Capítulo 11 :

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CARLA

Por volta das seis da tarde, depois da aula de zumba, que foi obrigada a participar, Carla estava mais do que pronta para tomar algumas taças de vinho com Eva.

Ela deixou sua cabine abafada e sufocante apenas minutos depois que Arthur tinha saído. Francamente, a presença dele foi praticamente imprimida no minúsculo espaço, fazendo a cabine parecer menor do que era. O que não havia parecido possível, em sua opinião.

Mas Arthur a abalava mais do que Carla pensava. Apenas a proximidade dele lhe despertava sentimentos e emoções que ela teimava ignorar em mais de um ano atrás. Agora tais emoções estavam de volta, e ela não sabia como lidar com elas.

Afinal de contas, não teve muita experiência com esse tipo de coisa. Antes de Arthur só houve outro homem em sua vida, que não a afetava nem de perto da maneira que Arthur a afetou. É claro, desde Arthur, os únicos homens em sua vida preferiam babar em seu ombro e dançar romanticamente no escuro.

Só o fato de pensar em seus garotinhos causou um aperto no coração. Ela nunca os deixou antes, e, apesar de saber que os gêmeos estavam em boas mãos, detestava não estar com eles.

Carla: Mas eu estou neste navio para o bem dos meninos — relembrou-se com firmeza.

Com tal pensamento em mente, olhou para o interior do Bar. Como em todos os outros lugares do navio, Arthur não tinha sido mesquinho. As paredes de madeira clara brilhavam na luz que vinha de candelabros altos em formato de lemes. O bar era uma curva elegante de madeira clara, com o topo de granito da cor de mel derretido.

Conversas fluíam num murmurinho constante, pontuadas pelo ocasional tinir de cristais ou por risadas suaves. Primeiro dia no mar, e a festa já tinha começado. Bem, para todos, exceto para Carla. Ela não estava exatamente no humor de comemorar, depois que Arthur saíu de sua cabine.

Na verdade, havia passado a maior parte do dia deitada numa espreguiçadeira no Veranda Deck, exceto a aula de dança. De tempos em tempos seus pensamentos tinham retornado para Arthur. O rosto dele. Os olhos claros. O semblante de rejeição no primeiro momento que olhou para a foto dos filhos.

Carla; Oh Deus — sussurrou ao sentir uma angustia no peito novamente.

Xxx: Carla!

Uma voz de mulher a chamou, virou –se naquela direção. Viu Eva, parada perto de uma das mesas ao longo da parede, acenando e sorrindo-lhe. Grata, Carla trilhou seu caminho entre as mesas repletas de gente. Quando chegou a mesa, sentou-se numa cadeira e sorriu para a taça de vinho que já a aguardava.

Eva: Espero que não se importe. Pedi a taça para você assim que cheguei — disse Eva, dando um gole na sua própria taça tamanho gigante.

Carla: Importar-me? —murmurou ela, pegando o copo gelado — Está brincando? Isto é fabuloso — Após tomar um longo gole, ela recostou-se e olhou para sua nova amiga.

Eva estava praticamente saltando da cadeira, os olhos brilhando com excitação. Seus cabelos loiros pareciam desalinhados pelo vento, e a pele estava rosada como se tivesse tomado muito sol hoje.

Eva: Procurei você pelo navio inteiro após a aula — disse Eva, sorrindo como uma tola — Eu precisava vê-la. Descobrir onde eles a colocaram. — Carla piscou e balançou a cabeça.

Carla: Como assim me colocaram? Quem me colocou onde? — Eva estendeu o braço e pegou a mão dela para um rápido aperto.

Eva: Oh meu Deus. Você não voltou para o buraco, voltou?

Carla: De jeito nenhum — replicou ela com um suspiro — Depois do meu encontro, subi e esperei você para a aula, adiando o momento de voltar para lá. Quando você foi tomar banho eu fiquei no Deck tentando ler um livro.

Eva: Então você não sabe.

Carla: Sei o que? — Ela estava começando a pensar que talvez Eva tivesse tomado vinhos demais —Sobre o que você está falando?

Eva: Da coisa mais incrível. Mal posso acreditar, e eu vi. — ela bateu uma das mãos sobre sua blusa azul e gemeu como se estivesse no meio de um orgasmo.

Carla: Eva... o que está acontecendo?

Eva: Certo, certo — a loira pegou seu drinque, deu um grande gole e disse — Aconteceu logo no começo desta tarde. Eu ia falar pra você durante a aula, mas esqueci. João e eu estávamos no Promenade Deck olhando todas as lojas. Bem, eu estava olhando, João estava sendo arrastado por mim com relutância —admitiu ela —E quando nós saímos do Conduru, uma loja que você deveria ver, eles tem coisas fantásticas lá.

Carla imaginou se havia uma maneira de fazer Eva seguir um único raciocínio tempo bastante para lhe contar o que estava acontecendo. Mas provavelmente não, então ela deu um gole no seu próprio drinque e se preparou para esperar. Não precisou esperar muito.

Eva: Quando saímos — Eva estava dizendo — Havia um comissário de bordo esperando por nós. Ele falou "Sr. E Sra. Tupini?" de um jeito tão oficial que por um momento me perguntei o que tínhamos feito de errado, mas então João indagou: "Do que se trata?", e o comissário pediu que nós o seguíssemos.

Carla: Eva...— Sua nova amiga sorriu.

Eva: Eu estou chegando lá, sério. É por isso que isso tudo aqui é tão incrível, certo —ela acenou uma mão no ar para informar, que iria continuar a história, então murmurou — O comissário nos levou para a suíte do dono, você sabe: Arthur Picoli.

Carla: Sim —respondeu — Eu sei quem é ele.

Eva: Quem não o conhece, pelo menos nos países onde se fala Portugues? —disse Eva com uma risada, então continuou — Estávamos lá parados, no meio de uma suíte que parece um palácio, e Arthur Picoli em pessoa chega para se apresentar para nós, e pede desculpas sobre a cabine do buraco.

Carla: O que? — Ela apenas olhou para a outra mulher, incerta do que fazer com aquela informação.

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