Just One Night | Izana Kurokawa

Twenty - One

[Nome]

- Chama a ambulância porra. - Yuzuha gritava.

Olhei em volta, e não tinha mais aquele tanto de gente. Kakucho estava segurando o Izana para não vir até mim, e logo saíram os dois. Mikey estava ao lado do Baji a minha frente, e então meus olhos queriam encher de lágrimas, porque por um momento, quem eu queria aqui era o Izana.

Minhas visões começavam a ficar como flash, acredito que estava desmaiando e tentavam me manter acordada. Quando a ambulância chegou, sinto meu corpo sendo posto na maca. Sentia os aparelhos e mãos geladas com luvas e minha roupa sendo aberta.

- Está fundo essa ferida. - um paramédico fala ao analizar meu ferimento.

Lisa soube certo onde me esfaquear. Eu perdi muito sangue e estava fraca. Abro meus olhos ao sentir a máscara de oxigênio no meu rosto. Yuzuha está na ambulância comigo, e está falando ao celular, fico me perguntando se é o Izana..

- Ela vai precisar de uma cirurgia. - mesmo com os olhos fechados eu conseguia ouvir o médico - Órgãos foram perfurados.

- Eu dou notícias dela. - era a voz da Yuzuha - Agora vai embora Izana.

Izana..

Sabe! Não lembro muito da minha mãe, ela me deixou quando era criança e sempre me manda cartões postais. Quer dizer, eu encaro como abandono, afinal me mandar só cartas não é um relacionamento que uma filha quer ter com a mãe. Apesar disso, sinto saudade dela. Uma luz muito branca praticamente me cega. Que cacete. Quando ela some, olho pro céu. Lindo, com um sol radiante e o céu azul. Olho para o ambiente que estou, era um campo verde e algumas árvores. Olho para meu corpo e eu estou em um vestido solto e branco, com flores azuis.

- Você chegou. - uma voz familiar. Quando viro para trás vejo minha mãe. - Oi minha filha.

- Mãe. - vou abraçá-la - Senti saudades.

- Eu também minha gatinha. - ela fala acariciando meu cabelo. - Como você cresceu.

Depois de abraçar minha mãe, senti minha bochecha molhar. Era minhas lágrimas, apesar de sentir raiva dela, ela era minha mãe, e eu a amava. Ela segurou minha mão e fomos andando pelo gramado. Ali estava tão calmo, tão em paz ? Será que eu morri ? Mas acho que isso não é o céu.

- Mãe ? - falo ao sentamos - Eu morri ?- ela me olha e sorri.

- Quando você nasceu. - suspiro - Eu te trazia em lugar parecido com esse. Você ficava querendo ir no lago e eu queria te bater porque você sempre molhava o vestido bonito que colocava em você. - dei risada.

- Por quê você me deixou ? - umedeço meus lábios involuntariamente e a encaro - Por quê me deixou mãe ? - repito a pergunta.

- [Nome] - ela suspira - No mundo em que eu vivia, para você não é bom. - Explica - Eu me metia com drogas bem pesadas. - ela encara o chão - Eu me arrependo muito disso.

- Você sempre me manda cartas e cartões postais. - faço uma pausa - dizendo que está feliz.

- É tudo mentira. - ela da risada - Nossa, eu mataria por um cigarro agora. - ela respira fundo

- Como assim ? Mentira ? - pergunto.

- Tenho uma amiga, que viaja para vários lugares. - minha mãe me olha - Então eu pedi para ela sempre te enviar com o meu nome.

- E aonde você está ? - pergunto e ela fica quieta.

Não falamos mais nada. Ela não me respondeu e eu não insisto na resposta. E apesar de estar triste com essas condições, eu estava feliz de estar com ela .. apesar das coisas que ela me contou. Do nada, apareceu duas crianças pelo campo. Cabelo branco como o do Izana e um de cabelo escuro, era o Kakucho. Eles corriam e brincavam e davam altas risadas. Izana estava feliz e aquilo me fez sorrir.

- Aquele é seu namorado quando criança. - minha mãe aponta para ele. - Tão travesso como agora.

- Izana. - fico sorrindo feito boba ao lembrar dele.

- Ele está preocupado com você. - ela fala e se deita na grama - Porra, realmente queria um cigarro.

- Ele me pediu para não ir.. na - penso no que vou falar - Conflito. - falo pela metade.

- Eu sei. - ela me olha de canto de olho e me deito ao lado dela. - Acho que ele imaginava que algo ruim ia acontecer com você.. ou ele.

- Pode ser. - suspiro - Você sabe o que aconteceu com ele ? - Ela abre um sorrio fraco.

- Ele tinha a mãe e a avó. - explica - Avó morreu quando ele ainda era um bebê, deixando tudo o que tinha para ele. A mãe o abandonou quando ele ainda era menino. Izana cresceu sozinho, não sabia o que era o amor. Ele tem o Kakucho.. tinha o Shinichiro que o amava como um irmão. - ela me encara - E agora tem você. - ela faz uma careta - Quer dizer, tinha, a decisão vai ser sua.

A decisão vai ser minha ? Eu nem sei o que eu escolho para comer no café da manhã. Isso é uma decisão séria. Voltar ou ficar aqui com a minha mãe. Sinceramente acho que o inferno me aguarda. Já que transei duas vezes na igreja, e ao lembrar me faz dar risada. Porra. Eu sou muito pecadora do caralho. Mas confesso que ver o Izana assim, criança, frágil me deixa de coração quentinho. Mas ao mesmo tempo tenho vontade de socar a mãe dele. Que tipo de monstro faz isso com o próprio filho ?

Então olho a minha mãe e penso o que ela fez isso comigo. Me abandonou por drogas e apesar dela falar que se arrepende, o vazio não se tampa. Mas a gente aprende a conviver com ele. Olho em volta novamente e Izana não está mais lá e minha mãe está em pé. Então também me levanto e ela está séria. Vira de frente para mim e eu viro para ela.

- Eu quero guardar esse momento para sempre. - ela acaricia minha bochecha - Minha menina.

Não respondo nada, mas sinto minha bochecha ficar molhada, então percebo. Eu estou chorando, e ela também está segurando o choro, mas está sorrindo. Um vento muito forte começou a bater na gente, mas por algum motivo não fico preocupada.

- Está na hora. - ela fala - Decide filha. Eu te amo.

- Eu te amo mãe. - murmuro

Ela beijou minha testa e eu fechei os olhos no mesmo momento, sentindo uma paz muito grande. E então, um clarão bem forte, em seguido uma escuridão. Mas abro meus olhos lentamente. Sinto um tubo na minha garganta respirando por mim. Olho em volta, estou no hospital.