Capítulo 7

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"Tô doido pra te ver." Ele mandou numa noite de sábado.

Eu tinha acabado de chegar de um evento na igreja. Minha mãe tinha insistido muito e eu tinha ido com ela, apesar de ter trabalhado o dia todo.

"Tá com saudades, é?"

"Admito. Tô nu na cama, pensando em você." Dessa vez ele foi direto, sem meias palavras.

"Tá querendo o que comigo?"

"Adivinha"

"Sentar no meu pau"

"E mais alguma coisa."

"Já pensou se eu mostro isso pra alguém?"

"Eu sei que você não vai fazer isso comigo. Quer ou não?"

"Quero, porra! E agora! Dá pra gente sair agora?"

"E ir aonde?"

"Tem um lugar certo pra esse tipo de encontro. Começa com MO, termina com TEL. Seu pai não tem carro?"

"Tem, mas eu não quero pedir. Ele vai querer saber aonde vou, e a mulher dele vai ficar me enchendo. Ela tem ciúmes, aquela vaca."

"Ciúme de quem? De você?"

"É. E eu não tenho dinheiro."

"Mano, isso é estranho. Por que sua madrasta vai ter ciúme?"

"Acredita em mim, porra!"

"Eu acredito. Mas você vai ficar aí pelado na cama pensando em mim?" — O negócio já estava todo fodido mesmo, então nem adiantava fazer pose. Estava na hora de começar a falar claro. "Eu quero você. E só você."

"Tem um lugar. Daqui a pouco eu te falo se deu certo ou não."

"Tá bom. Eu tenho dinheiro, se precisar."

Tremendo ante a expectativa, eu tomei banho e me vesti. Minha mãe tinha ido se deitar, mas ela sempre via quando eu saía. Bati na porta dela:

— Mãe, talvez eu tenha que dar uma saída. Mas vai ser coisa rápida.

— Aonde você vai, Obedran?

— Aqui perto. E é talvez. Eu não sei ainda.

Jonathan mandou mensagem poucos minutos depois.

"Uma hora dá pra gente?"

"Dá, mano. Dá pra você dar muito com uma hora."

"Idiota! Me espera perto daquela igreja que você vai."

"Mas logo lá, mano?"

"Então conta duas esquinas pra frente e me espera lá, na mesma rua."

Fui até onde ele sugeriu. Ele apareceu logo em seguida usando um casaco grande, de capuz, com as mãos escondidas nos bolsos. Caminhamos apressados até a mesma casa da primeira vez, na rua escura.

Não conversamos até chegar ao local; Jonathan não estava à vontade. Antes eu estava com receio, com mil coisas conflitantes na cabeça, mas assim que o vi, eu só queria chegar logo num lugar íntimo. Mas ele, que sempre foi tão espontâneo, estava contido e com medo. Nem parecia ele.

A casa também estava diferente. Menos limpa, sem o colchão grande. Agora havia apenas um colchonete, e o casaco que Jonathan usava, meio despropositado para a noite quente, serviu bem.

Mal chegamos ao quarto dos fundos, onde se podia acender a luz, eu o agarrei. Ele estava travado, mas correspondeu mesmo quando eu segurei seu rosto e beijei sua boca. Das outras vezes ele se esquivava se eu tentasse ser carinhoso. Prendi seu rosto com as mãos, envolvi seus lábios com os meus e meti a língua em sua boca dando vazão ao desejo que eu sentia. Ele ficou parado no início, depois correspondeu ao beijo enquanto desabotoava a calça com dedos nervosos. Não tínhamos tempo para joguinhos.

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