocupados.

Carla: Sim — concordou — Ele sempre nos manteve ocupadas.

Um longo momento desconfortável se passou antes que Teresa dissesse:

Teresa: Então, você sabe que as cabines do RivieraDeck foram fechadas.

Carla: É por isso que estou aqui — disse ela, dando uma olhada para os dois lados do corredor vazio — Eu vi Eva Tupini mais cedo, que me contou que ela e o marido tinham sido transferidos. Então fui a minha cabine e não consegui entrar. Alex me enviou para cá.

Teresa: Ótimo — Teresa e nem um fio de seus cabelos escuros e curtos saiu do lugar com o movimento. Ela apontou atrás de Carla para o fim do corredor largo — A suíte dos Tupini é por ali. Agora, se você me acompanhar, eu a levarei para sua nova cabine. Podemos conversar enquanto andamos.

Elas seguiram para o lado oposto dos Tupini. Andando em direção à proa do grande navio, Carla olhou casualmente para as obras de arte no caminho, e tentou entender o que estava acontecendo. Ser escoltada pela assistente do dono, parecia incomum. Um comissário de bordo não deveria ter sido encarregado de leva-la as suas novas acomodações? Mas isso importava? Carla esforçou-se para acompanhar os passos de Teresa, que parecia estar sempre acelerada.

Teresa: Você não imagina — disse por sobre os ombros, — Como Arthur ficou apavorado ao descobrir que as cabines do deck mais abaixo tinham sido alugadas.

Carla: Apavorado, não? — Ela fez uma careta. Claramente Teresa ainda era fiel a ele. — Então por que as alugou? — Teresa diminuiu um pouco o ritmo da caminhada.

Teresa: Foi um engano. As cabines baixas deveriam ter sido fechadas antes de deixarmos o porto para esta viagem de estreia. A pessoa responsável por ir contra as ordens do chefe foi repreendida.

Carla: Repreendida? Ou simplesmente demitida sem referências? — perguntou numa voz baixa.

Teresa parou subitamente e Carla quase colidiu com ela.

Teresa: Arthur não demite pessoas indiscriminadamente, você sabe disso — Teresa ergueu o queixo enquanto defendia seu chefe —Você mentiu para ele. Por isso foi demitida, Carla.

Ela enrubesceu. Sim, mentiu. Não pretendeu, mas era isso que tinha acontecido. E uma vez que a mentira começara, ela não conseguiu encontrar um jeito de sair da situação. Entretanto, ele poderia ter lhe ouvido depois que a verdade havia sido revelada.

Carla: Ele poderia ter me deixado explicar — argumentou, e encontrou os olhos verdes com firmeza.

Apenas por um instante, as feições duras de Teresa se suavizaram um pouco. Ela maneou a cabeça e suspirou.

Teresa: Ouça, Arthur não é perfeito...

Carla: Uma admissão e tanto vindo de você. — Teresa sorriu.

Teresa: Verdade. Eu o defendo. Faço o que posso para ajudá-lo. Arthur é um ótimo chefe. E tem sido bom pra mim. Não estou dizendo que a maneira que ele lidou com a situação de vocês foi certa...— Carla a deteve, erguendo ambas as mãos.

Carla: Sabe de uma coisa? Esqueça isso. Faz mais de um ano. É passado. E qualquer coisa que Arthur e eu tivemos acabou. — Teresa inclinou a cabeça para um dos lados e estudou-a positivamente.

Teresa: Você realmente pensa assim?

Carla: Acredite em mim — disse, recomeçando a andar — Arthur me esqueceu completamente.

Teresa: Se você diz — Teresa parou diante de um conjunto de portas duplas. Gesticulando uma mão para as portas com um floreado, murmurou: — Aqui estamos. Sua nova acomodação. Espero que goste.

Carla: Tenho certeza que será maravilhosa. Muito melhor do que Riviera Deck de qualquer forma.

Teresa: Oh, não há menor dúvida quanto a isso — concordou Teresa com um sorriso —Entre agora. Suas roupas já foram penduradas. Tenho certeza de que eu a verei novamente.

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