O exame de DNA foi feito com rapidez, e logo Carla e Arthur estavam de volta no carro, dirigindo-se para o cais novamente. Sua angustia era imensa, a cabeça girava. E o fato de estar trancada dentro de um carro numa rua congestionada não ajudava. Precisava caminhar. Precisava respirar. Necessitava se sentir livre.Virando-se para Arthur, falou de repente:
Carla: Podemos descer? Andar o resto do caminho para o cais?
Arthur a olhou, e o que viu no rosto dela deve tê-lo convencido, porque ele assentiu, e falou com o motorista em espanhol. Um momento depois, o taxi parou no meio-fio. Carla desceu de modo afobado e inalou o ar marítimo frio enquanto Arthur pagava a corrida.
Turistas e locais lotavam a calçada, andando apressadamente para todas as direções. Carla prendeu a bolsa embaixo do braço esquerdo e virou o rosto para a brisa que vinha do mar.
Arthur: Estamos a diversos quarteirões do navio — disse Arthur quando se juntou a ela na calçada — Você vai conseguir andar nesses sapatos?
Carla: Vou conseguir. Eu só... precisava sair daquele carro e me movimentar um pouco.
Arthur: Eu não lembro de você tão ansiosa — comentou ele. Ela riu, e a risada soou nervosa até para seus próprios ouvidos.
Carla: Não ansiosa realmente. É só, desde que os meninos nasceram, eu não estou acostumada a ficar parada. Eles me fazem correr o dia inteiro, e sentada num carro, eu me senti presa numa gaiola, e o fato de estarmos em silencio também não ajudou. Tínhamos acabado de sair do laboratório, e meu cérebro estava em intensa atividade e....
Arthur interrompeu o fluxo frenético de palavras erguendo a mão.
Arthur: Eu entendi. E também gosto da ideia de tomar um pouco de ar. Então, por que não começamos a andar?
Carla: Claro. Isso seria ótimo
Deus, Ela não pretendera um fluxo de consciência ali. Se ele não a tivesse interrompido, o que mais ela poderia ter falado? Arthur pegou-lhe o braço para vira-la, e o calor que o toque provocou nela foi o bastante para ferver seu sangue e fazê-la arfar. Não é um bom sinal.
Musica vinha da porta aberta de uma cantina, e dois turistas jovens embriagados saíram tropeçando na calçada. Arthur a puxou para mais perto, de modo que eles passassem o casal, mas mesmo depois, não a liberou. Não que ela se importasse.
Arthur: Então como é um dia típico para você agora? — Perguntou ele enquanto eles andavam.
Carla: Típico? — Ela riu, apesar do fato de seus nervos estarem a flor da pele e seu corpo em chamas devido ao braço de Arthur rodeando a sua cintura — Aprendi rapidamente que com os bebês na casa não existe algo como típico.
Ela arriscou uma olhada para ele, e os olhos se conectaram com os seus por um segundo intenso. Então Arthur assentiu e disse:
Arthur: Certo, então descreva um de seus dias típicos para mim.
Carla: Bem, para começar, meus dias começam muito mais cedo do que antes — murmurou ela — Os gêmeos dormem a noite inteira agora, graças a Deus, mas estão acordados e animados por volta das 6h da manhã.
Arthur: Isso não deve ser fácil — O braço ao redor da cintura dela afrouxou um pouco, mas ele não a liberou, e ela sentiu quase como se eles fossem um casal de verdade. O que era um pensamento perigoso.
Carla: Não — respondeu ela rapidamente, a fim de frear sua imaginação com fatos frios.
A vida deles era tão diferente que ele nunca seria capaz de entender como era o mundo dela. Arthur acordava quando tinha vontade, tomava café da manhã em seu quarto, então passava o resto do dia vagando dentro de um navio, certificando-se se seus passageiros estavam felizes.
Ela, por outro lado...
Carla: Há duas fraldas que precisam ser trocadas, dois corpinhos que precisam ser vestidos, e duas bocas pedindo pela mamadeira de manhã. Eles compartilham um quarto com dois berços, e eu vou de um para o outro, como um piloto automático — Ela sorriu quando as imagens de seus filhos lhe vieram a mente.
Sim, era muito trabalho. Sim, muitas vezes ficava cansada. E não, ela não mudaria nada daquilo.
Arthur: Como você consegue cuidar de dois deles?
Carla: Você entra num ritmo — replicou ela com um dar de ombros que escondia o quanto tinha sido difícil achar esse ritmo — Davi é mais paciente que o irmão, mas eu tento não usar isso como desculpa para cuidar sempre de Daniel primeiro. Então, eu revezo. Uma manhã começo pelos cuidados de Davi, e na manhã seguinte é a vez de Daniel. Alimento um de cada vez, depois os coloco nos berços, de modo que possa começar a lavar a primeira carga de roupa do dia.
Arthur: Você os deixa sozinhos nos berços? — Instantaneamente defensiva, ela o fitou.
Carla: Ele estão seguros e felizes, não é como se eu os jogasse numa gaiola e fosse me divertir. Estou sempre lá. Mas preciso ser capaz de fazer as tarefas domesticas e não posso deixá-los no chão, desacompanhados, posso?
Arthur: Ei, ei — disse ele, o braço apertando ao redor da cintura dela — Isso não foi uma crítica...
Carla lhe deu um olhar duro.
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Dois Corações 💕
Fiksi PenggemarSinopse: Arthur Picoli. Montou um projeto "Malhando a bordo" Que deu muito certo, hoje ele é Bilionário. Muito ocupado, muito importante para responder aos seus e-mails. Ele até mesmo se lembraria dela? Olharia o nome do endereço de e-mail se pergu...