08 - Regata agora é nudez

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— Não demore — Ten avisa de antemão, antes de eu entrar no banheiro

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— Não demore — Ten avisa de antemão, antes de eu entrar no banheiro.

Por um segundo eu desejo responder de uma maneira grosseira, mas apenas tranco a porta. Os momentos que sucedem a este são um pouco íntimos e sofridos demais. Eu odeio usar banheiro público. Tudo bem, estamos numa pousada de beira de estrada e eu definitivamente vou tomar banho depois disso daqui, mas mesmo assim me incomoda. Para fazer minhas necessidades, claramente causadas pelo bendito motorista, eu preciso sentar nas minhas próprias mãos, que estão apoiadas no vaso sanitário, porque eu não tenho o mínimo de condição para encostar minha bunda nesse negócio aqui. Sinto-me um nojo.

Eu não sei quanto tempo eu levo até chegar ao chuveiro para tomar banho. Não sei o tempo que levei no sanitário. Minha barriga agora está sensível e eu preciso de um banho para limpar a alma. Enquanto molho meu corpo com a água super gelada (como alguém consegue viver tomando banho assim?), tomo um susto ao escutar alguém repentinamente bater à porta do banheiro repetidas vezes. 

— Você morreu nesse banheiro, Taeyong? 

Sério, isso não faz sentido. O meliante literalmente me segue até o banheiro para tirar a minha paz!

— Me deixe em paz! — grito de volta.

— Eu vou arrombar essa porta e vou te tirar daí do jeito que você estiver!

Eu não respondo dessa vez. Minha primeira ação é olhar o jeito que estou e acabo por imaginar ele me puxando todo molhado e pelado do banheiro. Até parece que ele seria capaz de fazer isso! E se fizer, eu sou capaz de processá-lo também. Na verdade, tem mais de dois processos que estou guardando e com certeza vou comunicar ao meu advogado.

Por ora, ignoro-o completamente. Termino o meu banho, me enxugo, visto uma roupa diferente da de antes. Eu basicamente ponho uma calça de veludo bege, um tênis branco que comprei com Jaehyun, uma camisa de algodão branca com manga curta e um colete marrom estilo suéter. Eu tiro uma foto em frente ao espelho e posto na internet com o escrito: “Provavelmente morto, mas ainda sim estou vivo.” Depois disso, saio do banheiro e me esbarro com Ten no meio do corredor. 

— Oh, finalmente! — ele faz o favor de revirar os olhos, muito embora tenha me olhado de cima a baixo quando me viu sair do banheiro. — Já estava chamando os bombeiros. 

— Você deveria aprender a ser mais paciente. 

— Não, obrigado — dá de ombros. — Vamos logo, eu já paguei pelo uso do banheiro. 

— Você é bem gentil, sabia? — vou caminhando até o fim do corredor com ele ao meu lado.

— Eu vou cobrar extras, só pra você saber. 

Fazemos a curva e enfim aparecemos no saguão. 

— Não deveria. 

— Hm — ele acelera os passos para fora da pousada e sou obrigado a acompanhar seu ritmo. — Suas roupas são todas iguais, é? 

— Eu não estava vestindo isso ontem — olho para a minha roupa.

— Me parece que sim. 

Ergo os olhos para Ten, que não está olhando para mim, e sim para frente. Descemos as escadas e eu observo melhor sua roupa. 

— Bom, pelo menos eu não estou praticamente nu — é o que respondo e, juro, isso parecia melhor na minha cabeça. 

Ten solta uma gargalhada. 

— Regata agora é nudez?

— Eu nunca disse isso. 

— Ah, disse, sim… — por incrível que pareça, assim que chegamos ao carro, Ten abre a porta para mim. 

Eu entro e me sento, aguardo que feche a porta pra mim. Ele percebe meu sorriso orgulhoso e simplesmente deixa a porta aberta, indo do outro lado entrar também. Reclamo baixinho sobre o comportamento dele e puxo a porta de volta. Pelo menos essa porta da frente tem alça para puxar, porque a do banco traseiro é preciso puxar pela janela. Eu teria pena, mas eu sinto tanta raiva dele que estou completamente indiferente a isso. 

— E só para você saber, Taeyong — começa, o tom irônico serpentando o ambiente. Apenas escuto o baque da porta antes da sua voz: — Isso se chama estilo. Eu nunca me vestiria de uma maneira tão sem graça como você. Parece que não tem o mínimo de personalidade. 

Quê? 

— Eu não tenho personalidade? E você? Será que não lavar o carro, escutar música ruim e ser arrogante é uma personalidade? Eu posso falar mais um milhão de coisas também…

— Eu só falei da sua roupa — ele se vira pra mim.

— Falou da minha personalidade — corrijo. 

— Nossa, como você é chato! — põe a chave na ignição. 

— E como você é assassino!

— Desde quando matei alguém?

— Você quase me matou duas vezes! 

— Quando? 

— Me atropelando e por envenenamento. 

Ele fica alguns segundos olhando para mim, incrédulo. 

— Olha, me desculpe pelo lance do iogurte, tá? Eu não queria te fazer mal.

Eu cruzo os braços e tiro a alça da bolsa do meu ombro. Um suspiro é tudo o que solto antes de Ten desistir da conversa e ligar o motor. A vibração percorre o carro e meu corpo, até que ele acelere e estejamos de volta em movimento na estrada. 

— Está tudo bem — por fim, é o que falo. Não quero que ele se sinta culpado, embora tenha sido irresponsabilidade dele. — Eu vou ficar bem logo. 

CRAZY TAXI (BY MISTAKE) ✘ tae.tenOnde histórias criam vida. Descubra agora