Capítulo 26 :

1K 95 30
                                    


CARLA

Três dias depois, o navio atracou em Ilhéus.

Eva: Ora, vamos — incentivou Eva — Venha a praia comigo e com João. Ele vai mergulhar, e eu adoraria uma companhia enquanto gasto todo o dinheiro que economizamos tendo ganhado o cruzeiro completo. — Carla rir

Carla: Não, obrigada. Acho que vou ficar a bordo e relaxar. — Eva suspirou em derrota.

Eva: Não entendo como você pode relaxar quando está nessa suíte com Arthur Picoli. Estou casada há vinte cinco anos, e só de olhar para o homem sinto ondas de calor.

Carla sabia exatamente o que a amiga queria dizer. Pelos últimos dias, ela e Arthur vinham passando quase todos os minutos juntos, e quando estavam ali naquela suíte, as acomodações espaçosas pareciam encolher. Ela sentia-se quente o tempo todo, e sabia que, com o menor movimento errado, poderia entrar em ebulição.

Eva: Alô? Terra chamando Carla?

Carla: Desculpe — ela sorriu, passou uma mão pelos cabelos e deu um suspiro tremulo — Suponho que minha mente esteja vagando.

Eva: Hã-hã, e posso imaginar para onde?

Carla: O quê?

Eva: Oh querida, você está perdida, não é? — Eva inclinou-se para frente e apertou-lhe a mão brevemente. Embaraçada e temendo que Eva pudesse estar certa, Carla argumentou:

Carla: Eu não sei o que você quer dizer.

Eva: É claro que sabe — o sorriso de Eva se ampliou — Eu falo o nome do Arthur e seus olhos brilham.

Carla: Oh, Deus...

Eva: Ei, qual é o problema? Vocês dois são solteiros. E claramente estão atraídos um pelo outro. Vi a expressão do olhar de Arthur quando ele a olhava durante o jantar de ontem.

Os quatro haviam jantados juntos na noite anterior, e embora Carla imaginasse que eles passariam horas desconfortáveis considerando a tensão entre ela e Arthur, todos haviam se divertido. Na verdade, ver Arthur interagir com João Tupini, ouvi-lo rir e contar histórias sobre cruzeiros passados tinha realmente aberto os olhos dela.

Por tanto tempo pensava nele apenas como um jogador. Um homem interessado em levar o máximo de mulher para cama. Um homem que não estava interessado em nada além do prazer momentâneo.

Agora percebeu vislumbres de um homem diferente. Um que podia se divertir com pessoas que não eram "celebridades". Um homem que podia comprar camisetas tolas para bebês que nem mesmo sabia se eram seus. Um homem que podia faze-la tremer de desejo somente com um olhar.

Eva: Você quer conversar sobre isso? — Perguntou Eva.

Carla respirou fundo, e observou ao redor da sala para evitar o olhar perceptivo de Eva. A luz do sol se infiltrava pelas porta de vidro, preenchendo o espaço, criando sombras nos cantos. Estava silencioso agora, com Arthur em algum lugar do terraço e com os motores desligados enquanto o navio estava no porto.

Fitando Eva, ela pensou em lhe contar a história inteira. Na verdade, gostaria de conversar com alguém, e nos últimos dias Eva tinha provado ser uma boa amiga. Mas não podia fazer isso agora. Não queria explicar como ela e Arthur haviam se unido, feito dois filhos, e depois se separado. Era uma história longa demais.

Carla: Obrigada — murmurou ela com sinceridade — Acho que não. De qualquer forma, você não tem tempo para ouvir, João esta lhe esperando.

Eva franziu o cenho, mas aparentemente percebeu que Carla não queria conversar. Levantando-se, ela falou:

Eva: Certo, eu irei. Mas se você decidir que precisa de alguém para conversar...

Carla: Eu me lembrarei, obrigada.

Sozinha com seus pensamentos frenéticos. Sozinha com o desejo que queimava em seu interior. Subitamente inquieta, ela se levantou, atravessou a sala e saiu da suíte. Subiria ao deck e se sentaria ao sol. Tentaria não pensar. Tentaria relaxar.

Comentem

Dois Corações 💕Onde histórias criam vida. Descubra agora