Capítulo 4

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N

aquela semana, eu me peguei pensando na proposta que Jonathan principiou a fazer, e admito que essa ideia alimentou meu tesão do banho por mais de uma vez. Sexo a três eu tinha visto em revistas, apenas. Parecia interessante, mas eu não sabia se teria coragem. Como Jonathan havia dito, não era o mesmo que chegar em uma festa. Tinha que ter alguma coisa a mais.

Era por volta das quatorze horas quando Jonathan mandou mensagem para o celular de minha mãe perguntando se eu estava livre. Eu respondi logo em seguida dizendo que sim, e ele não demorou a aparecer.

O bolo já estava pronto, então eu fiz suco para nós. Era um dia quente. Mamãe estava costurando tapetes de tiras coloridas no quarto dela e só parou para receber o Jonathan, depois ficou todo o tempo ocupada e fazendo um barulho constante que enchia toda a casa.

Jonathan e eu conversamos sobre assuntos diversos e divertidos. A princípio, foi como se nunca tivéssemos falado de safadezas. Ele falava sobre outras pessoas, sempre em tom de troça, então puxei a orelha dele, literalmente, quando ele estava perto de mim.

— Você é muito fofoqueiro, mano. Eu que nunca contava um segredo pra você.

— Eu não sou fofoqueiro. Você é o meu melhor amigo. Ou era, né. É bom saber que você nunca vai me contar nada.

Estávamos sentados na minha cama; ele saiu e foi pra janela. Me levantei e fui atrás.

— Eu nem tenho segredo nenhum.

— Já era, mano! Você já falou que não é meu amigo.

— Ó o drama do bicudo! — O abracei por trás. — Fica assim não, neném!

Jonathan se inclinou sobre a janela com os braços cruzados sobre o parapeito e ficou olhando para fora. Como ele ficou pensativo e em silêncio, pus meu queixo sobre sua cabeça.

— O que você tá olhando lá fora?

— Nada. Eu gosto de ficar olhando.

— E a sua mina?

Ele demorou a responder. E eu fiquei tenso por ter perguntado porque isso significava ressuscitar o assunto da semana anterior.

— Vi domingo só. Eu não tenho muito tempo.

— Ela ainda tá com aquelas ideias?

— Ela não falou dessa vez. A gente só deu uma volta, eu não tinha dinheiro pra gente ir num lugar mais legal.

— Hum. Entendi.

— E você? Ficou com alguém esses dias? Alguma menina da igreja?

— Não, nem saí de casa. Só trabalhei e fui pro curso, e as meninas de lá não me dão muita bola.

Jonathan ergueu o pescoço, me obrigando a levantar a cabeça. Esse movimento o fez ficar mais colado em mim, suas costas em minha barriga por causa da diferença de altura. Um contato quente e tenso, pelo menos da minha parte. E eu não sabia exatamente o porquê.

Não falamos nada. Eu tinha pensado nas coisas que Jonathan tinha dito, uma semana antes. Ele querendo ver meu pau, a ideia da namorada, ele de bruços na minha cama rindo para mim com a boca vermelha, a pele cor-de-rosa e os olhos esverdeados. Não eram coisas que passavam despercebidas. Ali mesmo, naquela janela, nenhum movimento parecia natural ou despropositado. Eu estava muito consciente de tudo o que aquele menino fazia. Consciente e curioso. O que ele faria a seguir? Será que ele tinha noção do quanto aquela proximidade era indecente, mesmo entre dois garotos? Apenas eu achava aquilo inapropriado?

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