Capítulo 7 :

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ARTHUR

Arthur se levantou tão rapidamente que sua cadeira inclinou para trás, as rodinhas girando contra o piso de madeira, até que o espaldar bateu contra a parede de vidro antes dele.

Arthur: Isso é uma brincadeira?

Arthur segurou o cartão azul-claro em uma mão e olhou para os dois rostinhos. Os bebês eram idênticos, exceto por suas expressões. Um olhava para a câmera e sorria, mostrando muita gengiva e uma covinha profunda. O outro parecia estar observando o fotografo com um olhar sério, quase pensativo, no rosto. E os dois se pareciam muito com ele.

Gêmeos?

Num instante diversos tipos de emoções o percorreram. Raiva, frustação, confusão e raiva novamente. Como podia ser pai? Ninguém que conhecia tinha engravidado. Isso não podia estar acontecendo. Ele olhou para o escritório vazio, como se esperasse que alguém aparecesse do nada e lhe dissesse que aquilo era apenas uma brincadeira.

Mas nada aconteceu. Não era uma brincadeira.

Bem, esta não era a primeira vez que uma mulher o abordava com a alegação de que ele seria pai. Mas com toda certeza, era a primeira vez que alguém usava um método tão criativo para fazer isso.

Arthur: Mas quem? —  Arthur pegou o envelope, contudo, apenas o seu nome estava escrito numa letra feminina. Virando o cartão, que ainda segurava, viu mais daquela letra:

"Nós precisamos conversar. Vá a cabine A2no Riviera Deck".

Arthur: Riviera Deck — embora detestasse admitir, ele não sabia ao certo qual era aquele deck. Tinha muitos navios em sua linha marítima, e esta era sua primeira vez naquele em particular. Apesar de pretender fazer desse seu lar, ainda não teve tempo de explorar o navio inteiro, como fazia com todos os navios que carregava seu nome.

Assim, Arthur atravessou a sala para os quadros emoldurados na parede que continham as plantas detalhadas do navio. Ele gostava de vê-los, de saber que possuía familiaridade com cada centímetro de todos os seus navios. Gostava de saber que tinha sucesso na criação de um sonho que começou dez anos atrás.

Mas no momento, não estava pensando em sua linha de cruzeiros ou em nada que se referisse a negócios. Agora tudo que queria, era encontrar a mulher que lhe enviou aquele cartão, de modo que pudesse assegurar-se de que era algum engano.

Estreitando seus olhos, deslizou um dedo ao longo dos decks até achar aquele que estava procurando. De acordo com o mapa, Riviera Deck ficava abaixo das cabines de tripulação.

Arthur: O que está acontecendo? —  Enfiando o cartão com a fotos do bebês no bolso da sua camisa de mangas curtas, ele virou-se em direção a porta e gritou —  Teresa! — A porta se abriu alguns segundos depois e sua assistente entrou, os olhos arregalados de susto:

Teresa: Meu Deus, o que houve? Estamos tendo um incêndio ou algo assim? — Arthur ignorou a tentativa de humor. Apontando um dedo para o mapa do navio coberto por vidro, disse:

Arthur: Olhe isto — Teresa atravessou a sala, olhou para o quadro, então para seu chefe:

Teresa: Para o que estou olhando exatamente?

Arthur: Isto — ele bateu o dedo contra o deck mais baixo no diagrama — O Riviera Deck

Teresa: E?

Arthur: Há pessoas hospedadas lá embaixo.

Teresa: Oh. — Satisfeito, ela entendeu rapidamente. Arthur acrescentou:

Arthur: Quando a restauração do navio foi finalizada, e o navio estava pronto, falei especificamente que aquelas cabines mais baixas não deveriam ser usadas.

Teresa: Sim, você falou chefe — Teresa pegou seu computador portátil e digitou algumas teclas — Vou fazer uma checagem e descobrir o que aconteceu.

Arthur: Faça isso — disse ele, furioso, que alguém, em algum lugar, não lhe deu ouvidos — Por enquanto descubra quantas cabines daquelas estão ocupadas.

Teresa: Certo. — Enquanto Teresa trabalhava no pequeno dispositivo eletrônico, Arthur maneou a cabeça.

Aquelas cabines baixas eram muito velhas e muito pequenas para serem usadas em um dos seus navios. Claro, elas haviam sido melhoradas na reforma, mas tê-las e usa-las eram duas coisas diferentes. Aquelas cabines, pequenas e escuras não eram o tipo de imagem que Arthur queria associar com sua linha de cruzeiros marítimos.

Teresa: Chefe —Teresa olhou — Segundo o registro, somente duas das cabines estão sendo usadas.

Arthur: Pelo menos isso. Quem está lá embaixo?

Teresa: A cabine A1 está ocupada por João e Eva Tupini.

Ele não conhecia ninguém de nome Tupini, e o cartão viera da pessoa que ocupava a outra cabine naquele deck. Então Arthur esperou.

Teresa: Na A2 está...—A voz de Teresa falhou e Arthur observou sua assistente normalmente disposta a mordiscar o lábio.

Arthur: O que foi? — Quando ela não respondeu imediatamente, ele exigiu saber — Fale de uma vez quem está na outra cabine.

Teresa: Carla — Teresa respondeu e suspirou — Carla Diaz está na A2, Arthur.

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