17- Estranhamente atraente

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Finalmente um almoço decente!

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Finalmente um almoço decente!

Já estou cansado de comer esses lanchinhos industrializados. Sendo assim, quase infarto de emoção ao ver-nos estacionando próximo a um restaurante de verdade — e não lojinhas de conveniência careta de posto de gasolina. Estou tão emocionado que praticamente corro para a entrada, tanto que Ten fica pedindo para eu esperá-lo.

Entramos juntos, porque de fato espero. Somos levados a uma mesa perto do vidro, e fico feliz, porque gosto de ver a rua. Por sorte, o reclamão não fala nada. E se ele falar, eu vou discutir de verdade, porque ele não me deixa fazer nada que quero. O mínimo que poderia era me levar a um lugar decente para comer.

Já estamos nos comunicando em mandarim e eu nem tinha percebido que fomos tão rápidos assim.  Eu dormi a maior parte do percurso, mas também acredito que não tenha demorado tanto. Agora estamos em Guizhou e eu estou morto de fome! Primeiro que estou a base apenas de café da manhã e segundo porque EU ESTOU A BASE DE CAFÉ DA MANHÃ e já estamos no final da tarde. Final da tarde. Tudo isso porque eu praticamente morri no banco de carona o dia inteiro. Isso que dá dormir tarde e acordar cedo.

— O que você vai querer? — Ten me pergunta, dando uma olhada no menu.

— Você escolhe. Eu pago.

Ele afasta o menu do rosto e me olha com apenas uma sobrancelha erguida.

— Um bicho te picou hoje?

— Ora… — encolho os ombros. — Eu não quero que você coma algo que não queira.

— Sobre você pagar…

— É pra não aumentar minha dívida com você — eu sorrio.

Incrivelmente, ele retribui meio sem jeito.

— Eu tenho bastante interesse no seu dinheiro.

— Tenho medo de você me matar e fugir com meu cartão de crédito.

Ten solta uma gargalhada tão linda…

— Antes disso, claro, eu te torturaria até você me dizer a senha.

Eu finjo que vou dar um tapa no seu braço, mesmo assim ele afasta e fica olhando para mim com o rosto sorridente.

— Você não presta.

— Mas você, Taeyongie, é um anjinho por estar bancando nossa refeição! — de repente, segura minha mão com ternura e eu congelo. Sua voz está suave e carinhosa, como se estivesse falando com uma criança ou alguém que ama muito. — Sou muito grato!

— O que está fazendo? — afasto um pouco minha mão. Ok, estou envergonhado.

— Agradecendo ao meu anjinho pela bondade! — se estica mais e, com as duas mãos, segura a minha mão direita. Sinto o gelinho dos seus anéis contra minha pele e fico sem saber o que fazer.

Com certeza é uma brincadeira, mas por que não consigo levar na esportiva?

— É, pois é…

— Muuito obrigado! Agora me responde algo?

— Hm.

Ele aperta mais as mãos nas minhas, então começa a fazer um carinho. Eu fico olhando nossas mãos juntas, por um momento fico tentado a virar minha palma para cima e capturar a sua.

— É de débito?

Quê?

— C-como assim? — levanto o olhar para o seu.

Ele está deslizando os dedos pela minha mão e eu não sei se está começando a suar, mas tem grandes chances de estar. Eu estou nervoso.

— Seu cartão. Seu cartão também é de débito?

Ah, ele está falando disso…

— É, sim… — eu engulo em seco.

— Oh, que amor você é! — ele se chacoalha de uma maneira dramática e eu abro um sorriso meio nervoso, porque tudo isso é apenas atuação. — Foi muito bom te conhecer. Quando estiver dormindo, infelizmente vou fazer algo contigo. Mas não vai nem doer. Prometo!

Eu rio um pouco e concordo com a cabeça. Ten fica olhando meu rosto, quieto, querendo me ler neste momento.

— Desculpa — seu rosto se torna sério repentinamente e afasta a mão da minha. Então solta um pigarro e pega o menu de novo.

Merda, ele entendeu errado a minha cara sem graça.

— Não é isso… É que… você está bonito assim. Eu gostei da maquiagem. E também dessa roupa preta com detalhes em verde, porque combinam com seu cabelo. E também… hm… você fica bonito no crepúsculo. Eu não sabia como dizer isso, então… é isso.

Ten fica em silêncio enquanto me vê encolher os ombros. Eu engulo em seco. Pego o menu. Dou uma olhada em algumas coisas. Acho que falei demais. Mas não me culpo, não vou. Está tudo bem, fui honesto. Deve ter sido o calor do momento — talvez até literalmente, já que praticamente derreti com a sua mão na minha.

— Obrigado, então — seus dedos distraidamente esfregam o plástico protetor  do menu. — Você também está bonito. Essa cor de cabelo fica boa em você.

— Qualquer cor de cabelo fica boa em mim — respondo, pondo um sorrisinho no canto dos lábios. Não quero que fiquemos sérios e envergonhados.

— Eu não duvido disso, honestamente.

Sua resposta me surpreende. Meu rosto ganha rubor e de repente não sei o que responder.

— Hmm…Bem… obrigado, então.

Ele sorri para mim. Eu faço o mesmo.

— Não há de quê.

Assim que abro a boca pra falar sobre seu estilo, o celular de Ten toca e ele se afasta para atender. Eu respiro fundo quando ele se levanta para atender. Fico sem saber o que fazer. Acho que nunca fui assim. Sempre tive uma resposta para tudo ou pelo menos questionamentos que se encaixavam ao momento. Mas me sinto pequenino agora, não de uma maneira ruim. Eu só não consigo fazer muita coisa. Eu não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós.

Na verdade, vou ser honesto: não sei o que está rolando entre a gente. Nos odiamos? Gostamos um do outro? Estamos trocando elogios por que mesmo? Certamente eu iniciei isso, porém foi por um bem maior. Eu só não queria que ele ficasse estranho comigo por conta da brincadeirinha de segurar minha mão. Fiquei meio sem reação, acabei com tudo. Mas agora me sinto perdido. Isso precisa significar algo. Pode ser grande coisa ou não, simplesmente não ligo. Só quero uma resposta.

E o que eu estou fazendo olhando para ele distraído? Jesus, eu pareço estar obcecado!

— Sim, chegaremos em Pequim em breve… Só paramos para comer — escuto sua voz, à medida que ele se aproxima da nossa mesa. — Tá bom, tá bom… Eu vou dar notícias, relaxe. Tá bom… Tchau.

Ele encerra a chamada e põe o celular sobre a mesa.

— Desculpa. O que ia dizer antes? — vira-se para mim.

Essa calça estranhamente larga te deixa estranhamente atraente.

— Nada, eu até esqueci — sacudo a cabeça. — Ah, por favor, escolha algo para comermos.

— Hm. Tudo bem — pega o menu de novo e fica dando uma olhada.

Não sei por que, mas balanço minhas pernas de nervoso. Não sei se é ansiedade ou sei lá. Só me sinto estranho. E fico olhando para Ten como se ele fosse o culpado por isso.

CRAZY TAXI (BY MISTAKE) ✘ tae.tenOnde histórias criam vida. Descubra agora