01 - O começo da jornada

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taeyong

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taeyong

— Está tudo aqui? — pergunto gentilmente olhando-o nos olhos, muito embora ele se vire de costas para pegar minha edição favorita de As Flores Do Mal.

— Está, sim. Não confia em mim? — Jaehyun me entrega o livro e eu sorrio gentilmente para ele. 

— Apreciando perguntas retóricas ultimamente, Jung? — solto uma pequena risada ao enfiar o livro dentro da minha bolsa terracota de veludo. 

— Bem, só queria certificar — ele sorri para mim, mas depois sai correndo até o banheiro do hotel. 

— Para um pouco, senão vou enlouquecer!

— Desculpa... Quase esqueci seu kit de higiene pessoal — ele surge com o bendito kit e coloca na bolsa no exato momento em que estou colocando a alça atravessada no peito.

— Está tudo bem, Jae... Eu vou sobreviver. Rapidinho chego em Pequim, não precisa se preocupar. Além do mais, você deveria estar se arrumando para ir visitar sua mãe, não? 

— De fato... — ele solta um suspiro e abaixa a cabeça. 

— Espero que ela fique melhor logo. Não é bom ficar doente tão seriamente quando se é mais velho, porque deixa a pessoa bem abatida. Mas ela vai ficar bem, tenho certeza. Cuide dela, certo? 

— Eu irei, sim. Obrigado, Taeyong. Obrigado mesmo. 

— Ah, sem problemas...

— Quando eu voltar, posso trabalhar em dobro. Eu detesto te deixar viajar sozinho, Taeyong... 

— Fica frio, não já te disse? Eu já sou grandinho. Tudo bem que você é meu braço direito e me ajuda em exatamente tudo da minha vida, por isso meus pais te contrataram... Mas pense bem, agora que já somos maiores e sou dono de mim, o fato de você ainda trabalhar como meu assistente pessoal significa que você é muito útil e capacitado. Não é só porque tirou alguns dias de folga para acudir uma emergência familiar que é uma pessoa ruim ou deva necessariamente compensar. Eu te entendo, Jae. Está tudo bem. 

— Obrigado, Taeyong. Mas eu fico preocupado mesmo assim. Sabe, gosto de acompanhá-lo... É bom poder estar por perto para ajudar. 

— Eu vou me virar. 

Jaehyun me olha orgulhosamente e eu sorrio com isso. 

— Tem certeza que não quer ir de avião? — me questiona pela quinta vez só hoje. 

— Tenho... — balanço a cabeça. — Estou bem, sério. Sinto falta de viajar de carro com meus pais. Queria sentir essa nostalgia... E, também, estamos em Bangkok... Acho que não demora tanto assim para chegar em Pequim, né? 

— Depende do transporte utilizado. Acho que não vai demorar muito, tenha certeza. Contratei um taxista especialmente para te levar até o hotel em Pequim. Lá, não se esqueça de treinar toda a palestra que irá ministrar, para que assim sua memória esteja fresca. 

— Tudo bem, obrigado. 

Solto um suspiro e ponho minha mão sobre o ombro dele. Amigavelmente, eu sacudo um pouco e ambos rimos das nossas preocupações bestas. Vamos caminhando juntos pelo hotel, prestes a fazer o check-out. Jaehyun cuida dessas questões no meu lugar, assim como também pede um táxi. Disse que irá me deixar onde o tal taxista virá me buscar, enquanto ele vai diretamente para o aeroporto para que volte à Coreia. Ele tem as obrigações dele como filho, assim como eu tenho minhas obrigações como artista. Cada qual vivendo sua vida. 

Ambos nos conhecemos desde crianças. Jaehyun é filho de uma antiga funcionária lá de casa, e muitas vezes ele ia para ajudá-la. Naturalmente nos tornamos amigos e já na adolescência meus pais pensaram em pagá-lo para me ajudar. Sempre foi mais amizade do que emprego, por isso o considero mais amigo do que funcionário. Obviamente, com o tempo ele ganhou mais responsabilidades, assim como eu, porque vivo viajando e minha agenda fica cheia de afazeres. Mas não demora muito para nós dois ficarmos de cara pra cima em casa, bebendo e assistindo algum filme de ação. Sempre soubemos nos dar muito bem. 

— Bem, qualquer coisa é só me ligar — é o que ele me diz, assim que o motorista para o carro numa esquina de uma lanchonete barata. — Espero que faça uma boa viagem. 

— Acho que posso conseguir um pouco de inspiração, sabia? Por mais que eu seja voltado a artes plásticas, é de desejo meu lançar um livro de poesia em algum ano que suceder a este. Creio que posso encontrar muitas coisas na estrada que venham me encher de motivação para tal. 

— Espero que consiga — ele vira-se para mim e sorri. — O motorista chega daqui a pouco. Te mandei uma mensagem com as informações da placa, para que você não se perca. 

— Obrigado, Jaehyun — solto um suspiro. — Vou chegar lá em cima da hora, né? 

— Eu contratei alguém decente e rápido para você, não se preocupe. Mas espero que vocês não se atrasem, porque Pequim não é tão pertinho, e pode ser que você chegue atrasado no hotel, não possa se preparar e, dependendo até do tempo, é provável que perca a palestra. Seria uma pena, já que muitos universitários estão contando com sua presença.

— Hum, entendo... — eu destravo o cinto de segurança. — Obrigado por tudo. Está tudo certinho na minha bolsa, né? 

— Sim, tudo certo — ele acena para mim. 

— Tá bom, tchau. Manda um beijo para a sua mãe. — abro a porta do carro e desço do veículo com certa pressa. — Diz para ela que assim que eu puder, vou levar um pouco de kimchi, embora o dela seja quinhentas vezes melhor. 

— Pode deixar, Taeyong! — Jaehyun manda tchauzinho pela janela assim que bato a porta. 

Eu me afasto do carro e vislumbro o momento em que ele acelera e vai embora. Fico olhando como o sol bate na lataria e reflete um brilho afiado. Essa imagem fica na minha cabeça até mesmo quando o carro some. Bem, é aqui que minha jornada começa. 

CRAZY TAXI (BY MISTAKE) ✘ tae.tenOnde histórias criam vida. Descubra agora