— Gostou? — quero saber, procurando em seu rosto qualquer sinal de que tenha gostado. Na verdade, tem uma careta estampada em seu rosto.
— Não — ele põe o copo sobre a mesa. — Você pediu e vai beber.
— Eu não gostei, mas não quero jogar no lixo — olho o copo dessa bebida cujo nome eu esqueci, mas acho envolve fruta e leite. — Você não quer mesmo?
— Você pediu e vai beber — reforça. Eu reviro os olhos. — Nem adianta me olhar assim. Eu te disse para pedir algo que você já conhecia e que gosta.
— Eu quis experimentar algo novo. Ultimamente tenho experimentado coisas novas. Tipo sair com um babaca sem noção que se acha o dono da verdade e tem um carro que eu não sei como ainda está de pé.
— Ai, eu só não te dou uma resposta a altura, Taeyong, porque não quero tirar minha good vibe — ele estica as pernas sobre a mesa do restaurante e se recosta na cadeira. Quase rio com essa sua dramatização de relaxado que não quer estresse.
— Good vibe? — repito, irônico. — Não vejo nada de good na sua vibe. Stress vibe? Sim, com certeza.
— Nossa, como você é infantil. Sinceramente, Taeyong, eu só estou aqui agora pelo dinheiro, caso contrário eu já teria largado você no meio da rua e ido embora.
— Faça isso agora — pego meu hashi e me sirvo com um nikuman. Com a boca cheia, complemento: — Então por que fica me beijando toda hora, se só quer o dinheiro?
— O golpe do baú, anjinho.
Me engasgo e acabo tossindo, ainda mais porque ele disse isso passando a mão pelas minhas costas. Sim, eu me engasguei porque um cara me chamou de "anjinho" num momento em que eu não estava preparado.
— Yah, Ten! Coma aqui e vê se procura algo para fazer — com meu hashi, pego outro bolinho para Ten e levo até sua boca. Ele sorri antes de morder metade.
Ponho a mão embaixo do bolinho para que o recheio, caso caia, não suje o chão do restaurante nem nossas roupas. Aguardo Ten mastigar enquanto também mastigo. Depois, ele abocanha a última parte do bolinho, e acabo afastando o hashi. Mesmo comendo, ele acaricia minhas costas, sua mão subindo e descendo repetidas vezes.
— Mas e como vai ser? — pergunto assim do nada, virando o rosto para o dele.
— O quê?
— Você vai ou não à minha casa?
— Cacete, Taeyong, você não para de me pedir isso. Tá, tá, eu vou — revira os olhos dramaticamente e até mesmo afasta a mão das minhas costas. O que é uma pena, porque estava gostando do contato. — Só pra você me deixar em paz.
— Se for assim, eu não quero.
— Então não vou.
— Não vai mesmo?
— Eu vou, porra.
— Pois bem — ergo o nariz e conserto a postura. Ten apenas me observa em silêncio.
— Inacreditável… — resmunga baixinho. — Vai beber o suco não?
— Não — abano a cabeça.
Ten solta um pigarro e um xingamento em tailandês bem baixinho, mas pude escutar. Pego um mais um bolinho para comer e é nesse momento que Ten agarra o suco de novo e puxa para si. Eu só fico observando com a boca cheia.
— Tudo eu, tudo eu… eu faço tudo… — reclama ainda, antes de virar o conteúdo do copo todo goela abaixo. O cara é um monstro.
— Hm… — tento mastigar o máximo que posso para liberar espaço pra falar. Toco seu braço, chamando sua atenção. — Obrigado!
Ele revira os olhos e fica de cara feia. Aperto sua bochecha e quase no mesmo instante ele sorri. Ele é bem bobinho quando quer e nem parece, porque vive sério e com cara de pessoa fechada, fria, sem coração. Mas é bobinho por dentro.
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CRAZY TAXI (BY MISTAKE) ✘ tae.ten
Fanfiction« se ten era um dos piores taxistas do país, por que é que alguém de tão boa índole como taeyong estaria dentro daquela lata-velha? » taeyong tinha apenas um compromisso naquele fim de semana: um evento acadêmico que o trouxera àquelas bandas descon...