Capítulo 39 :

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ARTHUR

Assim que o navio atracou, Carla foi embora. Assim como a loira. E ele não tinha demitido a empregada. Arthur detestava o fato de que Carla estivesse certa sobre o que aconteceu, como podia demitir a moça quando todos no navio sabiam que ele tinha mulheres entrando e saindo de sua suíte o tempo inteiro? Em vez disso, ele instruía Teresa, para rebaixar o posto da criada, enviando-a para decks inferiores, e avisa-la que, se ela aceitasse outro suborno de passageiros, estaria desempregada.

Sentado à mesa de seu escritório, ele virou a cadeira de modo que ficasse de frente para o mar imenso. Não estava vendo os últimos raios de sol refletindo na água como um punhado de diamantes espalhados ao longo de sua superfície. Não notou os tons brilhantes de vermelho e violeta pois o pôr do sol pintava um mural no céu. Em vez disso, sua mente continuava a presenteá-lo com a última visão que ele teve de Carla. Parada na porta do quarto, a mala na mão, com uma expressão que era um misto de arrependimento e decepção.

Arthur: Que direito ela tem de ficar desapontada comigo? E por que eu me importo com o que a Carla pensa? — murmurou ele. — To puto, to puto.

Pretendia tê-la e abandoná-la. Tinha sido o seu plano, e exatamente o que aconteceu. Deveria estar satisfeito. Em vez disso, seu cérebro continuava questionando por que Carla ficou tão furiosa por causa da loira. Estava sendo possessiva? Ela gostava realmente dele?

Isso importava?

Então ele olhou para a única folha de papel que ainda segurava na mão. O fax do laboratório, era claramente legível. Seu DNA combinava com os dos gêmeos.

Arthur Louzada Picoli era pai. Sentia-se tão orgulhoso quanto apavorado.

Arthur: Eu tenho dois filhos — disse, precisando ouvir as palavras em voz alta. Então sentiu alguma coisa comprimir seu peito, até que fosse quase impossível respirar.

Ele era pai. Tinha uma família.

Os dois garotinhos que nem mesmo tinha consciência de sua existência, só estavam vivos por sua causa. Levantando-se da cadeira, Arthur andou até o banco de vidro que o separava do oceano adiante e apoiou uma das mãos na superfície fria da janela. Filhos. Gêmeos. Sentiu aquele desconforto novamente de emoção reprimida e murmurou:

Arthur: A questão é, como lidar com isso? Qual é a melhor maneira de lidar com a situação?

Carla havia partido, presumindo que ele manteria distancia, que se comunicaria com ela através de um advogado. Arthur franziu o cenho para o mar e sentiu uma pequena, porem inegável, onda de raiva o percorrer, misturando-se a uma sensação de orgulho e confusão, fazendo-o tremer num turbilhão de emoções que não estava acostumado a experimentar.

Ele era um homem que deliberadamente mantinha distancia da maioria das pessoas. Gostava de ter aquela zona de conforto que impedia qualquer um se aproximasse muito. Agora isso ia mudar. Tinha que mudar. Carla achava que o conhecia. Pensava que ele ficaria contente em permanecer um estranho para seus filhos. Que prosseguiria com sua vida, pondo Daniel, Davi e ela de lado. Provavelmente pensava que ele ficaria satisfeito de não passar de uma carteira gorda para seus filhos.

Arthur: Ela está errada — disse ele e fechou a mão sobre o vidro — Posso não saber nada sobre ser pai, mas aqueles meninos são meus. E ninguém vai me manter longe deles. —  Virando-se, ele apertou um botão no interfone e chamou: —Teresa?

Teresa: Sim chefe? — Arthur dobrou o relatório de DNA, guardou no bolso de sua camisa e falou:

Arthur: Ligue para o aeroporto. Contrate um avião particular. Eu vou voltar para o Rio de Janeiro.

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