Levei horas para melhorar. Não foi bem uma intoxicação alimentar, acho que só estive mal mesmo. Agora estou melhor, mas a preguiça me abraça com força. No meio da tarde acabei dormindo e acordei agora há pouco. Não sei exatamente que horas são, mas já está escuro o suficiente para que os postes estejam sendo ligados. O rock pesado que Ten estava escutando alto agora nada mais é que um amontoado de guitarra e bateria num volume um tanto aceitável. Mesmo assim, é enjoativo. Não sei como ele aguenta.Bocejo meio cansado e me movo, para então perceber que meu corpo está um caco e que talvez eu tenha ficado, mais uma vez, muito tempo numa mesma posição. Isso me deixa chateado, mas não ao ponto de conversar com Ten. Ele está em silêncio, mas sei que sabe que acordei. Ele até que é bem atento com o trânsito, não está tão rápido quanto antes, porém parece estar apressado. Pelo menos isso não me soa como algo ruim, já que da outra vez foi trezentas vezes pior.
— Posso mudar a música? — pergunto.
— Não.
— Por favor?
— Continua sendo não.
— Só uma música.
— Pra mexer no rádio, precisa pôr um adicional no meu pagamento — ele olha rapidamente para mim, porém não tarda a pôr os olhos no retrovisor.
— Você não acha que já me extorquiu demais, não?
— De modo algum.
Fico em silêncio, mas noto um pequeno sorriso no canto dos lábios dele. Ten tira uma das mãos do volante para afastar a franja dos olhos, depois fica totalmente sério de novo. Então solta um suspiro. Distraio-me olhando a firmeza com que suas mãos apertam o volante e depois encaro a estrada escura. Só tem dois caminhões e um carro perto de nós. Parece ser uma viagem que nunca vai ter fim e isso chega a ser desesperador. Bem, eu gosto disso. Posso focar nessa palavra: desespero. Desespero é algo que eu gostaria de trabalhar um dia.
Por ora, subo a janela por conta de um ventinho meio frio demais e depois me abraço contra a porta travada. Vou cochilar um pouco, porque ainda estou com sono. Não acho que vou dormir muito. É só um pouco.
★★★
Quando abro os olhos, a primeira coisa que vejo é o céu meio desbotado. O silêncio permeia tudo. Estamos estacionados no meio de uma estrada que aparentemente foi fechada, cercados por mato e árvores. Deve ser de manhã bem cedo, está começando a amanhecer. A temperatura está mais baixa que ontem, então sinto minha pele meio arrepiada por isso. No entanto, mal noto as coisas ao redor quando percebo que um cobertor marrom está sobre mim. Isso não é meu. Eu não trouxe um cobertor, porque achei que ficaria num hotel todas as noites. Agora solto um suspiro e deslizo a mão por ele. Isso deve ter vindo de algum lugar, obviamente...
Eu olho para o lado e não encontro Ten no banco de motorista. Isso me preocupa. Olho para o lado de fora, mas não tem ninguém. Nada. Apenas as árvores, grama e insetos. Não há nenhum humano ao redor. Viro-me para o banco de trás e finalmente vejo Ten. Sim, ele está dormindo. Deitado no banco traseiro, tem um travesseiro debaixo da cabeça e está com os joelhos dobrados. Além disso, está abraçando a si mesmo, como se estivesse com frio e quisesse se aquecer. Ponho os olhos em mim, para o cobertor sobre meu corpo. Ele é de Ten. E Ten me cobriu com ele enquanto eu estava dormindo.
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CRAZY TAXI (BY MISTAKE) ✘ tae.ten
Fanfiction« se ten era um dos piores taxistas do país, por que é que alguém de tão boa índole como taeyong estaria dentro daquela lata-velha? » taeyong tinha apenas um compromisso naquele fim de semana: um evento acadêmico que o trouxera àquelas bandas descon...