« se ten era um dos piores taxistas do país, por que é que alguém de tão boa índole como taeyong estaria dentro daquela lata-velha? »
taeyong tinha apenas um compromisso naquele fim de semana: um evento acadêmico que o trouxera àquelas bandas descon...
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— Você colocou muito sal na batata — Ten comenta, mastigando ao fazer uma careta.
— Eu não coloquei sal — chupo as pontas dos dedos.
— Hm? — como está com a boca cheia, porque enfiou mais batata na boca, olha-me com as bochechas muito fofas.
Há algumas horas, nós decidimos sentar um pouco e comer. Nosso dia foi corrido e cheio. Nós tivemos o encontro no aquário, depois fomos comer num restaurante chinês. Comprei mochi para comermos durante a viagem e ficamos escutando música pop (SIM, o Ten me deixou tomar conta do rádio, eu quase chorei). Agora, após o crepúsculo, me deu fome e passamos num drive thru de fast food para comer.
— Foi a atendente que colocou — explico baixinho, olhando o horizonte escuro da estrada.
Eu gosto de quando estamos fora de um ambiente urbano, após dirigirmos bastante. Não sei, o silêncio e a paz que sinto quando estamos no meio do nada são inspiradores.
— Você pediu para ela colocar. Eu ouvi você dizer que colocasse a mais, porque normalmente não te satisfaz.
— Mas a culpa não foi minha — dou de ombros.
— Idiota — Ten me dá uma cotovelada de leve.
— Ei, vamos sentar no capô! — abro a porta do passageiro e pego o saco com as batatas e o resto da comida.
Por incrível que pareça, Ten me segue em silêncio. Percebo que hoje não brigamos muito. Quer dizer, houveram discussões (como não?). Mas… em nenhuma delas houve de fato um confronto entre nós dois, dignos dos primeiros dias. Acho que estamos mais light, mais pacíficos. Ou talvez queremos tanto beijar a boca um do outro que relevamos todas as vezes que somos irritantes. Tipo o Ten agora. Ele soltou um arroto de refrigerante que me faz querer chorar de raiva.
— Credo! Como você é nojento! — faço uma careta.
Jogo meu corpo sobre o capô do carro e deslizo rapidamente. É meio desconfortável, mas tento encostar mais no para-brisa e consertar a postura. Jurava que Ten iria reclamar, mas ele está fazendo exatamente a mesma coisa que eu.
— Yah, Ten! Não come a batata toda! — exclamo, uma vez que ele enfiou a mão na caixinha para pegar mais. — Sério, você come demais. Daqui a pouco vai virar aqueles caminhoneiros barrigudos que não fazem atividade física e só vivem sentados no carro.
— Você acabou de ser gordofóbico — mesmo de boca cheia, ele diz.
— Shh — ergo o indicador e aproximo dos seus lábios. — Você é lindo pra cacete quando tá calado.
— Então você fala merda e o errado sou eu? — tenta morder meu dedo, mas eu afasto. Fico surpreso por não ter comentado sobre a parte boa que falei. Flertei real.
— Tá bom, desculpa, então… — seguro o seu rosto e pego um guardanapo para limpar duas partes em específico do seu lábio superior. Não sei como, mas ele deixou marcado de refrigerante de uva.
