« se ten era um dos piores taxistas do país, por que é que alguém de tão boa índole como taeyong estaria dentro daquela lata-velha? »
taeyong tinha apenas um compromisso naquele fim de semana: um evento acadêmico que o trouxera àquelas bandas descon...
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Sniff. Sniff. Tap. Tap. Tap. Esse é o som das fungadas de Ten misturadas com as batidinhas que ele dá de vez em quando no espaço livre da cadeira que está sentado. Ele está olhando para mim. E eu estou sentado, encostado na parede, abraçando meus próprios joelhos que estão dobrados. Estamos apenas nos encarando.
Seu rosto até se parece um pouco com o meu. Ele está com o olho roxo. Recebeu um soco e mal sabe brigar. Quer dizer, se ele brigasse daquele jeito comigo, eu com certeza iria apanhar feio. Mas ele brigou com alguém mais forte e mais experiente que ele. Era de se esperar que ele acabaria meio quebrado. O motivo? Ah, claro, eu. Assim que descobriu que tinham batido em mim, Ten deu um empurrão no cara que disse que me deu um aviso. Eles dois saíram na porrada e no início todos ficaram tão chocados que nem fizeram nada. Mas eu vi tudo. Depois de apanhar, veio mancando me ver, mas eu me afastei o máximo que pude. Agora estamos aqui.
— Aqui está — a voz de Jaehyun interrompe o silêncio. Ele entra e vem de mansinho trazer a tigela com lámen para mim.— Coma tudo.
— Se eu não comer tudo, provavelmente vou morrer de fome — seguro a tigela com ambas mãos, que ainda estão sujas. Há uma mistura pouco interessante de poeira, teia de aranha e sangue nas minhas mãos. — Eu quero remédio. Quero uma pomada. Quero tomar banho. Não quero comer só uma vez por dia. Se vão me sequestrar, as coisas devem ser do meu jeito.
Jaehyun abre a boca para responder, mas uma risada alta o faz parar no mesmo seguinte e se virar para o emissor, no caso, o Ten. Sim, isso mesmo. Ele está rindo. Abana as mãos quando olhamos para ele, querendo dizer para não nos importarmos com ele ali. Eu não entendo. Sua risada parece falsa. Ele não ria assim comigo no carro. Talvez esteja fingindo.
— Tá, eu vou arranjar remédio e pomada para você — Jung me dá um par de hashi. Eu ponho no meu colo, após esticar as pernas. A tigela está muito quente.
— Me arranja uma mesa — falo.
— Hm?
— Uma mesa. Preciso de uma mesa.
— Vou ver o que posso fazer — afasta-se e sai da sala.
Eu ponho a tigela sobre meu colo também, preferindo a quentura contra o tecido da calça do que nas mãos. Eu apenas uso os dedos para apoia-la. Enquanto isso, Ten está acalmando-se da risada.
— Você… — ele começa a falar.
— Não fale comigo.
— Por que você fala com Jaehyun, mas não quer falar comigo? — ele questiona.
Levanto o olhar para ele e percebo que ele está meio sem graça agora, hesitante, e olhando para os dois caras que estão nos fazendo companhia aqui dentro. Eu não respondo a sua pergunta.
— Ei, isso soou interessante — vai falando ainda, como se não estivéssemos numa briga silenciosa desde o momento em que me sequestraram. — Você se lembra de quando você se revoltou e decidiu ir sozinho? E então eu surgi e te disse que iria te levar. Você disse que tudo bem, mas com uma condição: que tudo fosse do seu jeito.
