Capítulo 45 :

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Arthur: Fala Carla, eu toco o seu coração? — Sendo pega em flagrante, não fazia sentido tentar negar o que já tinha admitido em voz alta. Ela se ajoelhou.

Carla: Você sabe que sim.

Tomando cuidado para não acordar os gêmeos, Arthur se sentou, contorcendo-se de leve com a rigidez de suas costas. Mas o olhar não vacilou. Ele continuou encarando-a com intensidade, e Carla desejou que pudesse ler o que ele estava pensando. O que estava sentindo. Mas como sempre, os pensamentos de Arthur eram privados, as emoções tão controladas que ela não tinha ideia do que se passava por trás daqueles olhos.

Arthur: Então por que você foi embora do navio tão rapidamente? — questionou Arthur.

Carla: Você sabe por que — Apenas a memória da loira nua foi o bastante para deixa-la totalmente tensa.

Arthur: Eu nem a conhecia — ele relembrou com um tom defensivo na voz.

Carla: Não importa — disse ela, abaixando o tom de voz quando Daniel começou a se mexer. Não pretendia acorda-lo. Não queria entrar naquela discussão agora. Contudo, uma vez que acontecia, não fazia sentido evitar o assunto. — Arthur, você não vê? A loira foi somente um exemplo vivo de como somos diferentes. Ela me fez perceber o quanto eu estava deslocada naquele navio. Com você.

Ele estendeu uma mão, alisou o rosto dela com a ponta do dedo, então colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha direita. Carla tremeu com o contato, mas respirou profundamente e firmou-se. Querer não era o bastante. Amor unilateral não bastava. Ela precisava de mais. Merecia mais.

Carla: Eu não pertenço ao tipo de vida que você leva, Arthur. Nem os meninos.

Arthur: Mas você poderia pertencer — disse ele, a voz rouca indicando intimidade, sedução — Vocês três poderiam. Poderíamos todos morar no navio. Você sabe que há muito espaço. Os garotos teriam espaços para brincar. Eles conheceriam o mundo, aprenderiam sobre culturas diferentes, línguas diferentes.

Tentador, tão tentador, exatamente como ele queria que fosse. Um sorriso relutante curvou a boca de Carla, mas ela maneou a cabeça enquanto olhava de Arthur para os gêmeos, e de volta para ele.

Carla: Eles não podem ter uma vida real morando a borde de um navio, Arthur. Precisam de um quintal. De parque. Escolas. Amigos — ela parou gesticulando as mãos no ar e acrescentou — De um cachorro.

Arthur desviou o olhar para observar os bebês dormindo, antes de voltar fita-la.

Arthur: Nós contrataremos tutores. Eles podem brincar com as crianças que são passageiras. Poderíamos até mesmo ter um cachorro, se eles quisessem. Daria certo, Carla. Nós poderíamos fazer dar certo.

Embora uma parte dela ansiasse por acreditar nele, ela sabia, no fundo, que não se tratava de Arthur querer estar ao seu lado, encontrando uma maneira de integrar a vida dos dois  mas de ele descobrindo os filhos e querendo estar perto deles.

Carla: Não, Arthur — sussurrou ela, maneando a cabeça com tristeza — Isso não seria justo com os meninos. Ou conosco. Você não me quer. Somente seus filhos. E entendo isso. Acredite, eu entendo. — Arthur, pegou a mão dela e acariciou os dedos com o polegar.

Arthur: Não, não somente os meninos, Carla. Você e eu...

Carla: Nunca daria certo — terminou ela por ele, apesar do calor penetrando em sua mão, subindo pelo braço e então se espalhando pelo seu corpo inteiro.

Como ela desejava que tudo fosse diferente. Que ele pudesse ama-la como ela o amava. Mas Arthur Picoli simplesmente não era o tipo que se comprometia com uma mulher. Era melhor lembrar disso e manter o coração o mais seguro possível.

Arthur: Você não pode saber. Nós poderíamos tentar — Os olhos dele estavam tão iluminados, com desejo e com a promessa de algo tão delicioso que fez ela desejar que tivesse coragem para assumir o risco.

Mas não era apenas consigo mesma que precisar se preocupar agora. Era seu dever proteger dois pequenos corações. E não poderia arriscar que seus filhos sofressem por causa daquela situação. Contudo, em vez de dizer isto, em vez de argumentar com Arthur, ela puxou sua mão e falou suavemente:

Carla: Ajude-me a preparar os meninos para a cama, tudo bem? — Ele dobrou uma das pernas e abraçou o joelho, enquanto continuava prendendo o olhar de Carla.

Arthur: Isto não acabou, Carla. — Quando se inclinou para pegar Daniel, ela parou, encarou aqueles olhos penetrantes e disse:

Carla: Tem que acabar, Arthur.

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