Capítulo 19 :

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Bônus +

Carla: Porra Arthur! — Ele levanta as sobrancelhas — Por que eu mentiria?

Arthur: Hum, questão interessante — disse Arthur — Eu poderia dizer que você já mentiu antes, mas então nós concordamos em não falar do passado.

Carla não sabia se queria suspirar em frustação ou se queria chuta-lo debaixo da mesa. Aquilo estava sendo tão mais difícil do que imaginava. De alguma maneira, tinha se convencido de que Arthur acreditava nela. Que ele olharia para a foto dos bebês e saberia instintivamente que aqueles eram seus filhos. Enganou-se.

Tudo ao redor deles... o tintilar de cristais finos e as conversas murmuradas das outras pessoas que jantavam, proporcionavam um pano de fundo que era mais barulhento do que qualquer outra coisa. Do outro lado das janelas que alinhavam uma das laterais do restaurante, a noite estava escura e o mar infinito. O brilho das luzes coloridas vindo das extremidades do deck parecia quase com um arco-íris que brilhava somente a noite. E ao seu lado, o homem que perseguiu seus sonhos e criara uma nova vida que para ela permanecia esperando, observando.

Quando Carla começou a falar, um garçom se aproximou com uma garrafa de champanhe dentro de um baldo prata. Ela fechou a boca e mordeu o lábio enquanto o garçom numa taça de cristal oferecia a bebida para Arthur experimentar. Após aprovado, a champanhe foi servida primeiro para ela, depois para Arthur. Uma vez que o garçom desapareceu no meio da multidão, ela pegou sua taça e deu um gole no champanhe, esperando aliviar a súbita secura na sua garganta.

Arthur: Então? — incentivou Arthur, a voz rouca e baixa parecendo penetra-la — Fale-me sobre os gêmeos.

Carla: O que você quer saber? — Ele a olhou.

Arthur: Tudo.

Assentindo, Carla respirou fundo. Normalmente, ficava mais do que feliz ao falar sobre seus filhos. Até mesmo era conhecida por importunar completos estranhos no supermercado com histórias sobre as façanhas dos gêmeos. Mas esta noite era diferente. Importante. Então, escolhendo as palavras com cuidado, ela começou de modo simples.

Carla: Eles se chamam Lucas Daniel e Davi Lucas. — Arthur franziu o cenho e deu um gole em seu próprio champanhe.

Arthur: Lucas? — Ele levantou a sobrancelhas — Nome de alguém da família?

Carla: Do meu avô — respondeu ela em tom de defensiva, como se estivesse preparada para discutir sobre seu direito de nomear os filhos como bem entendesse. — E eu gosto do nome deles.

Arthur: Foi um gesto bonito de sua parte — comentou ele após um momento, surpreendendo-a — Continue.

Enquanto as pessoas ao redor riam, conversavam e relaxavam, havia uma tensão quase palpável na mesa deles. A voz de Carla era baixinha e, Arthur se inclinou para mais perto a fim de ouvi-la, fazendo-a arfar com a proximidade.

Carla: Daniel é risonho e feliz o tempo todo. Sorri do momento em que acorda até o minuto em que vai dormir à noite — Ela sorriu também, só de pensar nos seus bebês —Davi é diferente. Ele é mais...introspectivo, suponho. Seus sorrisos são raros, e mais preciosos por causa disso. Está sempre observando. Estudando. Eu adoraria saber o que ele está pensando na maior parte do tempo, porque mesmo aos quatro meses, parece que é um filosofo.

Ele a olhava fixamente, e ela podia ver seus dois filhos no rosto de Arthur. Eles eram tão parecidos com o pai que ela não entendia como ele podia duvidar por um momento que os bebês fossem dele.

Arthur: Onde eles estão agora?

Carla: Com minha mãe, Dona Mara — Que provavelmente estava exausta — Os meninos são loucos por ela, e ela os ama muito. Eles estão bem.

Arthur: Então por que você ficou tensa de repente? — Ela suspirou, recostou-se e admitiu:

Carla: Esta é a primeira vez que me separo deles. Parece... errado, de alguma maneira. E sinto saudade dos dois. Muita. — Os olhos de Arthur se estreitaram enquanto ela pegava o copo e bebia mais um gole do champanhe. Observando-a por sobre a borda da taça, engoliu, antes de devolver a mesa.

Arthur: Não deve ser fácil ser mãe solteira.

Carla: Não, não é — admitiu ela, pensando agora no quanto se sentia cansada todas as noites, quando colocava os garotos na cama.

Fazia tempo que ela não se sentia desperta depois das 20h da noite que era estranho estar sentada num restaurante as 21h. Mas antes o normal era este, quando se preocupava somente consigo mesma. Quando não tinha dois garotinhos dependendo dela. Deus, como havia sido capaz de suportar a quietude? O vazio em sua pequena casa? Nem mesmo podia imaginar uma vida sem seus filhos agora.

Carla: Mas — acrescentou ela, quando ele não disse mais nada — Juntamente com todo trabalho, uma mãe tem seus benefícios para si mesma. Eu não preciso compartilhar os pequenos momentos. Fui eu quem os viu sorrir pela primeira vez, quem os viu acordar para o mundo ao seu redor.

Arthur: Então, uma vez que você não está querendo compartilhar os bons momentos, isso significa que não está interessada em me ter envolvido na vida dos gêmeos — disse ele, pensativamente —Tudo o que quer é pensão alimentícia?

Ela ficou um pouco tensa. Não tinha considerado que Arthur pudesse querer participar da vida dos filhos. Ele não era o tipo de homem "família". Era um homem festeiro. O sujeito que namorava, mas não levava a moça para conhecer a mãe.

Carla: Nós dois sabemos que você não tem nenhum interesse em ser pai, Arthur.

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